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06/05/15

Indígenas utilizam tecnologia contra desmatamento

Suruís usam tecnologia para defender a floresta do desmatamento com a ajuda do GPS. Os dados coletados são enviados para autoridades competentes como Polícia Federal e Funai

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Os índios suruís têm usado o Google Earth Engine, uma tecnologia da Google que democratiza o acesso a dados de satélites, para defender parte da floresta amazônica do desmatamento. Hoje, para qualquer movimentação estranha ou presença hostil, os índios, que vivem entre Rondônia e Mato Grosso, usam o equipamento para rastrear, por exemplo, algum madeireiro ilegal. Com isso, os dados são enviados para as autoridades competentes como Polícia Federal e Funai.

O trabalho dos índios tem dado certo, afirma o líder dos suruís Almir Suruí. Especialistas afirmam que a tecnologia tem ajudado a detectar, mas as autoridades competentes precisam agir com mais rapidez para inibir as ações ilegais.  A opinião foi compartilhada em encontro na última quinta-feira (30/04), na sede do Google em São Paulo, que contou com a presença do cacique, a cientista Rebecca Moore, líder do Google Earth Engine e o pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Carlos Souza Júnior.

Almir lembra que a ideia de usar tecnologias para ajudar na luta contra ações ilegais surgiu em 2007, quando ele visitava os Estados Unidos e decidiu bater na porta de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, a Google. “A gente estava passando na frente da sede da Google e eu tinha muito curiosidade de ver como funcionava, então lá fomos nós. Apresentei minha vontade de que o Google fizesse sua parte tecnológica junto a ação do povo suruí”, conta o líder.

Segundo o cacique, os índios receberam treinamento especializado para fazer imagens e rastrear via satélite. Almir explica que os índios tiveram que aprender a mexer com tecnologias porque necessitavam buscar soluções. “Infelizmente muitos índios participavam do desmatamento para a venda ilegal de madeira. Mas para mudar este comportamento, tivemos que dialogar e buscar conscientização. Hoje estamos preparados para sermos protagonistas de nossa história”, explica dizendo que o trabalho realizado é para buscar autonomia de seu povo, proteger a floresta e dialogar com a economia.  “Queremos mostrar que a terra indígena é importante. A floresta contribui para o equilíbrio, inclusive climático”, completo.

O líder dos suruís explica ainda que o Google foi e está sendo um instrumento importante para a preservação da floresta e de seu povo. “A gente precisa chamar a atenção do mundo para buscar políticas públicas”.

A cientista da computação Rebecca Moore conta que ao questionar sobre como Google e índios poderiam trabalhar, Almir respondeu: os suruís não sabem de tecnologia, mas a Google não sabe de floresta. Foi aí que ela entendeu que a parceria daria certo. “Pessoalmente acredito que é o projeto mais poderoso que fiz para o Google. Tem uma palavra que aprendi em português: socioambiental. Nós não temos essa palavra em inglês, deveríamos ter. Eles são um povo pequeno, mas muito esperto”.

Google Earth Engine

“O Google Earth Engine é uma plataforma tecnológica para análise de dados ambientais em escala planetária. Ela disponibiliza imagens de satélite produzidas nos últimos 40 anos, atualizadas diariamente, e fornece as ferramentas necessárias e um massivo poder computacional para cientistas e outros interessados detectarem mudanças e tendências na superfície terrestre, nos oceanos e na atmosfera”, explica a cientista Rebecca. “A plataforma é uma ferramenta que democratiza o acesso a dados de satélite, transformando pixels em conhecimento.  É justo dizer que o Earth Engine foi concebido no Brasil e guiado por cientistas brasileiros, como os pesquisadores Carlos Souza Júnior, do Imazon, e Gilberto Câmara, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).”

Imazon

Para Souza Júnior, do Imazon, é preciso trabalhar colaborativamente para avançar, com isso, ter um impacto desejado. Por isso, foi atrás do Google para unir forças em prol da floresta amazônica. Segundo ele, como pesquisador, tinha como frustação não poder usar tantos dados gerados de uma forma útil. “Eu que sou pesquisador tinha como frustração por não poder usar uma quantidade enorme de dados disponíveis e sem poder extrair informações. Agora não, esses dados são usados de maneira proveitosa”, disse ao explicar como a coletagem de dados têm avançado nos últimos anos. Ele também explica que coletar estes dados é importante para quantificar perdas, como a de carbono, e do desmatamento da floresta.

O pesquisador do Imazon lembra que além do Google Earth Engine era necessário criar tecnologias de mapeamento que suportassem um monitoramento ambiental em larga escala – um sistema capaz de mapear, medir e monitorar o desmatamento da Amazônia.  Ao trabalhar junto com o Google, surgiu o Sistema de Alerta de Desmatamento Alimentado pelo Earth Engine (SAD-EE). “Com ele conseguimos produzir alertas de desmatamento por meio de boletins de forma rápida, permitindo um combate mais eficaz contra o desmatamento ilegal”, disse Souza Júnior ao explicar o projeto.

Os dados e as ferramentas de processamento de imagens de satélites, edição de mapas digitais e validação do mapeamento estão disponibilizados e rodam nos computadores do Google, explica. Ele explica ainda que outra vantagem é a possibilidade de integração com sistemas de comunicação móvel, como smartphones e tablets, e com a rede de computadores da internet.  “Isso facilita os alertas de desmatamento e degradação florestal”, ressalta.

Segundo ele, o processo, que começou lento, com um pouco mais de 600 técnicos, principalmente, no Pará, tem avançado. “De março de 2012 a fevereiro de 2013 enviamos mais de 3 mil alertas. Temos cerca de 400 alertas certificados em campo. Parece um número pequeno, mas mostra que os municípios estão no processo de engajamento para atuar no controle do desmatamento”, comemora.


Vivian Costa/SBPC

 



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