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21/08/15

Do moralismo justiceiro ao medo da realidade

Antônio Augusto de Queiroz

Com o esgotamento do ciclo moralista, que tende a perder consistência e se encerrar com as denúncias dos parlamentares envolvidos na Lava Jato, virá o choque de realidade: as pessoas, o mercado e o Parlamento vão perceber o quanto é grave a crise econômica que as denúncias contribuíram para esconder.

As manifestações de associações empresariais, de banqueiros e de intelectuais, além da mudança de linha editorial de importantes veículos de comunicação, já sinalizam mais para salvar a economia do que impedir a presidente ou incentivar o moralismo justiceiro.

Que sejam punidos exemplarmente os agentes públicos, as pessoas físicas e jurídicas culpadas, e que, principalmente, sejam tampados ou lacrados todos os ralos que permitiram roubos de recursos públicos, mas sem inviabilizar a economia do País.

A crise econômica, encoberta pela crise política e pelo moralismo justiceiro, ficou em segundo plano na percepção dos brasileiros, porque o foco da imprensa foi o escândalo político.

Com o esgotamento do ciclo moralista, que tende a perder consistência e se encerrar com as denúncias dos parlamentares envolvidos na Lava Jato, virá o choque de realidade: as pessoas, o mercado e o Parlamento vão perceber o quanto é grave a crise econômica que as denúncias contribuíram para esconder.

No caso das pessoas ficará evidente que a cultura do escândalo e da desqualificação dos agentes públicos contribuiu para agravar a insegurança dos agentes econômicos, resultando em estagnação da economia e na ampliação do desemprego.

Para as pessoas, nesse cenário de maior evidência da gravidade da crise econômica, sai de cena o moralismo justiceiro e entra o medo, especialmente de perda do emprego e da renda.

No caso do Parlamento, igualmente, ficará evidente que a crise política contaminou a economia e quem mais contribuiu para esse clima de acerto de contas na luta política, cumprindo um papel que seria da oposição, estará entre os principais envolvidos na denúncia no âmbito da Lava Jato.

Registre-se que o Congresso, por força da crise de relação entre os poderes, perdeu completamente a coerência e a racionalidade. Houve situações em que, por ressentimento ou oportunismo, liberais de oposição votaram contra teses que defenderam historicamente e os parlamentares da base negaram apoio ao governo, numa completa inversão de valores.

Para o mercado, que bancou as campanhas contra o governo na mídia para acusá-lo de corrupto, ficará evidente que acuar instituições como a Petrobras, o BNDES e os Fundos de Pensão, que são molas propulsoras da atividade econômica, exclusivamente por razões políticas, tem seu preço: a estagnação, com a consequente redução de lucro ou até falência.

Enquanto o País só discute Lava Jato, impeachment e crise política, o trem está descarrilhando na economia. O desemprego aumenta, a União perde receita e continua com as mesmas despesas, os Estados começam a atrasar salários e as pessoas continuam preocupadas apenas com a luta política.

É claro que todos – sociedade, governo e mercado – desejam o fim da corrupção, mas em nome desse combate não se pode parar o País. Com bem diz o jornalista Luciano Martins Costa (2005) "um escândalo de grandes proporções revela as imperfeições do nosso sistema de representação política e ao mesmo tempo esconde as deficiências estruturais da nossa República".

As manifestações de associações empresariais, de banqueiros e de intelectuais, além da mudança de linha editorial de importantes veículos de comunicação, já sinalizam mais para salvar a economia do que impedir a presidente ou incentivar o moralismo justiceiro. Que sejam punidos exemplarmente os agentes públicos, as pessoas físicas e jurídicas culpadas, e que, principalmente, sejam tampados ou lacrados todos os ralos que permitiram roubos de recursos públicos, mas sem inviabilizar a economia do País.

(*) Jornalista, analista político e diretor de Documentação do Diap e integrante do Conselho Consultivo da CNTU



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