C, T & I para transformar os serviços públicos
O primeiro tema da tarde desta sexta-feira (13) foi “Ciência, tecnologia e inovação para a melhoria dos serviços públicos”, tratado pelo professor titular da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), Vahan Agopyan.
Ele iniciou a palestra falando que C, T & I está presente em vários aspectos do dia a dia da gestão pública, agilizando os serviços de forma a evitar filas, por exemplo. “Agendamos consultas por telefone, fazemos declaração do IR (Imposto de Renda), cadastramento de documentos, com muita facilidade. Há dez anos isso não existia, e a situação era bem pior.”
Conforme explica, há uma falta de conscientização por parte do gestor, que não percebe que aplica o conhecimento desenvolvido no Brasil em áreas sensíveis ao cidadão, como na saúde, na agricultura e na educação. No caso dessa última, mencionou as faculdades virtuais que ganham cada vez mais espaço na sociedade.
Apesar dos avanços, Agopyan apontou a necessidade de desenvolver uma política pública duradoura e um planejamento contínuo na gestão para garantir a melhoria dos serviços públicos. “O Governo investe em C, T & I, mas não utiliza os resultados. Temos incentivo e investimentos significativos em todos os estados brasileiros, porém não usufruímos. É um paradoxo.”
Outro aspecto que merece atenção é a modificação e adequação da legislação. Ele acredita que deve haver concessão nos projetos públicos, mas adverte que o Estado deve controlar as mudanças através do planejamento e cobrar os resultados para que o investimento se transforme de fato em benefício para a sociedade. “Temos muitos estudos prontos, mas precisamos transferir mais tecnologia para os serviços públicos.”
A atuação das agências de fomento também deve merecer atenção. Agopyan acredita que esses órgãos devem estar de acordo com a demanda do Estado. “Independência é fundamental, mas é preciso saber quais são as políticas públicas e financiar projetos que melhorem a vida da população, isto é, traduzir o resultado dos estudos em ações governamentais.”
Para chegar a esse resultado, será preciso também quebrar o preconceito. “Isso tanto por parte do pesquisador que acredita estar ajudando o governante e não a sociedade, quanto por parte do Governo, porque investir em C, T & I pode não resultar numa ação imediata, mas, se implantada, será consistente e efetiva. Além disso, deve haver diálogo entre as partes, para aprimorar a prestação de serviços.”
Otimista, Agopyan acredita que o Brasil fará todas as mudanças necessárias para ter mais qualidade. “Tenho certeza que vamos conseguir catequizar os nossos órgãos governamentais, esclarecer os nossos pesquisadores sobre como melhorar a nossa prestação de serviços não só com relação ao atendimento, como de uma forma geral, na educação, no transporte, na saúde.”