Sob os ecos da 7ª Marcha
A conjuntura sindical, os desafios e as obrigações do movimento sindical são temas de formação da CNTU, em torno das agendas apresentadas pelas centrais e movimentos sociais em Brasília, ao governo e à
O primeiro curso de formação sindical da CNTU, marcado para 19 e 20 de março, em Brasília, ocorre no mesmo mês em que as Centrais Sindicais e dos Movimentos Sociais mobilizaram trabalhadores para a sua 7ª Marcha, realizada em 6 de março, e que para o presidente da CNTU, Murilo Pinheiro, foi um importante marco na dura queda de braços entre os interesses das forças populares e o do grande capital.
A manifestação que reuniu 50 mil trabalhadores e militantes marcou também o primeiro encontro do movimento sindical com a presidente Dilma Rousseff, que recebeu a “Agenda da classe trabalhadora”, que reflete as reivindicações da conferência realizada em 2010, no estádio do Pacaem¬bu, em São Paulo, e a “carta das centrais”.
Nesse diálogo direto, que foi estabelecido a partir da marcha, estão claras as reivindicações que unificam todo movimento sindical hoje e que norteiam, portanto, as diretrizes do curso de formação sindical da CNTU. Para o país, os trabalhadores defendem crescimento com distribuição de renda e fortalecimento do mercado interno; valorização do trabalho decente com igualdade e inclusão social; Estado como promotor do desenvolvimento socioeconômico e ambiental; democracia com efetiva participação popular; soberania e integração internacional; e direitos sindicais e negociação coletiva. A marcha também ergueu bandeiras como a destinação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) à educação e de 10% do orçamento da União à saúde, a correção da tabela do imposto de renda, ampliação do investimento público, igualdade de oportunidades a homens e mulheres e reforma agrária.Especificamente para os trabalhadores, a carta das centrais reivindica a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, o fim do fator previdenciário, a ratificação da Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que proíbe a demissão imotivada, e a regulamentação da 151, que assegura a organização sindical do servidor público.
Fortalecer a agenda
“A pauta levada à Brasília é de grande relevância não só para os trabalhadores, mas para o conjunto da sociedade brasileira que tem compromisso com o nosso avanço socioeconômico”, diz Murilo Pinheiro, que abordará os desafios e obrigações sindicais no Curso de Formação da CNTU e como manter o esforço e a luta para que tais reivindicações tornem-se realidade, muitas delas já elencadas na campanha “Brasil Inteligente”, da confederação. As decorrências da marcha também estarão presentes na fala de João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical e conselheiro da confederação, que tem apontado o estrondoso sucesso do 6 de março, não devidamente registrado pela grande mídia. Em artigo recente, ele lembrou que o dia seguinte foi tomado por manchetes sobre vários assuntos que chamam a atenção da população, como o velório de Hugo Chávez, a morte do músico Chorão, a escolha do novo Papa, julgamento do goleiro Bruno, os protestos na eleição para a Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados, mas que “nada justifica o descaso sobre a marcha dos trabalhadores brasileiros”. Ao lamentar o “apagão” da mídia no caso da grande mobilização, ele volta a reforçar o papel da imprensa sindical, que será outro tema importante do Curso de Formação da CNTU.
“É preciso divulgar em nossa mídia impressa e eletrônica o comparecimento à Marcha, sua unidade, sua organização, sem o registro de nenhum incidente desabonador, a justeza de nossas reivindicações e o fato muito significativo, quando se olha para o mundo de hoje, dos dirigentes terem sido recebidos pelas maiores autoridades do Governo (Executivo, Legislativo e Judiciário) de maneira respeitosa e compreensiva”. O tema de João Guilherme no curso é justamente a conjuntura sindical brasileira.
Confira a programação do curso de formação sindical da CNTU, que acontece nos dias 19 e 20 de março.
Da Redação
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