Estudo questiona efetividade da propriedade intelectual
Documento da OMS, OMC e OMPI propõe saídas para países terem acesso a tecnologias da saúde e cita o Brasil, que empregou a quebra de patentes, ou licença compulsória.
Um estudo lançado no começo de fevereiro pela Organização Mundial do Comércio (OMC), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) questiona a utilidade dos direitos de propriedade intelectual (PI) como mecanismo de incentivo para a inovação no setor de medicina e saúde em países em que não há mercados suficientemente competitivos. Apesar de esse sistema ser efetivo nas economias industrializadas, permitindo às empresas o retorno do capital investido, o mesmo não ocorre nos países onde os mercados são reduzidos.
O estudo "Promovendo Acesso a Inovação e Tecnologias Médicas: intersecções entre saúde pública, propriedade intelectual e comércio"afirma que a inovação em medicina e saúde exige uma complexa combinação de insumos dos setores público e privado, o que a diferencia de outras áreas por questões como ética na pesquisa médica, rigorosa estrutura regulatória, alto custo e elevado risco. O atual sistema de pesquisa e desenvolvimento (P&D) nesse ramo está sofrendo mudanças profundas, que envolvem a criação de modelos diferenciados e a interação de um grupo maior de atores, destaca o estudo.
"Existem vários mecanismos diferentes para promover a inovação. Os direitos de propriedade intelectual são mecanismos de incentivo úteis, mas é discutível se o sistema de PI pode incentivar invenções em áreas em que não existe mercado", destaca o documento. "A Comissão sobre Direitos de Propriedade Intelectual, Inovação e Saúde Pública da OMS constatou que o ciclo da inovação é autossustentado nos países industrializados, que contam com grandes mercados, permitindo dessa forma às companhias reaver seus investimentos em inovação. Isso não ocorre no caso dos países de baixa renda, em que os mercados são pequenos e os serviços de saúde não contam com recursos suficientes", conclui o documento.
Fonte: Agência Unicamp Inovação
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