Evento reúne farmacêuticos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste
Encontro de sindicatos dessas grandes regiões tratou da atuação profissional e sindical da categoria e do momento de mobilizações e transformações na vida política do país.
Com a participação de representantes de sindicatos filiados à Fenafar nos estados de ES, MG, MT, PR, SC, SP, RS e mais convidados dos sindicatos de GO e RJ e da Associação de Farmacêuticos do Distrito Federal, aconteceu em Curitiba, entre sexta-feira e domingo (16 a 18) o 1º Encontro Sul, Sudeste e Centro-Oeste de Sindicatos Farmacêuticos, promovido pela Federação Nacional dos Farmacêuticos, com o objetivo de debater a atuação profissional e sindical dos farmacêuticos como agentes de transformação social e desenvolvimento nacional.
O Presidente da Fenafar, Ronald dos Santos, lembrou na abertura as contribuições do último congresso realizado em Florianópolis, em agosto de 2012, para " uma maior interação dos sindicatos filiados, para o fortalecimento de nossa luta e reconhecimento e valorização de nossa categoria, e estes avanços só são possíveis com a unidade organizada de nossa categoria”.
A anfitriã do encontro, Lia Melo – Presidente do Sinfar/PR e diretora da Mulher da Fenafar agradeceu a diretoria da Federação pela oportunidade de realizar o evento em Curitiba. Ela enalteceu a construção do encontro, com a participação das 3 diretorias regionais e todos os sindicatos filiados nestas regiões. “A realização do encontro coincide com um momento importante que está sendo vivenciado no Estado do Paraná, que é a de união dos farmacêuticos do Estado em prol de suas bandeiras de luta de valorização e fortalecimento da categoria”, afirmou.
Para Alexandre Magalhães, Diretor do Sinfar/MT e Diretor Regional Centro-Oeste , “a expectativa deste encontro é muito grande. Que os debates aqui propostos possam tornar-se ações para que consigamos conquistar avanços nas relações entre os sindicatos e também avanços para a categoria“.
Para Junia Dark Lelis, Diretora do SInfar/MG e diretora Regional Sudeste da Fenafar , esta é uma oportunidade de conhecer e discutir as diferentes realidades nos Estados, e também aproxima mais a Fenafar de sua base. “Esperamos discutir e compartilhar experiências de negociações sindicais, tanto no setor público como privado.”
Junia citou ainda que, apesar de vivermos uma situação de pleno emprego no Brasil, a ausência de políticas de valorização profissional continuam a assombrar os trabalhadores brasileiros. E que nos próximos dias a Central dos Trabalhadores do Brasil - CTB, Central Sindical a qual a Fenafar está filiada, realizará seu 3º congresso cujo tema será “ Avançar nas mudanças com valorização do trabalho”.
Após a abertura, deu-se início ao debate de Análise de Conjuntura. A palestra foi proferida por Umberto Martins do Centro de Estudos Sindicais. Umberto apresentou aos presentes um panorama inicial dos últimos acontecimentos vividos no país com as de junho, que levaram a uma mudança da conjuntura nacional, onde a partir de 20 de junho mais de 1 milhão de brasileiros foram às ruas em diversas cidades do país, exigir mais direitos.
Essas manifestações surpreenderam as representações organizadas da sociedade, parlamentos, governos, movimentos sociais e partidos políticos. Em uma análise não aprofundada dos fatos já é possível identificar alguns aspectos das manifestações.
Em pesquisas realizadas durante as manifestações, 76% dos entrevistados se disseram trabalhadores, ou seja, pertenciam a classe trabalhadora. Destes 66% eram jovens de até 29 anos. E muitos estudantes. Assim, a grande parcela de brasileiros que estava nas ruas era de jovens trabalhadores e estudantes, que não se sentiam representados, revelando uma crise de representatividade e baixa confiança nas instituições.
Observamos ainda, segundo Umberto, que o movimento inicialmente com a pauta da redução de tarifas, não tinha uma direção, um rumo, propiciando uma pauta difusa. Neste momento, a direita e a extrema-direita passaram a agir fortemente através dos meios de comunicação, principalmente da mídia televisiva, disputando a direção deste movimento e buscando pautá-lo para o desgaste do Governo Federal e levando a uma desestabilização política.
Uma consequência desta disputa apontada por Umberto foi a queda de popularidade do governo Dilma, revertendo o quadro estável que até então se apresentava para 2014, e que conduzia para a reeleição da presidenta.
No contexto mundial, o movimento ocorrido no Brasil, estava conectado com as manifestações ocorridas em diversos países, e que são fruto de uma crise do sistema capitalista que se arrasta desde 2008.
Ao contrário da crise que abalou os EUA e a Europa, a China e os países emergentes, em especial da América Latina, passavam por um processo diferente, iniciado há 15 anos com a eleição de Hugo Chávez na Venezuela, seguido de Lula no Brasil e de outros governos progressistas na América Latina e no Caribe. Inverteu-se a política até então hegemônica dos EUA na região, onde se previa a criação da ALCA, que passou a se organizar em blocos econômicos como o Mercosul, a ALBA e a Unasul, que previam o fortalecimento e desenvolvimento da América Latina.
Apesar da crise americana, os EUA não cessaram sua tentativa de sobrepor-se aos povos latinos e caribenhos, participando das tentativas de golpes no Paraguai e Honduras e reforçando suas bases militares na Colômbia e a 4ª frota no Oceano Atlântico. Mais recentemente, houve a denúncia do sistema de espionagem norte-americano.
A resposta do Movimento Sindical
Na avaliação de Umberto, o Movimento Sindical sempre enxergou que apesar dos avanços, da valorização do salário mínimo, e da diminuição da pobreza no Brasil, ainda vivemos uma politica econômica em disputa. A luta de classes permanece acirrada. E o Movimento Sindical tem certeza de que é preciso enfrentar, os avanços da direita, que continuam a ameaçar as conquistas sociais.
Ele citou a pauta aprovada em 2010, com as Resoluções da Conclat, realizada em São Paulo. “Uma agenda unificada de lutas por um novo projeto de desenvolvimento social que requer valorização do trabalho está aprovada desde então e com ações unitárias do movimento sindical que foi para a disputa das manifestações de junho, dando apoio às manifestações e com a clareza de que muitas coisas não estavam tão bem, de que vivemos um quadro social de problemas enormes. O que o povo brasileiro quer é garantir, na prática, o que aprovamos em nossa Constituição. Os graves problemas do sub-financiamento da Saúde Pública, o sucateamento da educação e a ausência de uma politica de mobilidade que foque investimentos no transporte público em detrimento do transporte individual – visto nos últimos anos com os incentivos governamentais para compra de carro próprio ocorridos nos últimos anos”, elencou Umberto.
A greve geral chamada pelas centrais em 11 de julho, apesar do boicote e tentativa de desqualificação da mídia, foi a maior dos últimos 20 anos, com greve geral em diversos estados e capitais, e paralizações importantes em grandes centros como São Paulo.
As mudanças dos últimos anos ainda foram tímidas, sem reformas estruturais importantes e urgentes para o avanço das mudanças. Ainda se privilegia uma politica econômica que deprecia o trabalho para extrair o lucro, garantindo apenas o pagamento das dívidas fiscais do governo. E temos visto isso ocorrer com os trabalhadores da Europa, com a perda de direitos sociais e trabalhistas, levando os países a recessão e crise profunda.
Para finalizar, Umberto disse que “no Brasil, as manifestações de junho, dimensionaram o tamanho do desafio do movimento sindical, mas ele é enfrentado de forma coletiva com participação organizada e consciente. Temos apoio de 94% da população brasileira para exigir e ampliar os nossos direitos. E em 30 de agosto deveremos estar novamente nas ruas, pois com pressão popular, os nossos interesses são ouvidos e acatados pelos nossos governantes”.
Fonte: Fenafar. Colaborou Zizia Oliveira, de Curitiba
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