A construção do Maracanã
João Guilherme Vargas Netto, consultor sindicalAgora que as centrais sindicais começam a se interessar pela realização, com êxito, da Copa do Mundo e deveriam ser convidadas para verificar o bom andamento dos trabalhos, reproduzo trechos de um artigo meu.
Coma interrupção causada pela II Guerra Mundial e a devastação naEuropa, o Brasil ofereceu-se para sediar a primeira Copa pós-bélica.Confirmado o evento, tratou-se com urgência, já que estávamos amenos de três anos dos jogos, de realizar as obras de infraestruturae preparar o país com a construção, na então capital do Brasil,de um estádio monumental.
Depoisde muitas discussões sobre sua localização e projeto, escolheu-seo terreno “vazio” do antigo Derby Club (de propriedade daprefeitura do Rio de Janeiro) e aprovou-se a planta em falsa elipse,que ficou famosa. A construção em si, com o mutirão detrabalhadores migrantes, foi uma epopeia envolvendo arquitetos,engenheiros e grandes construtoras. Consumiram-se 500 mil sacos decimento, 10 mil toneladas de ferro, utilizaram-se 40 mil caminhões,oito milhões de horas de trabalho e foram retirados 40 milhões dem³ de terra escavada.
Mais peso tiveram os embates políticos. A direita,comandada pela União Democrática Nacional (UDN) de Carlos Lacerdaopõe-se ferozmente à construção com argumentos muito parecidosaos que se esgrimem atualmente: incapacidade de realização,ocorrência de corrupção, inutilidade das obras e da Copa para umpovo que queria pão e não circo. Mas a vontade dos cariocas, doprefeito e dos vereadores e a capacidade dos engenheiros e dostrabalhadores foram vitoriosas. O Maracanã foi inaugurado em 16 dejunho de 1950, oito dias antes da abertura do evento.
Afavor da construção destacaram-se o jornalista Mário Filho, doJornal dos Sports (que foi homenageado com o nome oficial do estádio)e o compositor Ary Barroso, flamenguista doente e também vereador daUDN.
Maso papel principal desempenhado na luta para vencer as resistências,a desinformação e a histeria coube à forte bancada dos vereadoresdo Partido Comunista (entre eles, o já famoso humorista AparícioTorelly, o Barão de Itararé), que conseguiram a aprovação daCâmara Municipal e enfrentaram a radicalização anticomunista dadireita no clima de Guerra Fria que começava. Aliás, esse vícioanticomunista é o único que não tem aparecido entre os críticosatuais das obras para a Copa de 2014.
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