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15/06/12

Educação dos brasileiros para a ciência e desenvolvimento

Programa Ciência sem Fronteiras apresenta novas metas e parcerias, no próximo mês bolsistas poderão estagiar em centros de Pesquisas e Desenvolvimento de grandes multinacionais. Com votação do PNE, Ensino M&eac

As companhias multinacionais Hyundai (de capital coreano); British Gas (inglesa); General Eletric e Boeing (ambas de capital norte-americano) vão oferecer, a partir do próximo mês, 400 vagas em seus centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para estudantes brasileiros das áreas tecnológicas que estão no exterior como bolsistas do Programa Ciência sem Fronteiras (PCsF).

A informação é do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Glaucius Oliva. Segundo ele, “os estágios serão oferecidos no período de férias no Hemisfério Norte (julho a setembro)”. Atualmente, há cerca de 4 mil bolsistas do PCsF no exterior. O programa abrange alunos de graduação e pós-doutores.

Além de estágio em multinacionais, o governo também tenta costurar o patrocínio de bolsas e oferta de estágios e empregos aos bolsistas egressos do PCsF em empresas brasileiras. Um quarto de todas as bolsas do programa (26 mil bolsas) deverão ser fornecidas por companhias estatais e privadas.

Até o momento, apenas a Petrobras assinou contrato para a transferência de recursos para o programa (R$ 75 milhões). A expectativa é que a Vale e a Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib) assinem em breve contratos semelhantes.

O governo quer ainda o acolhimento direto de estudantes do PCsF pelas empresas e entidades corporativas. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, mesmo oferecendo 5 mil bolsas, deverá envolver as pequenas e médias empresas na seleção de bolsistas, disse o presidente do CNPq à Agência Brasil, após participar, no Senado Federal, do seminário Caminhos para a Inovação.

Apesar do anunciado envolvimento das empresas no Programa Ciência sem Fronteiras, as companhias brasileiras foram criticadas no seminário pela falta de inovação tecnológica e escasso investimento em pesquisa e desenvolvimento. “ É um absurdo ainda ter que dizer que inovação é importante”, disse o senador Cristovam Buarque (PDT-AM) ao ressaltar que as empresas têm preocupação em fornecer “produtos made in Brazil[fabricados no Brasil], mas não created in Brazil [criados no Brasil]”.

O físico Marcelo Gleiser falou sobre a baixa performance das empresas brasileiras e lembrou que no ranking de 59 países mais ricos (dados do World Competitives Yearbook 2012) o Brasil é apontado como 54º em educação e inovação, e o sexto na geração de empregos. “Os brasileiros estão trabalhando, mas não na área de ciência e tecnologia”, ressaltou.

Para o engenheiro Marcelo Sampaio de Alencar, do Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Campina Grande, as empresas não se interessam em parcerias com as universidades para inovar processos e produtos, mas apenas diminuir a incidência de impostos. “O estímulo empresarial é a renúncia fiscal. Eles estão viciados, e só vão às universidades à procura disso”, disse.

A meta do governo é fazer com que, até 2014, 5 mil empresas privadas tenham processos contínuos de pesquisa e desenvolvimento. “As empresas produtoras de bens e serviços devem necessariamente aprofundar seu compromisso com o desenvolvimento de novas tecnologias, financiando e realizando P&D posteriores à pesquisa básica e aplicada”, defendeu Luiz Antonio Elias, secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Além da baixa inovação das empresas brasileiras, é pequena a participação dos cientistas na criação de tecnologias. Dos total de 2,6 milhões de currículos de pesquisadores registrados na Plataforma Lattes do CNPq, apenas 0,34% (8.954 pesquisadores) informa ter feito pedido de patente registrado.

PNE e um bom Ensino Médio

Membro do Conselho de Governança do Todos Pela Educação e do Conselho Nacional de Educação e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Não se pode deixar de reconhecer os inúmeros esforços que os governos, nas suas três esferas, vêm promovendo nas redes de ensino no Brasil. Isso pode ser percebido no que se refere, por exemplo, ao acesso, ao financiamento e ao banco de informações e dados disponíveis, seja por meio do Censo Escolar ou provenientes dos sistemas de avaliação implantados. Hoje sabemos a situação de cada escola brasileira. Um sistema complexo, diversificado e de tamanho continental. Apesar desses esforços, os números mostram que a aprendizagem é ainda um enorme desafio educacional para o país, principalmente para o ensino médio.

A fotografia desta etapa é ainda muito preocupante, tanto em fluxo escolar como na aprendizagem. Hoje, apenas 50% dos jovens de 19 anos terminam o ensino médio, sendo que 89% dos que concluem essa etapa da educação básica não aprenderam o esperado em matemática. Alguns passos vêm sendo dados na tentativa de reverter esse cenário: o financiamento do ensino médio por meio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e a aquisição do livro didático de todas as matérias para todos os alunos. Para se ter uma ideia de como essa política é recente, até 2005 os alunos dessa etapa não recebiam livros didáticos do governo federal por meio do Ministério da Educação (MEC).

O avanço, no entanto, só ocorrerá na velocidade necessária quando o desafio da valorização e da formação do professor for devidamente enfrentado, atrelado a um currículo escolar que seja capaz de motivar os nossos jovens. A escola de ensino médio no Brasil não tem dialogado com o mundo juvenil.

Mas uma iniciativa que emergiu em 2005, em Pernambuco, pode servir de inspiração para a imprescindível mudança dessa etapa: o programa Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, iniciativa do governo Jarbas Vasconcelos em parceria com o Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE). O êxito dessa iniciativa motivou o atual governador Eduardo Campos não só a mantê-la, mas a expandi-la com qualidade. Um belo exemplo de continuidade de políticas públicas em prol da educação.

O sucesso dessa parceria público-privada para a educação pública fez com que outros estados da Federação também adotassem essa iniciativa, como foi o caso do Ceará, do Piauí e, mais recentemente, de São Paulo. O modelo pedagógico e de gestão dessas escolas de ensino médio em tempo integral serviu também de inspiração para que o município do Rio de Janeiro criasse o Ginásio Carioca, destinado aos alunos das séries finais do ensino fundamental.

Tudo começou com uma complexa reforma predial do "velho" Ginásio Pernambucano, "um caso que virou uma causa", como diz o idealizador do modelo, o empresário Marcos Magalhães.

O jovem quer uma escola que caiba na vida, e esse modelo de escola consagra esse anseio juvenil, uma vez que promove saltos de aprendizagem em decorrência de um projeto pedagógico e de gestão inovadora. Uma escola que promove o associativismo juvenil e empreendedorismo na formação dos alunos, que recebem todo o material necessário à aprendizagem. Os professores são de tempo integral (não ficam pulando de uma escola para outra), avaliados pelo mérito de seu trabalho em sala de aula e o teto salarial decorre do resultado dessas avaliações. Os diretores são igualmente avaliados mediante indicadores de gestão.

Como resultado, os alunos gostam da escola e, assim, aprendem de fato. E os resultados já surgiram com o primeiro Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) dos alunos dessas escolas, em 2008. A nota média dos alunos na prova objetiva foi 44,27, enquanto a média Brasil foi de 40,54; dos alunos de ensino médio das demais escolas públicas de Pernambuco, essa nota foi de apenas 38,71. Em 2010 esse quadro se manteve. No Sistema de Avaliação da Educação de Pernambuco (Saepe), essas escolas ocupam sempre as primeiras posições.

Para a ampliação da iniciativa, o grande desafio não está no custo dessa nova escola, mas em ter professor qualificado para atuar no novo modelo pedagógico. Ou seja, estamos falando de uma formação inicial e continuada que dialogue com a escola pública.

A escola pública que sonho não é aquela para os menos favorecidos economicamente, mas aquela em que cada um de nós colocaria seus próprios filhos. E o programa Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral, no modelo que foi desenhado em Pernambuco, é um desses exemplos que o país todo deveria seguir.

 



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