Descarte de medicamentos ameaça saúde e ambiente
A necessidade de se estabelecer o correto descarte de medicamentos foi o tema colocado em pauta pela Fenafar (Federação Nacional dos Farmacêuticos) durante o Fórum Social Temático realizado em Porto Alegre. A discuss
Carente de regras que protejam o meio ambiente e a saúde pública, o Brasil atualmente trabalha na implantação de um acordo setorial que, no âmbito da Política Nacional de Resíduos Sólidos, propicie o fim correto a esses produtos por meio da logística reversa. Ou seja, a exemplo do ocorre com materiais como lâmpadas e baterias, criar uma cadeia de descarte que leve os medicamento vencidos ou inutilizados por qualquer motivo de volta à indústria farmacêutica que dará o destino final adequado a eles.
Participaram da discussão o diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Eduardo Costa, a gerente de Resíduos Perigosos do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Veloso, a representante da Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Amanda Vieira, e a da Interfama, Vera Valente.
Entre as questões fundamentais para que haja avanços na instituição de uma política eficaz para o setor, está o uso consciente de medicamentos, evitando a compra indevida ou excessiva do produto, e ainda a possibilidade de fracionamento para que o consumidor possa adquirir a exata dose que utilizará, evitando as sobras. Além disso, ainda é tarefa a ser cumprida o levantamento dos números relativos a esses resíduos, hoje desconhecidos.
Modelo de sucesso
Ficou por conta do espanhol Juan Carlos Mampaso, diretor geral da Sigre Medicamento e Meio Ambiente, a demonstração de que é possível ter sucesso num plano como esse. Criada pelos laboratórios da Espanha em 2001, a entidade é responsável por garantir a correta gestão das sobras de medicamentos, num processo que conta com a participação ativa das drogarias e empresas de distribuição de remédios e também do consumidor, já habituado a levar os fármacos sem uso que tem em casa aos “pontos Sigre”.
Segundo Mampaso, que considerou a iniciativa da Fenafar extremamente importante, o Brasil embora tenha um longo caminho a percorrer, inicia o processo corretamente. “O caminho do acordo setorial é básico e fundamental porque devem colaborar os três agentes do setor: a indústria, os distribuidores e as farmácias”, afirmou. Conforme ele, é fundamental que esses estejam devidamente conscientizados e sensibilizados.
Além das suas dimensões maiores e a existência de um grande número de representantes de cada elo dessa cadeia, pode representar uma dificuldade maior ao Brasil o fato de haver inúmeras drogarias não pertencentes a farmacêuticos, o que não ocorre no país ibérico. Por outro lado, salientou Mampaso, a iniciativa nacional conta com a experiência da logística reversa em outros setores para se espelhar.
Para que o esforço seja bem-sucedido, será ainda importante o convencimento do cidadão, cuja adesão ao programa é indispensável. “Nesse sentido, o medicamento tem a vantagem da relação direta com a saúde da pessoa. Funcionou na Espanha o binômio meio ambiente e saúde. Quem leva seus medicamentos para o descarte correto está contribuindo para o ambiente porque evitará a contaminação das águas etc, mas também para seu próprio bem-estar porque isso vai implicar um uso mais responsável e o fim da automedicação”, avaliou.
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