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28/04/20

A turbulência Boeing-Embraer e o interesse nacional

Murilo Pinheiro

O presidente da CNTU aborda em sua fala semanal a mudança no acordo entre as duas companhias, que gera novo cenário de insegurança e possíveis prejuízos a engenharia nacional.

 

 

O anúncio pela Boeing no sábado (25/4) de que cancelaria o acordo prevendo a compra do controle da linha de jatos comerciais da Embraer por U$ 4,2 bilhões trouxe nova insegurança para a companhia aeronáutica brasileira e para o seu corpo técnico. A postura deve ainda render disputas entre as duas empresas, que já se acusam mutuamente de não cumprir o combinado, conforme noticiado pela mídia.

 

O processo, que começou a ser negociado em 2017 e avançou ao longo de 2018 e 2019, acabou encontrando pelo caminho diversos obstáculos, como os prejuízos enfrentados pela Boeing com os defeitos apresentados pelo 737 MAX e a crise em todo o setor, causada pela pandemia do coronavírus. Diante disso, chega-se a um impasse no qual, ao que parece, a Embraer tem tudo a perder, considerando-se os altos investimentos realizados para viabilizar a venda da sua linha mais lucrativa à companhia americana. Em 2019, foram R$ 485,5 milhões destinados apenas para separar a aviação comercial dos setores de defesa e jatos executivos, que não entrariam no escopo do contrato.

 

É lamentável que se viva esse cenário e é inevitável lembrar que melhor seria que os dirigentes da Embraer e o governo federal – detentor da golden share da companhia e, portanto, com poder de veto à transação – tivessem ouvido advertências e manifestações contrárias a esse processo.

 

Essa posição foi expressa pela CNTU, que tentou demonstrar a importância estratégica da Embraer ao desenvolvimento nacional, ao avanço tecnológico e até à soberania brasileira. Nesse sentido, era inadmissível imaginar que o País corresse o risco de perder o controle de uma de suas principais empresas, criada pelo Estado, com investimento público, para ser um ator de ponta nesse setor.

 

À época, a entidade salientou a sua preocupação, especialmente com a entrega do conhecimento especializado e até do acervo de inovações da área de defesa que são aplicados às aeronaves comerciais. Além disso, havia o temor quanto à perda de postos pelos 18 mil empregados da Embraer, entre os quais 4.200 engenheiros, além de todo o impacto na cadeia produtiva ligada à companhia.

 

Tais questões fazem-se ainda mais presentes no cenário atual de incerteza quanto ao futuro da companhia, cujas ações já sofrem desvalorização. E mais uma vez é preciso que pensemos no interesse nacional. Pois ainda que a Embraer seja uma empresa privada e tenha optado pelo caminho que a levou a esse ponto, continua tendo a mesma importância estratégica para o País e seu avanço tecnológico, assim como continua sendo imperativo preservar os seus empregos.

 

O Estado brasileiro deve olhar para essa questão visando aos interesses coletivos da sociedade brasileira e agir para impedir que uma das nossas mais importantes empresas e todo o seu acervo tecnológico virem fumaça.

 

 

*Murilo Pinheiro é presidente da CNTU.

 

 

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