Juventude Farmacêutica
Dalmare Anderson Bezerra de Oliveira SáDiretor da Fenafar, Dalmare Anderson Bezerra de Oliveira Sá traça os vários perfis do jovem farmacêutico que está sendo formado pelas universidades brasileiras.
Nos últimos 10 anos tivemos um aumento significativo de escolas de farmácia no Brasil, passamos de 90 escolas em 1998 para cerca de 417 em 2013, um crescimento de 363%. Levando em conta o tempo médio de formação adequada do farmacêutico de 5 anos e a média de idade de entrada nos cursos de 19 anos, os profissionais formados pelas escolas abertas em 98, adentraram no mercado de trabalho em meados de 2003 com 23 anos, ou seja, a mão-de-obra farmacêutica atual é composta em sua maioria por jovens com menos de 10 anos de formado. Quais são os caminhos traçados por estes profissionais? O que eles esperam de suas carreiras?
Acompanho de perto uma infinidade de jovens farmacêuticos, suas angústias e desejos e posso traçar facilmente alguns perfis mais comuns:
Acadêmico: O jovem farmacêutico que teve contato em sua formação com iniciação científica ou projetos de pesquisa pode se interessar em seguir esta carreira. Nos últimos anos tivemos aumento da oferta de vagas em Mestrados e Doutorados relacionados as nossas áreas de formação, o que muitas vezes faz os farmacêuticos seguirem direto este caminho sem passarem por uma vivência prática da profissão o que pode prejudicar seu diálogo com os seus futuros alunos, já que o mesmo não irá apenas ser pesquisador, mas também professor e deverá pensar a extensão universitária.
Estes profissionais entram tardiamente no mercado, geralmente, após os 27 anos e lecionam em Instituições de ensino superior particulares incialmente, mas se dedicam aos concursos em IES públicas para seguirem carreira. Enquanto mestrandos e doutorandos se mantém geralmente com a bolsa oferecida e são impedidos de trabalhar para aumentar sua renda, é um grupo com clara necessidade de debate de seus direitos. A FENAFAR faz este debate atualmente intersetorialmente com a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).
Industrial/Magistral: Uma das áreas que mais vai crescer no país nos próximos anos, é um grande atrativo principalmente para profissionais das regiões Sul e Sudeste, devido a grande disponibilidade de estágios na área. Oferece remuneração satisfatória para a maioria dos profissionais e tem seu ingresso geralmente por meio de estágios e trainee. O trainee é um profissional em treinamento por um período determinado, geralmente ganha a baixo do mercado, mas tem esperança de ficar na empresa, mas esta garantia não é lhe dada em momento algum. O uso de um profissional formado como mão-de-obra barata deve ser melhor debatido e regulado junto ao governo e com o crescimento da indústria de química fina e farmacêutica do país, deve ser um dos focos da FENAFAR.
Assistência Farmacêutica: Primeiro caminho da maioria dos jovens farmacêuticos, que se dedicam a drogarias, distribuidoras e transportadoras. O farmacêutico pode gerenciar e cuidar diretamente da saúde da população dentro da drogaria ou auxiliar o ciclo logístico e de regularização das empresas nos outros ramos. Os diferentes tipos de empreendimentos oferecem remuneração e possibilidade de crescimento diferenciado. É o setor que emprega a maior parte dos farmacêuticos do Brasil, sendo um dos grandes focos das lutas sindicais de uma maneira direta.
Clínico: A carreira de farmacêutico ligado a clínica esta atualmente em evidência e alta. O profissional que quer se dedicar a esta deve buscar preferencialmente uma residência multiprofissional em saúde. Este profissional, pode ter como emprego: hospitais, clínicas particulares, unidades de atenção básica, ou mesmo, em nível ambulatorial e especializado de saúde. É uma área a ser desbravada e firmada dentro do Sistema Único de Saúde e do setor privado.
A formação padrão ouro para o mesmo, segundo o Ministério da Saúde, as residências oferece uma remuneração de R$ 2976,00 em regime de dedicação exclusiva. As residências são um misto de trabalhador e estudante, contudo, por não possuir uma definição clara de onde esta o profissional residente, nem todos os direitos de estudantes e trabalhadores são garantidos aos mesmos. A FENAFAR apoia as ações do Fórum Nacional de Residentes em Saúde e da ANPG quanto ao tema.
Funcionário Público: Uma parcela dos farmacêuticos se dedica a ser "concurseiros", estes almejam a carreira pública muitas vezes não focada na profissão e sim na remuneração, contudo, nos últimos anos temos visto um crescimente significativo de concursos com boas remunerações para o cargo de farmacêutico (direta ou indiretamente). Os concursos abragem as mais diversas áreas, tais como: gestão do SUS, períto, farmacêuticos de instituições hospitalares, etc.
Possuem seus direitos por meio de estatudos dos servidores, em sua maioria, os demais são regidos pela CLT (ENSERH e fundações), a negociação para esta parcela da juventude é muitas vezes dificultada pela gestão ou falta de vontade política. Os cargos que oferecem concursos para Celetistas (regidos pela CLT) podem causar enfraquecimento das lutas sindicais dentro das instituições públicas. Quase todos os farmacêuticos querem uma vaga em concurso público, de todas as áreas e profissões, a estabilidade é o "Sonho Brasileiro" para quase todos os jovens.
O mercado farmacêutico brasileiro é promissor para os jovens recém formados, porém, para que ele seja louvável será necessária muito empenho e luta de todos os profissionais e entidades, para que possamos dar condições dignas de renda e vida aos novos farmacêuticos.
*Dalmare Anderson Bezerra de Oliveira Sá é farmacêutico, Diretor Suplente da Fenafar, membro do Fórum Nacional de Residentes, membro da comissão pró-APG da Universidade Federal de Sergipe, residente multiprofissional em saúde mental UFS08042014-121527-damare
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