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19/06/15

Menos juros, mais desenvolvimento

Murilo Pinheiro

Entre as lutas daqueles que defendem que seja feito esforço para que o Brasil não entre numa recessão grave, da qual será difícil achar a porta de saída, está o combate ao aumento dos juros no Brasil. Isso prejudica o crédito, o consumo e a produção e, portanto, pode trazer o pior de todos os males, que é o incremento do desemprego. No entanto, lamentavelmente, após um movimento virtuoso de redução, o governo voltou a promover a elevação da taxa Selic. Na sua reunião de 3 de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) cravou nada menos que 13,75% ao ano, ignorando solenemente a manifestação promovida na véspera pelo movimento sindical na Avenida Paulista, em São Paulo.

Essa taxa de juros exorbitante deveria funcionar para impedir o aumento da inflação, conforme a justificativa oficial emitida pelo Banco Central. Todavia, como vimos observando, o remédio não tem sido eficaz para tratar a doença, tendo em vista que o custo de vida continua subindo, e só beneficia o rentismo, em detrimento do desenvolvimento socioeconômico e mesmo do esforço de ajuste fiscal pretendido pelo governo.

Em artigo publicado no Estadão, no dia 6 último, o economista Antonio Corrêa de Lacerda – também consultor do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), filiada à CNTU – aponta essa incoerência, tendo em vista o aumento de gastos com a dívida pública. Em 2014, indica ele, foram R$ 311 bilhões, o que corresponde a 6,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Neste ano, saltaremos para R$ 400 bilhões. Como conclui o professor, “todo o esforço fiscal a ser obtido no âmbito das contas públicas primárias, com aumento de impostos e corte de gastos e investimentos, será insuficiente para arcar com o acréscimo do pagamento de juros”.

O equívoco dessa lógica também foi apontado, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, em 2 de junho, pelo empresário Benjamin Steinbruch: “(...) Tenho apenas a lamentar que uma terapia seguidamente ineficaz, ou que faz efeito bastante limitado, continue sendo aplicada como se fosse um elixir da juventude. Observe-se que os efeitos colaterais dessa terapia são enormes. Ela derrubou o PIB de uma taxa anualizada de quase 3% em meados de 2013 para -1,6% no trimestre passado.”

Diante desse debate, a questão que fica é por qual razão o governo insiste em colocar em prática medidas que não só têm se mostrado inadequadas nesse período recente, mas que já foram testadas no passado e reprovadas. O naufrágio dos anos 1990 deveu-se, entre outros pontos, à opção por esse tipo de receita conservadora. Por outro lado, a retomada do crescimento aconteceu exatamente quando o Brasil passou a estimular o investimento e o crédito.

Defensor do diálogo social, como tão bem foi demonstrado pela delegação brasileira participante da 104ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), realizada em Genebra, Suíça, entre 1º e 13 de junho, o governo precisa começar a dar ouvidos nessa questão às vozes que defendem o interesse da maioria da população do Brasil, especialmente às dos trabalhadores. E esse clamor afirma, sem qualquer dúvida: menos juros, mais desenvolvimento.


Murilo Pinheiro é presidente da CNTU



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