Museu da Amazônia debate técnicas alimentares dos Baniwa
Palestra foi ministrada pela pesquisadora Luiza Garnelo
Nesta quinta-feira, dia 26, a pesquisadora Luiza Garnelo falou sobre a relação do grupo indígena dos Baniwa com seus alimentos - um exemplo de uso eficiente da natureza e de gerenciamento para tirar o melhor proveito da escassez alimentar no território em que vivem, perto de Manaus (AM).
O tema da palestra, "Cosmologia, Ambiente e Práticas Alimentares Baniwa", explicou que as práticas alimentares do grupo indígena Baniwa têm relação estreita com sua cosmologia e com o meio ambiente.
Os Baniwa vivem no Alto Rio Negro e detêm conhecimento preciso sobre os ecossistemas locais e técnicas eficientes de retirada de alimentos na natureza com as quais gerenciam a escassez alimentar no território em que vivem.
"A mitologia do grupo congrega informações sobre a preservação dos ambientes naturais, das fontes alimentares e técnicas eficientes de caça e de pesca", diz, acrescentando que a mitologia também rege as relações de reciprocidade que orientam a produção, circulação e consumo dos alimentos.
A pesquisadora também considera que a cosmologia Baniwa fundamenta a ética das relações com a natureza, limitando comportamentos predatórios e o desperdício dos alimentos.
"Tais práticas alimentares se relacionam à cosmologia do grupo e têm rico simbolismo, que auxilia na manutenção dos vínculos sociais interfamiliares e intercomunitários, viabilizando um cardápio com teor nutricional equilibrado, variando de acordo com as estações do ano e evitando a punção excessiva sobre espécies animais ou vegetais", afirma Luiza Garnelo.
Médica e filósofa, Luiza Garnelo, atualmente é pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz em Manaus (AM) e professora adjunta da disciplina de saúde coletiva da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Ela desenvolve pesquisa e extensão em saúde coletiva e antropologia, com ênfase em antropologia e saúde e etnologia indígena, atuando prioritariamente na área indígena do Alto Rio Negro.
Sua produção científica tem enfocado temas como políticas de saúde indígena; organização da atenção básica; etnografias de práticas sanitárias, sistemas tradicionais de doença cura e cuidados à saúde e controle social em saúde indígena.
Mais informações: www.museudaamazonia.org.br
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