Especialistas debatem futuro do País
Ministro Reis Velloso é enfático quando diz que a inovação é a chave do desenvolvimento moderno. `Para o presidente da Finep, governo está sensível à questão, mas os avanços ainda
Para o Brasil trilhar definitivamente o caminho da inovação é preciso enfrentar desafios estruturais, apostar na regionalização, qualificar e vencer a barreira que imobiliza os empresários quando o assunto é inovar, sinônimo de arriscar. Essa certeza, unânime, marcou a participação dos palestrantes do Debate Finep de quinta-feira, 7/3, cujo tema foi “Inovação e Desenvolvimento para o Brasil de Amanhã”. Com visões convergentes na maioria das questões, o assunto foi debatido em profundidade pelo ministro João Paulo dos Reis Velloso, pelo presidente da Finep, Glauco Arbix, pelo jornalista Luiz Nassif e por Günter Clar, diretor da Steinbeis-Europa-Zentrum (SEZ).
Reis Velloso é enfático quando diz que a inovação é a chave do desenvolvimento moderno. Só acontece com a interação entre empresa, governo, universidades, instituições de pesquisa e deve ser feita em toda a cadeia produtiva. E exemplifica: “se isso for aplicado no Pré-sal, teremos resultados extraordinários”, antevê.
Destaca também a importância dos clusters e dos parques tecnológicos. Afirma que o Brasil tem 25 deles funcionando e 15 em implantação, e o desafio agora é transformar a pequena empresa inovadora em arma secreta do País. “É a universalização da inovação”, explica.
Prega ainda a chamada innovation economy, traduzida como a aplicação da tecnologia inovativa para integrar regiões. Assegura que há empresas campeãs, empresas de venture capital, universidades, institutos de pesquisa e governo que trabalham em cooperação e se enquadram nesse modelo. E cita lugares que adotaram essa estratégia com sucesso, como Suécia, Israel, Taiwan, Munique e Inglaterra (Cambridge).
E como seria possível avançar no Brasil? Primeiro, criando um plano diretor de TICs, como motor de desenvolvimento e inovação no País; depois, apostando na biodiversidade da Amazônia dentro de um plano de biotecnologia e, finalmente, investindo na bioeletrônica, a eletrônica que vai em direção ao chip orgânico, em desenvolvimento da USP de São Carlos.
Na verdade, o Brasil deu uma guinada na última década. “Quando a PITCE (Política Industrial de Tecnologia e Comércio Exterior) começou a ser formatada em 2003 - sob a coordenação de Glauxo Arbix, hoje presidente da Finep -, inovação era uma palavra desconhecida e ninguém sabia do que se tratava nem o governo”, explica Glauco.
De lá para cá os avanços foram muito grandes, mas ainda há um gap que precisa ser ultrapassado. "Entre a inovação pretendida e a alcançada há um abismo, por isso a economia patina", assegura Arbix.
O Governo está sensível à questão e internalizou a urgência do assunto, mas os avanços ainda são poucos. Espera-se que, em breve, a presidenta Dilma Rousseff adote um plano ambicioso voltado para a inovação e “a FINEP precisa se adequar e aperfeiçoar processos, planos e melhorar a qualidade do que fazemos”, sentencia o presidente.
Na verdade, a Finep já definiu prioridades, descentralizou instrumentos para operar crédito e subvenção, integrou outros que podem alavancar, inclusive, o desenvolvimento regional, um dos grandes gargalos para o desenvolvimento.
Expert em inovação, Günter Clar sustenta que buscar o crescimento e o desenvolvimento sustentável significa melhorar a “Felicidade Interna Bruta” dos cidadãos, ou seja, lutar pelo progresso com foco no desenvolvimento econômico e sustentável, na preservação do ambiente natural e cultural e na boa governança.
Acredita na necessidade de estabelecer prioridades, garantir recursos para viabilizá-las, e focar P&I no conhecimento voltado para grandes desafios. Para Clar é importante concentrar esforços para aumentar o PIB, a partir de indicadores estruturados com base em índices e relatórios.
Por outro lado, o jornalista Luiz Nassif, acredita que o Brasil, vive o processo mais radical de transformação da história, mas velhos problemas não serão resolvidos com velhas saídas. Conjunto de instrumentos que o governo usa, via Capes, Finep, e tantas outras instituições são insuficientes para o tamanho e a diversidade do Brasil.
Para Nassif, o grande problema é a dificuldade que o novo tem de aparecer. "O novo nasceu mas não consegue ascender". Ao mesmo tempo salienta que há redes sociais discutindo todos os assuntos, opinando, mas sem resultados práticos. E conclui: " se não houver um corte de paradigma, uma mudança de comportamento, qualquer plano pensado para o desenvolvimento não sairá do papel".
Reconhece que os quadros tecnológicos são interessantes, mas insignificantes. E propõe um movimento que envolva outros ministérios, instituições, universidades, empresários para que se se avance no processo inovativo.
O fechamento do debate coube ao ministro Reis Velloso que sugeriu enfático “a saída é chorar menos e competir mais”.
Fonte: Finep
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