Centrais dizem não à terceirização
Dia Nacional de Mobilização foi marcado por protestos contra projeto de lei 4330, da terceirizados, está previsto para ser votado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara Feder
Por todo o país, trabalhadores ocuparam às ruas para dizer Não à terceirização e exigir que o governo avance no rumo de atender a pauta de reivindicações da classe trabalhadoras, aprovadas de forma unitária na Conclat realizada em 2010. A mobilização que ocorreu em todas as capitais e principais cidades brasileiras mostrou a força e a unidade das centrais sindicais.
O projeto de lei 4330, da terceirizados, está previsto para ser votado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara Federal, nesta terça-feira (3).
“Esta iniciativa reforça, cada vez mais, a unidade das centrais e os laços de solidariedade entre a classe trabalhadora”, declarou o presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, no Dia Nacional de Paralisações e Mobilizações, em São Paulo, que ocorreu nesta sexta-feira (30).
São Paulo
Mobilização em São Paulo
Cerca de cinco mil manifestantes fecharam a Avenida Paulista para exigir o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho sem a redução de salário, fim do Projeto de Lei 4330/2004, que amplia a terceirização, reajuste digno para os aposentados, investimentos em saúde, educação e segurança, transporte público de qualidade, reforma agrária, fim dos leilões do petróleo e igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Reivindicações que fazem parte da agenda da Clonclat.
Adilson Araújo, denunciou que a crise econômica mundial impõe a precarização das relações de trabalho “flexibilizando direitos e conquistas históricas da classe trabalhadora”.O presidente nacional da Central denunciou a falta de investimentos sociais. "O dinheiro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e para obras de infraestrutura estão engavetados", ele alertou ainda para a orientação conservadora da política macroeconômica que têm atendido à pressão dos banqueiros e do capital estrangeiro. "Só no ano passado 300 empresas do Brasil foram adquiridas por empresas de capital estrangeiro", expressou, para ele é necessária a reforma política para alterar a correlação de forças entre a população e o governo.
O presidente da CTB aproveitou a ocasião para informar que no próximo dia 3 de setembro a Central promoverá manifestações, com o objetivo de derrubar o projeto de lei que amplia a terceirização."Embora as centrais sindicais tenham buscado o diálogo entre governo, gestores públicos e empresários percebemos que não há boa vontade por parte do patrão até porque a forma com que o projeto se apresenta precariza mais ainda as relações de trabalho", afirmou.
Hoje a aula é na rua
Antes de chegar à Avenida Paulista, os manifestantes se concentraram na Praça da República onde receberam o apoio de estudantes e professores que aderiram à jornada de luta para exigir uma educação pública e de qualidade. No fim da ação, os participantes deram as mãos para fazer um abraço simbólico em volta da Secretaria Estadual de Educação e partiram em caminhada pela rua da Consolação até chegar ao Masp.
A presidenta da União dos Estudantes do Estado (UEE), Carina Vitral lembrou que o dia de lutas dos trabalhadores e centrais é uma continuidade às manifestações que ocorreram no mês de junho e exigiu melhorias na mobilidade urbana, ela denunciou a privatização da educação e citou como exemplo a Faculdade FMU, que foi vendida para a rede americana Laureat. “Isso precariza e faz cair a qualidade do ensino”, denunciou.
Durante o ato, os manifestantes também exigiram uma CPI para apurar as denúncias de corrupção nos governos do PSDB, que teriam desviado cerca de R$ 9 bilhões, dinheiro este que, segundo a presidenta do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, que coordenou o ato em frente à Secretaria de Educação, deveria ter sido usado para o aumento do salário dos professores, a criação de creches para as mães trabalhadoras e investimentos no setor, para ela este foi "um dia de aula pública nas ruas".
Na capital paulista, as ações começaram desde a manhã com o fechamento da Ponte das Bandeiras pelos trabalhadores do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema), também houve uma concentração no Viaduto Santa Ifigênia, onde desde a véspera os aposentados acamparam em frente ao INSS, para pedir o fim do fator previdenciário. Durante todo o dia houve manifestações por todo o país.
Paraíba
Mobilização na Paraíba
Em Campina Grande, apesar da forte chuva, a concentração teve início às 07h, em frente à Prefeitura Municipal, com caminhada no comércio local, onde diversas lojas fecharam, terminando com ato público na Praça da Bandeira.
Em Patos, sertão do estado, a concentração teve início as 08:00 horas da manhã na Associação Comercial, com realização de assembléia geral com servidores públicos municipais e realização de ato público as 10:00 horas na frente da Prefeitura Municipal. Foi distribuído nos locais de trabalho o jornal do trabalhador, produzido pelas centrais sindicais.
Na capital, as centrais sindicais, sindicatos, trabalhadores rurais sem terra e movimentos sociais se concentraram as 13h na Praça dos Três Poderes, saindo em caminhada até o Parque Solon de Lucena (Lagoa), com realização de ato público. Pela manhã diversas categorias de trabalhadores realizaram atividades específicas nos locais de trabalho, a exemplo dos professores e funcionários da Universidade Federal da Paraíba.
Minas Gerais
Os metalúrgicos de Minas Gerais realizaram um ato público, que teve início às 5 horas da manhã, no viaduto que leva à entrada principal da Fiat Automóveis, sob a BR 381, em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que reuniu lideranças do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Sindicato dos Metalúrgicos de BH/Contagem, da CTB, Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE), União da Juventude Socialista (UJS) e da Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (FIT Metal).
Mobilização em Minas
“Foi um protesto pacífico e organizado para repudiar, principalmente, a proposta que a Fiemg nos fizeram logo de cara neste início da nossa Campanha Salarial, oferecendo um índice que sequer repõe a inflação do período, além de ameaçar com a implantação do banco de horas e propor o parcelamento das férias em até três períodos”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, João Alves de Almeida.
“Além disso, os metalúrgicos também estão unidos e mobilizados com as centrais sindicais brasileiras na luta contra a aprovação do Projeto de Lei 4.330, da terceirização, que, se aprovado, irá precarizar ainda mais as condições de trabalho nas fábricas”, acrescentou.
Bahia
O Dia Nacional de Paralisações, convocado pelas centrais sindicais, começou na madrugada desta com a mobilização dos rodoviários de Salvador das 4h às 8h da manhã.
O movimento fechou as duas pistas da rodovia, durante parte da manhã, em apoio às ações, que se estenderam também ao aeroporto. Os comerciários fizeram o tradicional arrastão na avenida Sete de Setembro, a mais importante do Centro de Salvador. Já os professores das redes municipal e estadual organizaram um ato político na praça da Piedade, também na região central da cidade.
Os metalúrgicos da Bahia, que estão em plena campanha salarial, aproveitaram a data para fortalecer ainda mais o movimento. Após uma assembleia realizada na porta da Papaiz, os funcionários deixaram de trabalhar. No Polo Industrial de Camaçari e no Complexo Ford não houve troca de turno e a produção foi interrompida durante toda a manhã. Mais de 5 mil trabalhadores da montadora suspenderam as atividades. O Sindicato também organizou uma grande manifestação em frente ao Hospital Geral de Camaçari, onde os dirigentes sindicais chamaram a atenção para a pauta das mobilizações.
O movimento, organizado em conjunto pela CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), CUT e Força Sindical, destacou a importância da redução da jornada de trabalho sem redução salarial, do fim do Fator Previdenciário e principalmente o combate à terceirização.
Para o presidente da CTB-BA, Aurino Pedreira, o dia de luta é importante para pressionar os deputados a votar contra o PL da terceirização. “O projeto não atende à vontade popular, aos anseios dos trabalhadores. Ao contrário, é mais uma tentativa dos empresários de precarizar o trabalho e reduzir custos. Por isso, precisamos envolver o conjunto dos trabalhadores, e até mesmo a sociedade, nesse debate fundamental”, destaca.
Além de Salvador e Região Metropolitana, houve manifestação dos trabalhadores também em Ilhéus, Itabuna, Feira de Santana, Remanso, entre outras cidades do interior do estado. Para Aurino Pedreira, o balanço é positivo. “Trabalhadores de diversas categorias atenderam ao chamado das centrais, e se organizaram em protestos nas fábricas, nas empresas, o que é muito importante para manter a base mobilizada e atenta ao momento político e econômico atual”.
Porto Alegre
Mobilização em Porto Alegre
Cerca de 40 membros do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região participaram na manhã desta sexta-feira, 30, do Dia Nacional de Mobilização e Paralisação, em Porto Alegre. As centrais, federações e seus sindicatos decidiram promover ato, realizado defronte os portões da Expointer, em Esteio. O local foi escolhido pois representantes do governo federal estavam presentes na abertura oficial da feira.
Em três horas de prostesto, membros de entidades representativas dos trabalhadores clamavam pelo fim do fator previdenciário e pelo repúdio do Projeto de Lei 4330, que amplia as terceirizações.
O presidente em exercício do sindicato, Leandro Velho, em seu pronunciamento, destacou que a unidade dos trabalhadores é fundamental e que os debates de questões importantes para a classe devem ser levados para dentro das fábricas e para a sociedade em geral. “Temos que mostrar indignação pela retirada de direitos dos trabalhadores. Esse chamado das centrais para atos como este é muito importante, pois somente juntos podemos avançar. É papel do sindicato dialogar com os trabalhadores e com a sociedade. Não podemos ser a geração que entrega direitos, que não participa da luta. Sem luta não há conquistas.”
O diretor do sindicato, que esteve também representando a Fitmetal, Alberto Gonçalves, salientou que é preciso mostrar para a sociedade a realidade e a pauta dos trabalhadores. “Queremos que os governantes olhem para os trabalhadores, que vejam as pautas importantes para esta classe que tanto contribui para o desenvolvimento do nosso país. O Brasil não pode regredir, temos que avançar, mas somente com luta poderemos avançar.”
Ao fechar o ato, Guimar Vidor, presidente da CTB-RS, afirmou que, através da unidade das centrais sindicais e dos movimentos sociais, se construiu um dia nacional de lutas em defesa da classe trabalhadora e da sociedade do país.
A decisão pela paralisação nacional foi confirmada diante da intransigência do Governo Federal em negociar a pauta da classe trabalhadora, entregue no dia 6 de março para a presidente, após a caminhada que reuniu cerca de 60 mil sindicalistas, em Brasília, e a greve nacional realizada no dia 11 de julho. Nem mesmo o documento entregue pelo presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, à presidenta Dilma durante a inauguração do Aeromóvel recebeu qualquer resposta.
Da redação da Fenafar, com informações da CTB
+ Notícias



