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04/12/19

Ernane Rosas: luta pela alimentação saudável

Ernane Silveira Rosas é um dos vencedores do Prêmio Personalidade da Tecnologia 2019, concedido pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado de S. Paulo (Seesp). Em entrevista, ele fala sobre sua trajetória.

Foto: Beatriz ArrudaFoto: Beatriz Arruda

O presidente do Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo (SindiNutri), Ernane Rosas, receberá o prêmio na categoria Agricultura e Segurança Alimentar no dia 9 de dezembro, às 19h, na sede do sindicato.

Nutricionista desde 1976, Rosas acumula uma experiência em hospitais, restaurantes e como professor nas faculdades de Medicina de Bragança Paulista e de Nutrição da Universidade de Mogi das Cruzes.

Atualmente, como presidente do Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo (SindiNutri-SP), tem estado a frente da defesa dos profissionais e por uma alimentação mais saudável a toda população.

Ernane Rosas, que também é diretor Tesoureiro da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), lembra que é preciso ampliar os investimentos governamentais na produção dos alimentos orgânicos dar melhores condições aos agricultores familiares, seja “ajudando a desenvolver novas técnicas, financiando a produção de orgânicos e também ajudando na criação de cooperativas que fortaleçam o trabalho dos pequenos agricultores”.

Para ele, com vontade política e mais consciência eleitoral, o Brasil pode se tornar o maior produtor mundial de orgânicos: “Quero ajudar a conscientizar os nutricionistas da necessidade de migrar da agricultura convencional, cheia de agrotóxicos e transgênicos, para a orgânica que significa mais saúde em todos os sentidos”, disse o nutricionista, em entrevista ao SEESP.


Leia abaixo a entrevista.

Qual a importância de receber um prêmio como o esse?

Para mim, é uma grande honra ter o meu trabalho de nutricionista sindicalista reconhecido por uma entidade da grandiosidade como o SEESP [Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo]. Venho participando de eventos que abordaram a importância dos alimentos orgânicos e assisti ao crescimento da importância da agricultura orgânica para a nossa saúde. Torço para poder ver os alimentos orgânicos sendo produzidos em todo o País e consumidos em todos os lares brasileiros, gerando uma maior segurança alimentar, algo que nós nutricionistas almejamos para todos.

Também quero ajudar a conscientizar os nutricionistas da necessidade de migrar da agricultura convencional, cheia de agrotóxicos e transgênicos, para a orgânica que significa mais saúde em todos os sentidos.

Qual avaliação você faz da atual conjuntura brasileira em relação à segurança alimentar?

Segurança alimentar tem uma estreita ligação com soberania nacional e tecnologia. Como hoje há muito desemprego, baixa remuneração para aqueles que estão trabalhando precarizados, baixa autoestima, manipulação da mídia que valoriza alimentos ultraprocessados, com baixo valor nutritivo e muitos conservantes. Segundo a OMS [Organização Mundial de Saúde], percebe-se que o nosso País está voltando a integrar o chamado Mapa da Fome. Estamos atravessando uma fase de grande insegurança alimentar e todos nós que integramos entidades sindicais devemos e podemos contribuir para minimizar este problema.

O Brasil tem liberado uma quantidade muito grande de agrotóxicos. Qual sua opinião sobre isso?

Quando vejo países da Europa proibindo agrotóxicos que estão sendo liberados para uso em nosso país; autoridades afirmando que há um grande quantidade de agrotóxicos entrando pelas nossas fronteiras como contrabando, sem nenhum tipo de punição, e que substâncias proibidas estão sendo detectadas em análises feitas pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e nada acontece ... tudo isso me entristece muito. Para corrigir, só com muito investimento em educação.

Está em andamento uma consulta pública sobre rotulagem de alimentos, para inserir triângulos de advertência sobre os valores nutricionais dos produtos. Ela terminaria no dia 7 de novembro último, mas foi prorrogada por mais 30 dias. Qual a importância dessa iniciativa?

Essa nova “roupagem” que está sendo divulgada para se colocar nos rótulos de alimentos é muito importante e necessária, porque ajuda a população leiga a identificar e não comprar aqueles alimentos que são ricos em sal, açúcar e gorduras, que são prejudiciais à saúde. Esta campanha é encabeçada pelo Idec [Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor], que possui em seu quadro uma nutricionista responsável para prestar os esclarecimentos à população, através da mídia. O nosso Sindicato apoia e faz campanhas para maior adesão da categoria.

E sobre a alimentação orgânica? Como você vê atualmente o consumo desses alimentos? Na sua opinião, o volume consumido tem aumentado significativamente?

O volume tanto da produção como do consumo aumentou, mas ainda precisa aumentar muito mais. Precisamos de maior participação do governo para apoiar nossos agricultores familiares, ajudando a desenvolver novas técnicas, financiando a produção de orgânicos e também ajudando na criação de cooperativas que fortaleçam o trabalho dos pequenos agricultores, aqueles que pertencem ao grupo da Agricultura Familiar, e que são os mais esquecidos pelos nossos governantes. Cerca de 70% do que colocamos em nossos pratos vêm da Agricultura Familiar. O Brasil pode se tornar o maior produtor mundial de orgânicos e, com isso, nos tornarmos um País rico e líder no abastecimento. Mas, para isso, precisamos de vontade política e eleitores conscientes.

O Sindicato dos Nutricionistas intensificou os cursos de formação neste ano. Essa é uma das maneiras que a entidade está encontrando para se manter, diante da nova realidade dos sindicatos, no pós reforma trabalhista?

Fazemos regularmente cursos com diversas finalidades: trazer o profissional para dentro do sindicato, aumentar o número de associados, aumentar a capacitação profissional com novos conhecimentos e também aumentar a arrecadação. Como fonte de arrecadação, os cursos dão resultado que empatam na receita-despesa. Mas também nos trazem algum resultado negativo. Mesmo assim, mantemos as atividades porque é nosso papel e uma forma de estar sempre em contato com os profissionais.

Qual a importância dos sindicatos para os profissionais?
Com as mudanças implantadas na legislação trabalhista, onde o negociado vale mais que o legislado, o trabalhador se vê obrigado a sentar com o patrão para negociar banco de horas, reajuste salarial, entre outras pautas. Tudo isso expõe muito o trabalhador, gerando insegurança quanto à manutenção do seu trabalho. Por isso, hoje, mais do que nunca, os sindicatos são imprescindíveis para todas as negociações, resguardando e protegendo o trabalhador.


Fonte: Seesp



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