Médicos protestam no dia 8 contra precariedade da saúde
A mobilização nacional convocada em entrevista coletiva visa o início da apreciação pela Câmara dos Deputados do projeto que institui o programa "Mais médicos"
Em entrevista coletiva à imprensa na sexta-feira (4), em São Paulo, o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira, anunciou a convocação de um “Dia Nacional de Protestos contra a precariedade da saúde pública” para terça-feira, 8 de outubro. A data marca o início da apreciação pela Câmara dos Deputados do Projeto de Lei de Conversão 26 (gerado pela Medida Provisória 621), que institui o programa “Mais médicos”.
A mobilização, informou Ferreira, conta com apoio do Conselho Federal de Medicina (CRF) e da Associação Médica Brasileira (AMB) e deve acontecer em todo o País por meio de paralisações durante o dia todo, parte dele ou outras formas de protesto, o que será definido por cada um dos 53 sindicatos filiados à Fenam. Haverá ainda “uma marcha à Brasília par atuar junto ao Parlamento”, afirmou.
Durante a coletiva, ele enfatizou a necessidade de que sejam votadas alterações no projeto para tornar o programado do governo federal mais adequado a enfrentar a precariedade da saúde no País. “O ‘Mais médicos' não vai resolver problemas que exigem investimentos significativos”, afirmou. “No Ceará, há 150 mil pacientes à espera de uma consulta especializada. No Rio de Janeiro, há 15 mil aguardando por uma cirurgia ortopédica. O atendimento para esses procedimentos levam de seis meses a um ano”, descreveu.
Ferreira também voltou a apontar o que considera violações graves no programa, como a “simulação de ensino”, a não realização por estrangeiros do exame Revalida e o atendimento à população por profissionais que não falam português. A proposta da Fenam é a realização de concurso público e criação de carreira de Estado para o médico, o que considera “ponto essencial à interiorização da assistência e fixação do profissional”, além de melhorias das infraestruturas.
Na quarta-feira (9), às 13 horas, os sindicatos filiados à Fenam realizam em Brasília um balanço da mobilização e discutem a continuidade da ação contra o “Mais médicos”. Participaram também da coletiva a presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Amélia Pessôa, e o presidente da CNTU, Murilo Pinheiro.