Seminário em Porto Alegre aponta gargalos na saúde pública
Na tarde desta terça-feira (17/9), o presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, participou do seminário “Saúde, um bem que se quer (25 anos de luta na construção do SUS no Brasil – movimento Saúde +10
Na pauta, a discussão sobre a importância do SUS e os problemas estruturais e financeiros que o sistema vive e que atingem a população e os profissionais da saúde. De acordo com a vereadora Jussara Cony (PCdoB), vice-presidente da Cosmam, seminários sobre saúde serão realizados até o ano de 2016.
De acordo com Ronald, que também coordena o Movimento em Defesa da Saúde Pública Saúde+10, o Brasil é um dos países em desenvolvimento que menos investe na saúde. “No ano de 2011 a presidenta Dilma Rousseff afirmou que seria difícil colocar mais recursos na saúde. Mas nós não vamos desistir. O movimento não vai descansar. Exigimos 10% das receitas correntes brutas da União para a saúde”. Ronald afirmou que uma alternativa foi buscar a colaboração da sociedade.
“Apresentamos um projeto de lei de iniciativa popular que obriga a união a repassar os 10%. Para isso, coletamos 2,2 milhões de assinaturas”. Ronald afirmou que o objetivo também é defender um SUS público, universal, integral e de qualidade. “De cada R$ 100 que a união arrecada, R$ 47 vão para pagar a dívida do país. De cada R$ 100, R$ 7,1 vão para a saúde. Saúde é direito do povo, precisamos reivindicar nossos direitos”.
“Estamos comemorando os 25 anos da saúde como um direito de todos”, ressaltou a presidenta do Sindicato dos Farmacêuticos do RS e diretora da saúde do trabalhador, Débora Melecchi. “O SUS é resultado de um processo social que exigiu uma grande luta política”. De acordo com Débora, o SUS tem sido capaz de estruturar e capacitar um sistema de saúde que é essencial para a população, no entanto, precisa de avanços. “Os movimento sindicais e sociais continuam na luta pelo direito da saúde. Precisamos de financiamento do repasse de 10% e carreira única de estado a todos os trabalhadores da saúde. Queremos ações contra todo tipo de terceirização”. Durante seu discurso também foi ressaltada a importância de respeitar os princípios do SUS. “Chega de privatização da saúde. Os serviços públicos não podem ser geridos por instituições privadas. Nos manteremos na luta para que a saúde não seja tratada como mera mercadoria”.
O vice prefeito Sebastião Melo afirmou que existem três olhares em relação ao SUS. “Do primeiro fazem parte as pessoas que nunca tiveram atendimento e afirmam que o SUS não presta. Do segundo, aqueles que acessam o SUS e sabem que o sistema tem qualidade. Por fim, temos um problema que se reflete nas milhares de pessoas que estão na fila de espera do SUS”. Conforme o vice prefeito, o governo tem que compreender que existe um déficit de serviços com uma grande camada da população. “É necessário um debate que demonstre como a uma moradia digna e o acesso aos serviços básicos refletem na saúde da população”.
Humanização da saúde
De acordo com o médico e secretário de Estado do Meio Ambiente, Neio Lúcio Fraga Pereira, a formação dos médicos está cada vez mais mercantilizada. “Precisamos de mais humanidade e menos profissionais que só pensem em seus lucros”. Conforme o secretário, os problemas na saúde não se devem apenas pela má gestão, mas pela falta de debate. “Precisamos de um debate que tenha como pauta a falta de médicos. O Brasil tem sim poucos médicos. Precisamos formar profissionais que deem assistência básica à saúde, que forneçam atenção primária”. Neio afirmou que é necessário refletir sobre a formação dos médicos. “45% dos postos da zona norte não têm médicos, faltam profissionais. Precisamos de médicos que gostem de gente”.
O diretor da Força Sindical do RS, Marcelo Magu, falou sobre os postos de Saúde 24h. “Precisamos de um serviço que dê conta da demanda da população, os postos funcionam em horário comercial, não funcionam nos feriados nem durante o final de semana, isso só colabora para lotar as emergências dos hospitais”. Marcelo também afirmou que o problema da saúde não está, somente, na falta de médicos mas na pouca quantidade de hospitais e na falta de leitos e equipamentos. “Esta é uma pauta trabalhista. Nós da Força Sindical estamos incumbidos de estar presentes em toda luta que garanta benefícios para a população. A política vai dar certo se soubermos lutar por nossos direitos”, concluiu.
Também estiveram presentes no Plenário Otávio Rocha os vereadores, Cláudio Janta (PDT) e Lourdes Sprenger, o representante do Ministério da Saúde, Marco Aurélio Pereira, que falou pela manhã e a presidente do Simpa, Carmen Padilha.
Fenafar, com informações da Câmara Municipal de POA
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