Economista alerta para medidas aquém do esperado em uma pandemia
Pedro Afonso Gomes, presidente do Sindicato dos Economistas no Estado de SP (Sindeconsp), lamenta medidas adotadas para micro e pequenas empresas durante a pandemia.
Uma pesquisa feita pelo Sebrae, chamaa “O impacto da pandemia do coronavírus nos pequenos negócios”, realizada entre os dias 3 e 7 de abril, mostra que, apesar das medidas anunciadas pelo governo federal, a maioria (60%) dos donos de pequenos negócios, que buscou crédito no sistema financeiro desde o início da pandemia, teve o pedido negado.
O levantamento, que ouviu mais de seis mil empreendedores, mostra que, além da dificuldade de acesso a crédito, os pequenos negócios também enfrentam queda no faturamento. A crise gerada pela pandemia tem provocado graves prejuízos a trabalhadores e empregadores. Sem ter como se sustentar e manter a folha de pagamento, milhares de micro e pequenas empresas estão fechando as portas. É o caso da Galeria do Rock, tradicional ponto turístico e de comércio no Centro da capital paulista. No local funcionavam cerca de 450 lojas. Destas, em torno de 30 estabelecimentos fecharam definitivamente, provocando 400 demissões.
“O auxílio prometido não veio. Houve afrouxamento para os bancos. Cerca de R$ 1,2 trilhão para cobrir problemas de caixas. Esse valor deveria ser revertido numa negociação dos bancos com as micro e pequenas empresas. Mas não, isso não ocorre”, ele afirma.
Para Pedro Afonso Gomes, as regras impostas pelo governo também dificultam o acesso ao crédito: “Os bancos pedem garantias, o que atrapalha a obtenção dos empréstimos. Com a falta de acesso, essas empresas perderam as condições de honrar os salários e compromissos financeiros”.
O dirigente lembra que essa parcela do empresariado é responsável por grande parte dos empregos gerados no País.
Quanto ao faturamento, ele defende o fortalecimento do comércio local e periférico. “É uma forma de fomentar a economia local e evitar grandes aglomerações ou deslocamentos, por exemplo no transporte público, de funcionários ou consumidores”, observa.
Luiz Fernando Azzoni Farignoli é gestor econômico e financeiro de uma pequena empresa familiar metalúrgica, em recuperação judicial. No passado ela empregou 300. Hoje tem 70 funcionários. Ele conta: “Vínhamos num processo de retomada, mas diante da nova crise não sei como vai ficar”.
Farignoli critica a postura do governo. “Uma coisa é o discurso pragmático. Outra é a realidade. Ouvimos do próprio ministro Paulo Guedes que o governo não vai dar dinheiro pra quem está quebrado. Então, como vão socorrer essas empresas? Não vão. Porque o banco não empresta dinheiro pra quem precisa”, lamenta.
Para Luiz Fernando, falta vontade do governo e conhecimento da realidade. Ele diz: “O crédito ainda não chega na ponta e o capital de giro dos proprietários já se esgotou. É preciso liquidez pra que essas empresas consigam honrar compromissos, manter postos de trabalho e salários, distribuindo renda e fazendo a economia girar. Mas o Estado não está cumprindo seu papel”.
Fonte: Agência Sindical