Cursos de pós-graduação atraem alunos para a Amazônia
Sendo o maior instituto de pesquisa em biologia tropical do mundo, o INPA oferece cursos de pós-graduação em nove programas que abordam a biodiversidade da Amazônia. CNTU defende ampliação da rede acadêm
Até o dia 30 de junho deste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) , titulou um total de 1.823 pesquisadores, sendo 1.446 mestres e 377 doutores. "O que mais atrai os alunos é a região amazônica e o Inpa por ser a referência mundial em biologia tropical. O Inpa capacita os alunos tendo a Amazônia como o seu laboratório natural, oferecendo a ampla possibilidade de qualificação em várias linhas de pesquisa sobre biodiversidade, que é um dos focos do Instituto", explica a coordenadora de capacitação (COCP) do Inpa, Beatriz Ronchi Teles.
Sendo o maior instituto de pesquisa em biologia tropical do mundo, o Inpa oferece cursos de pós-graduação em nove programas que abordam a biodiversidade da Amazônia. Seus programas de pós-graduação se dividem em: Agricultura no Trópico Úmido; Biologia de Água Doce e Pesca Interior; Botânica; Biologia (Ecologia); Ciências de Florestas Tropicais; Clima e Ambiente (em ampla associação com a Universidade do Estado do Amazonas - UEA); Entomologia; Genética, Conservação e Biologia Evolutiva e o Mestrado Profissional em Gestão de Áreas Protegidas na Amazônia, cada um com suas linhas de pesquisa. O Inpa também participa em ampla associação com o programa de Pós-graduação em Aquicultura da Universidade Nilton Lins.
Segundo o recém-graduado no Programa de Pós-graduação em Botânica (PPG-Bot), Camilo Tomazini Pedrollo, que pesquisou o uso de plantas medicinais por caboclo-ribeirinhos no Rio Jauaperi, divisa entre o Amazonas (AM) e Roraima (RR), o programa não apenas ofereceu as oportunidades de ensino, mas também possibilitou a entrada no mercado de trabalho. Hoje professor de novas turmas, ele conta que "a decisão inicialmente foi muito mais pautada no impulso de vivenciar o interior do Amazonas, com seus grandes rios e natureza exuberante. Hoje, no entanto, eu vejo também o quanto foi estratégica, no sentido de proporcionar oportunidades profissionais", afirma.
A fixação profissional é um desafio
Para o diretor do Instituto, Adalberto Val, é relevante não só entender os processos em curso na Amazônia, mas o que é necessário para um futuro adequado para a região, compatibilizando floresta e demandas sociais. “É muito diferente atender demandas de uma população em um ambiente estruturado do que atendê-las em um ambiente diverso como a Amazônia. A mobilidade na região requer uma série de ações diferentes daquelas que são requeridas em lugares estruturados, e só podemos conseguir atender essas demandas por meio de novas tecnologias e informações. A pós-graduação tem o papel fundamental na capacitação de pessoal para produzir essa informação. Eu diria que o nosso domínio sobre a Amazônia está diretamente relacionado com a nossa capacidade de formar e fixar pessoal qualificado e de alto nível na região”, afirma.
Ainda segundo o diretor, a formação de mão-de-obra qualificada para a região não se aplica na atuação apenas em academias ou instituições de pesquisa. “Nós estamos em um movimento hoje mundial para um novo paradigma de relação das pessoas com seus ambientes, estamos em um processo de transição. Esse processo não vai só afetar apenas os países envolvidos ou a sociedade que está mais estruturada, mas ele vai ter reflexo por todo o sistema de uma maneira geral. Por isso, quanto maior e mais robustas forem as informações que você tem para um dado ambiente, melhores serão as intervenções que poderá fazer. E as informações vêm da produção científica, que decorre da capacitação profissional”, conclui.
Campanha da CNTU defende mais investimento em pesquisa
Para a CNTU, o desenvolvimento passa pela Amazônia e uma das chaves é a formação de pesquisadores. Durante a última jornada Brasil Inteligente, que lançou campanhas da confederação para o período que antecede o Bicentenário da Independência, em 2022, foi consenso das entidades associadas à CNTU que o investimento na produção acadêmica deve ser de grande monta, capaz de dobrar o número de doutores. A confederação constatou pelos os dados da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que a região amazônica, que representa 61% do território brasileiro, 10% da população e responde por 8% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, reúne menos de 5% dos cursos de pós-graduação existentes no País. Ou seja: os nove estados que compõem a região possuem 140 cursos de mestrado acadêmico, 39 de doutorado e seis de mestrado profissionalizante. Do total, 50% dos de doutorado concentram-se na UFPA (Universidade Federal do Pará).
Com uma série de recomendações ao governo e à sociedade, a campanha "Mais ciência, tecnologia e inovação na Amazônia”, da CNTU, visa também estimular a criação de universidades e institutos de pesquisa e desenvolvimento na Amazônia com foco em novos materiais e energia, que não se restrinjam à pesquisa e desenvolvimento em atividades tradicionais, mas ajudem a introduzir paradigmas diferenciados de produção para o mundo. A CNTU estima que sejam necessárias ao menos duas novas universidades e dois institutos de pesquisa e desenvolvimento de alto padrão focados na produção de conhecimentos e produtos da biodiversidade
Fontes: Brasil Inteligente e Inpa
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