Mais cortes em juros bancários. Economistas sugerem cautela
Com a redução da Selic pelo Copom, bancos voltam a baixar juros a partir desta segunda. Empresários apoiam redução. Sindicalistas querem mais. Economistas recomendam cautela a quem for trocar de bancos.
Com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgada quarta-feira (18) de reduzir a taxa básica de juros (Selic) de 9,75% para 9% ao ano, os bancos Caixa Econômica e Banco do Brasil voltaram a baixar suas taxas, como haviam feito no último dia 9, puxando outros bancos privados. Itaú e Bradesco, por exemplo, também cortaram as taxas mínimas nos empréstimos para os clientes.
A partir desta segunda-feira (23), as agências da Caixa Econômica Federal em todo o país funcionam com horário ampliado de atendimento ao público. Segundo nota do banco, as agências passam a abrir uma hora mais cedo que o horário habitual para atender as demandas do Programa Caixa Melhor Crédito. O novo horário vai vigorar até o dia 11 de maio.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou nota defendendo que a redução atinja o custo dos empréstimos.
“O Banco Central vem baixando os juros há seis meses. Nesse contexto, os bancos devem baixar a taxa de juros para as pessoas físicas e jurídicas. É preciso estimular o crédito para sustentar o crescimento econômico e a geração de empregos no Brasil”, disse o presidente da entidade, Paulo Skaf, por meio de nota.
Já a Força Sindical considerou “extremamente tímida” a queda de 0,75 % . “Entendemos que, com esta queda conta-gotas, o Banco Central perdeu uma ótima oportunidade para fazer uma drástica redução na taxa de básica juros, que poderia funcionar como um estímulo para a criação de novos empregos e para o aumento da produção no país”, ressalta a nota assinada pelo presidente da central sindical, Paulo Pereira da Silva.
Para a Força Sindical, o alto patamar dos juros, agora em 9% ao ano, atrapalha a expansão da economia. “ O mercado de trabalho tem diminuído o ímpeto de geração de empregos, ao mesmo tempo em que a indústria tem piorado seu desempenho nos últimos meses”.
Economistas recomendam cautela
Apesar das taxas reduzidas tornarem os empréstimos atraentes, os clientes não devem se apressar a mudar de banco em busca das facilidades. É bom manter a cautela e pesquisar bem. Essa é a recomendação de alguns economistas ouvidos pela Agência Brasil.
O especialista em finanças pessoais e professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Newton Marques recomenda às pessoas que pesquisem e comparem os produtos oferecidos pelos bancos na hora de tomar um empréstimo. “O dinheiro, o empréstimo, também é um produto”, lembrou. Mas o professor alerta que os consumidores devem evitar o impulso de fazer compras à prestação. A dica é só parcelar se responder "sim" a três perguntas: tenho necessidade deste produto? Tenho dinheiro para pagar? Preciso comprar agora?
Antes de trocar de banco para obter taxas mais baixas de juros, a dica do professor de finanças pessoais da Fundação Getulio Vargas (FGV) Fábio Gallo é negociar a redução dos encargos com a própria instituição financeira da qual já é cliente. “Antes de mudar de conta e ficar entusiasmado com o anúncio da taxa do banco do vizinho, é preciso negociar”. Gallo disse ainda que o cliente deve fazer simulações dos empréstimos, verificar o valor das prestações e a taxa efetiva de juros. E se for mudar de banco, é preciso analisar ainda todo o pacote de serviços oferecido pelo banco.
Outra orientação é que o cliente peça ao banco para o qual pretende migrar que seja apresentado por escrito tudo o que está sendo prometido, como tarifas e taxas. Assim, se for preciso recorrer aos órgãos de defesa do consumidor, o cliente terá a documentação necessária para comprovar irregularidades.
CNTU com Agência Brasil