Um rumo para a indústria nacional
Alternativa a ser considerada neste momento é reversão de parques fabris ociosos à produção de equipamentos hospitalares.
A indústria brasileira, absolutamente essencial e estratégica ao desenvolvimento, enfrenta séria crise e encolhimento precoce há alguns anos. Um ensaio de mínima retomada foi registrado em 2017 (2,5%) e 2018 (1%), mas 2019 fechou novamente em queda de 1,1%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, bastante distante de recuperar as perdas registradas a partir do início da crise, em 2014, que somam queda na produção de 14,8%.
Quando começou a observar esse declínio, a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) lançou a edição “Novos desafios” do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, que apontava a urgência em se avançar na industrialização do País, com inovação e ganhos de produtividade. Os caminhos indicados incluíam a necessidade de medidas corretas na área econômica e política de Estado voltada ao setor, que, por exemplo, promovesse o adensamento de cadeias produtivas promissoras.
Mergulhado em constante crise política e institucional, o País lamentavelmente seguiu caminho diverso e não foi capaz de superar as dificuldades econômicas. Se a perspectiva de recuperação não era animadora no início deste ano, com a paralisação gerada pela pandemia do novo coronavírus, a situação tende a se complicar de maneira drástica. Portanto, é ainda mais imperativo que busquemos saídas corretas, corajosas e pertinentes à realidade que vivemos.
Uma alternativa colocada é a reversão industrial, que pode, a um só tempo, colocar em atividade parques fabris ociosos e colaborar decisivamente com o suprimento de bens essenciais neste momento. Nota técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), publicada neste mês, aborda a questão: “Esse processo consiste na rápida transformação de plantas industriais dotadas de relativa flexibilidade produtiva e que estejam operando com baixa utilização da capacidade instalada, transformando-as em unidades produtivas adaptadas emergencialmente para a produção de bens ou equipamentos de primeira necessidade temporariamente escassos. Assim, e considerando o momento atual, parte da indústria brasileira pode e deve ser rapidamente adaptada, visando produzir produtos, insumos, componentes, materiais de reposição, bens consumíveis e equipamentos médico-hospitalares destinados a salvar milhares de vidas.”
A iniciativa, conforme o estudo, pode não só suprir as demandas hoje vitais, mas também “contribuir para a manutenção de empregos e para mitigar a queda abrupta da atividade econômica, mantendo a demanda efetiva, tanto no presente, quanto em futuro próximo.”
Obviamente, como também enfatiza a publicação, para que uma empreitada como essa possa ser levada a cabo de forma bem-sucedida é indispensável o papel do Estado e do conjunto da sociedade: “O combate à crise exige esforço de ‘guerra’ e não pode prescindir de planejamento, coordenação e articulação dos atores governamentais nas esferas da União, estados e municípios, assim como da comunidade científica, do setor produtivo e das entidades sindicais representativas dos trabalhadores.”
Eis um rumo assertivo a ser tomado pela indústria nacional, hoje em situação de grande dificuldade. Tal esforço viria também em direção ao valoroso empenho da engenharia no desenvolvimento de equipamentos médicos, como respiradores, de baixo custo, mas que carecem de produção em escala para chegarem efetivamente à população.
* Eng. Murilo Pinheiro
Presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e da CNTU
Viva o Sistema Único de Saúde (SUS)
No domingo (17/5), o Sistema Único de Saúde (SUS), nascido com a Constituição Cidadã de 1988, completou 32 anos. Regido pelos princípios da universalidade, integralidade e equidade, é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo.
Se havia qualquer dúvida quanto à sua importância para o País, a pandemia do novo coronavírus veio para demonstrar o acerto da sociedade brasileira em erigir um sistema que garanta atendimento a todos, sem discriminação. Lição também evidente que fica desta situação é a necessidade premente de ampliar fortemente a destinação de recursos à saúde pública para que essa ferramenta magnifica de que dispomos possa cumprir seu papel de verdade.
Subfinanciado, o SUS é insuficiente para dar conta das demandas da população brasileira. É preciso reverter o processo de sucateamento do sistema – o que tem ocorrido pelos cortes orçamentários e pela má gestão dos recursos disponíveis – e agir para aprimorá-lo e transformá-lo em modelo de assistência à saúde.
Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU)
Artigo - A cada dia sua aflição
Com os brasileiros assolados pela tragédia do coronavírus quase não se pode falar do que não seja uma nova preocupação, preocupação até mesmo com os amigos doentes.
Cada uma delas aparece e todas vão se sucedendo em um cortejo de medo, dúvidas, dificuldades e tarefas. Também para o movimento sindical.
Aqui em São Paulo trata-se de reforçar o apelo ao distanciamento social, criticar o megarrodízio proposto pela prefeitura (sem cair no relaxamento dos irresponsáveis) e exigir a paralisação total das atividades (o chamado lockdown).
Foi o que fizeram as centrais sindicais em nota coletiva em que pedem ao prefeito uma reunião para discutir a luta conjunta contra o coronavírus e colocar à disposição da prefeitura os imóveis sindicais e a experiência dos dirigentes e ativistas.
Insurgem-se contra o patronato irresponsável que tem pressionado o prefeito e o governador para abrirem os estabelecimentos apesar da tragédia que a todos atingem e que se agravará se o isolamento social for afrouxado.
Já no Paraná, que desde o dia 4 de maio liberou a volta ao trabalho nas fábricas o movimento sindical enfrenta (além da doença como todo mundo) os problemas decorrentes desta volta parcial ou total ao trabalho em muitas empresas.
O sindicato dos metalúrgicos da Grande Curitiba tem acompanhado a volta dos trabalhadores e procura orientá-los e às próprias empresas sobre as condições sanitárias capazes de evitar o contágio e a propagação da doença.
Para tanto elaborou, a partir da proposta do Dr. Zuher Handar (que se baseou na proposta italiana endossada pelas centrais sindicais de lá) um protocolo a ser discutido com os trabalhadores e com as empresas contendo medidas e procedimentos capazes de enfrentar a doença segundo as recomendações da OMS, do ministério da Saúde e de autoridades sanitárias.
O dirigente Nelson Silva de Souza, o Nelsão das assembleias, contribuiu também com uma lista de procedimentos e tarefas de controle decorrente de sua experiência nesta primeira semana de retomada.
O sindicato reforçou a excelência do protocolo e da lista de controle com a necessidade da vigilância constante e atenta sobre o desenrolar dos acontecimentos, capaz de orientar com rapidez novas medidas que se fizerem necessárias.
* Consultor sindical
Mais do nunca, internet é serviço essencial
“Acesso à internet significará, de forma definitiva, direito ao trabalho, à educação e à cidadania plena”, defende presidente da CNTU em artigo.
Artigo - Nutricionistas, nossa missão merece ser mais valorizada
Em artigo, a presidente do Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo (SindiNutri-SP), Maria da Consolação Machado Furegatti, fala da importância da alimentação na prevenção da Covid-19 e outras doenças.
Imagem: Free Pik