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13/08/18

Repensar políticas para Brasil sair da crise

A Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) colocou em pauta, durante sua 12ª Jornada Rumo ao Brasil 2022, análise da conjuntura atual em tempos de eleições.

 

 

Coube a especialistas discorrerem sobre a questão durante o debate “Democracia, desenvolvimento e trabalho: o Brasil que queremos”, na tarde do dia 10 de agosto. A atividade ocorreu na sede do SEESP, na Capital.

“O Brasil parou. O desenvolvimento não é tão automático como se pensa, depende muito de instituições que o promovem, as quais foram pegas de maneira violentíssima nos últimos quatro anos”, enfatizou no ensejo Júlio Sérgio Gomes de Almeida, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e diretor executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Segundo ele, é preciso reconstruí-las. Caso por exemplo do “BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financia o investimento e está numa camisa-de-força. É necessário repensar as taxas de referência, o acesso a financiamento”. Na sua ótica, se essa for a linha adotada, “é possível que volte a operar [como banco de desenvolvimento] em um ano, mas, de forma mais natural, em dois ou três”.

Para o diretor do Iedi, é crucial retomar o investimento público para o País avançar. Ao que “tem que se rever a lei do teto (Emenda Constitucional 95, que congela gastos públicos sociais por 20 anos)”. A partir daí, Almeida acredita que possa ser possível vislumbrar “uma luzinha no fim do túnel em menos de três anos”. Vinculada a essa questão, ele indicou também a demanda por se repensar o orçamento de ciência e tecnologia, “se quisermos fazer parte da quarta revolução industrial”. Por fim, assinalou a premência de se fortalecer o mercado interno. “Não podemos deixar que esse processo, não inteiramente dizimado, acabe. É necessário defender programas sociais como instrumentos de crescimento”, frisou.

Antonio Corrêa de Lacerda, diretor da Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), enxerga como principal desafio “trazer a decisão econômica para o que interessa à nação”. Na sua concepção, hoje enfrentam-se visão meramente financeira e política na área cooptada. “A ideia de que pretensa ‘austeridade’ levaria ao resgate da chamada confiança permeia a fala dos rentistas e os discursos na grande mídia. É uma escolha equivocada”, salientou. E questionou: “Como é possível sair da crise se os elementos centrais para a tomada de decisões estão distorcidos? Tem-se alta taxa real de juros, o menor nível de investimentos públicos (30% abaixo do de 2014) e sem perspectiva de alterar esse volume enquanto não se alterar a Emenda Constitucional 95.” Para ele, as eleições se apresentam como oportunidade para mudar esse estado de coisas. “Temos que deixar bem claro: não é possível mais insistir em mais do mesmo.”

Professor do lnstituto de Economia da Unicamp e diretor do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit), Denis Maracci Gimenez concorda. De acordo com sua explanação, um novo governo comprometido com canais de mobilidade social, desenvolvimento e crescimento terá que lidar com o alto número de desempregados – 13,2 milhões, além de 4,3 milhões no desalento. A força de trabalho subutilizada alcança 26 milhões de pessoas e praticamente 35% estão no Nordeste. “A crise tem um componente regional. Da quebra de 3 milhões de empregos com a paralisação de grandes projetos entre dezembro de 2014 e dezembro de 2017, 1 milhão estão no Nordeste, onde há 9,5 milhões de ocupados”, evidenciou. Como explicou Gimenez, a regressão no trabalho levou ainda à queda de 1,5 milhão de postos na indústria e mais 1 milhão na construção civil, dos quais 500 mil somente no Nordeste. Ademais, entre os empregados a maioria recebe até R$ 1.307,00. “Assentado historicamente em baixos salários e elevada rotatividade, o mercado de trabalho está muito desorganizado e é sobre esse que se propõe reforma trabalhista como lenitivo aos problemas brasileiros, um desastre completo”, lamentou o diretor do Cesit. E acrescentou: “É mister repensar isso.”

Já Aldo Fornazieri, professor da Fundação Escola de Sociologia e Politica de São Paulo (FespSP), discorreu sobre “democracia” – que, na sua análise, não existe no Brasil para 60% a 70% de sua população. “Temos um Estado violento contra populações pobres nas periferias. O País é um dos dez mais desiguais do mundo, o quinto que mais mata mulheres e um dos que mais matam jovens. Mais de 100 milhões de pessoas vivem com um salário mínimo. Não dá para aceitar a ideia de que essas pessoas estão sob abrigo de um regime democrático.”

 

 

>>> Confira o evento na íntegra na fanpage da CNTU primeira parte e segunda parte.

 

 

 

Soraya Misleh/Comunicação CNTU

 

 

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