Tecnologia inovadora conecta comunidades sem acesso à internet por meio de celulares simples
O sistema VOJO permite postagem em blogs e redes sociais por meio de celular básicos ou até mesmo de telefones públicos. O projeto vai formar líderes comunitários em cinco capitais do país e Salvador vai sediar a primeira oficina. Leia a matéria co
A tecnologia, que está sendo utilizada de maneira inédita no Brasil, foi criada por pesquisadores vinculados ao Media Lab do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), prestigiada universidade dos Estados Unidos, e vem possibilitando que pessoas de áreas rurais e periféricas se conectarem à rede mundial até mesmo de um telefone público. Essa é a primeira experiência na América do Sul.
Para Sasha Costanza-Chock, professor do MIT e consultor do projeto, a presença do VOJO no Brasil vai amplificar e empoderar as vozes periféricas, mudando a história de quem vive à margem. “Nosso sonho é fortalecer a participação popular na mídia e constatar que essas pessoas serão ouvidas e respeitadas, especialmente no que diz respeito aos Direitos Humanos”, destacou. Com duração de três dias, as oficinas gratuitas abordarão o tema da tecnologia móvel, comunicação comunitária e questões envolvendo temas étnicos e raciais. A ideia é que eles se tornem aptos se tornarem repórteres cidadãos atentos ao que acontece em sua região denunciando o descaso do poder público, fazendo mobilização social e divulgando eventos promovidos pelas comunidades.
Para o diretor executivo do Instituto Mídia Étnica, Paulo Rogério Nunes, responsável pela adaptação da plataforma ao contexto brasileiro, oVOJO é umas das principais ferramentas para democratizar a comunicação do mundo pois é direcionada a quem vive em áreas onde não há sinal de Internet ou que não possui recursos para comprar celulares mais sofisticados. “Com esse projeto estamos desenvolvendo uma solução para minimizar o problema da exclusão digital. Queremos que todos os brasileiros possam denunciar problemas de suas comunidades e contar suas histórias de maneira autônoma mesmo utilizando celulares que são considerados ultrapassados”, afirma. Para Luciane Neves, uma das coordenadoras do projeto, a expectativa é das melhores. “Por meio dessa formação inicial em cinco cidades acreditamos que podemos ter multiplicadores desse sistema e buscar formas de popularizar essa tecnologia em todo o país”, pontuou.
Oficina piloto
A primeira oficina-piloto do VOJO aconteceu no final de 2013 na Ilha de Maré, distrito de Salvador, localizada na Bahia de Todos-os-Santos. Jovens, marisqueiros e líderes quilombolas da região tiveram contato com a tecnologia e produziram as primeiras matérias denunciando, inclusive, ameaças de poluição ambiental provocadas por navios petroleiros.
Para Monique Evelle, coordenadora do movimento Desabafo Social e uma das selecionadas para participar da primeira oficina em Salvador, o Vojo vai facilitar a integração de 48 jovens colaboradores do Desabafo espalhados em 13 estados brasileiros. “Independente de se ter acesso à banda larga, eles vão utilizar o Vojo em suas comunidades, deixando a rede ainda mais dinâmica. Após a minha capacitação, vamos multiplicar as oficinas sobre o Vojo”, prevê.
Depois de ser lançado em Salvador, o IME vai oferecer oficinas do VOJO em São Paulo entre 21 a 23 de maio (veja abaixo a programação) e em mais três capitais. A ideia é capacitar líderes multiplicadores e difundir o sistema da maneira mais ampla possível, ampliando a visibilidade de suas demandas.
Programação das oficinas:
● Salvador: 29 e 30 de abril
● São Paulo: 21, 22 e 23 de maio
● Rio de Janeiro: 28, 29 e 30 de maio
● Recife: 4, 5 e 6 de junho
● São Luís: 16, 17 e 18 de junho
Instituto Mídia Etnica
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