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18/11/11

1º Encontro Nacional da CNTU é realizado em São Paulo

Debater o papel da classe média e a participação dos profissionais universitários no desenvolvimento e na política do Brasil foi o principal objetivo do 1º Encontro nacional da CNTU, realizado nesta sexta-feira

Durante a abertura, Allen Habert, diretor de articulação nacional da CNTU, relatou que a confederação escolheu o ano de 2011 para unificar uma plataforma de ideias entre as categorias médias do País. “Defendemos políticas públicas que são essenciais para atravessar a defasagem entre uma economia forte e a questão social”, destacou.

Na sua visão, no futuro, o movimento liderado pela CNTU será reconhecido como gerador da mudança. “Se construirmos agora tudo aquilo que reivindicamos no passado, teremos condições de criar um País socialmente mais forte e justo”, acredita. 
Habert citou também que durante o evento seria lançada a campanha “Por um Brasil inteligente”, que visa melhorias na educação, na saúde, nos serviços públicos, na geração de empregos, na indústria nacional, entre outras prioridades para o desenvolvimento de um País inteligente. 

Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), acredita que o debate promovido pela confederação vai contribuir de forma significativa com esse período de transição positiva que o Brasil vem atravessando. “Compartilhamos  dos mesmos fundamentos e visão que a CNTU tem do País. Queremos lutar por um projeto nacional de desenvolvimento justo, forte e democrático”, ressaltou.

Falando da atuação da classe média nos momentos decisivos da história do Brasil, como o movimento republicano que derrubou a monarquia, o vereador Jamil Murad (PCdoB/SP) disse que já nessa época essa camada representava um anseio de desenvolvimento. “É essa vontade que eu vejo representada nesse evento, de dar continuidade ao movimento de participação em prol do progresso social”, enfatizou. 

Para o presidente da CNTU, Murilo Pinheiro, a entidade tem a responsabilidade de responder pelas áreas que congrega e por tudo que a sociedade necessita. “Temos que criticar, mas também apontar o caminho, apresentando propostas factíveis para desenvolver o País.”
Também participaram da mesa de abertura os presidentes Cid Carvalhaes, da Fenam (Federação Nacional dos Médicos); Juarez Trevisan, da Fenecon (Federação Nacional dos Economistas); Célia Chaves, da Fenafar (Federação Nacional dos Farmacêuticos); Welington Mello, da Fio (Federação Interestadual dos Odontologistas); além de Ernane Silveira, presidente do Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo. 

Desenvolvimento econômico e mobilidade social
O professor Waldir Quadros, do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), discorreu sobre “A classe média e o desenvolvimento econômico”. No início de sua apresentação, ele falou que o principal desafio é entender porque no recente ciclo de desenvolvimento não houve um dinamismo produtivo nacional também nos segmentos diferenciados da classe média. “É importante olhar o passado e recuperar o período mais recente de crescimento econômico para retirar todas as consequências analíticas e políticas dessa fase e entender os desafios que estão colocados hoje para o desenvolvimento brasileiro.”
Quadros mencionou as fases de crescimento econômico nacional. “É importante destacar que, de 1930 a 1980, o País se industrializou e se desenvolveu, inclusive a classe média foi criada fundamentalmente nessa época. A partir de 1981, iniciou-se um longo período de estagnação com uma forte regressão industrial, social e de todos os trabalhadores, que durou até 2003”, citou.

De acordo com o palestrante, a partir de 2004, houve a retomada do crescimento econômico trazendo um dinamismo social nos segmentos populares com redução da miséria pelo aumento do salário mínimo acima da inflação e da geração de empregos. “Uma parcela importante dos pobres ascendeu à baixa classe média, mais conhecida como C, e isso precisa ser valorizado, porque no Brasil quase nunca é assim, os segmentos populares são os que menos se beneficiam”, opinou.

Assim, a ascensão mais vigorosa chegou apenas aos pobres que subiram para a baixa classe média . Já a elevação para as pessoas que já se encontravam nessa camada bastante restrita não ocorreu, pois na média classe média as novas oportunidades são bem limitadas e na alta predomina a estagnação. “É uma falácia dizer que o País se tornou uma nação de classe média, temos ainda uma parcela expressiva de miseráveis e uma classe média renegada que representa 80% dos ocupados”, criticou.

Para o especialista, a única forma de obter um dinamismo produtivo nacional também nos segmentos diferenciados da classe média é implantar uma política de industrialização juntamente com serviços produtivos e sociais para que seja possível gerar empregos diretos para a verdadeira classe média, como engenheiros, médicos, entre outros. “Apesar dos retrocessos da estrutura industrial, ainda é possível recuperar as lacunas nas cadeias produtivas e construir condições macroeconômicas mais favoráveis, particularmente no que diz respeito às políticas industrial e tecnológica”, ponderou.

Nesse sentido, acredita que o Brasil tem uma chance histórica de implementar um novo padrão de desenvolvimento econômico baseado na retomada da industrialização e acompanhado de avanços equivalentes nos serviços produtivos para construir uma nação moderna, civilizada e ambientalmente saudável. “O pré-sal é uma dessas oportunidades e, se bem aproveitado, viabiliza a reindustrialização. Havendo coesão social, clareza e bons propósitos, será possível enfrentar a turbulência da crise internacional e obter outro padrão de desenvolvimento”, citou. 

Para Quadros, com essa iniciativa, será possível criar condições econômicas mais avançadas e oportunidades para a alta e a média classe média, rompendo assim, os obstáculos que impedem que a mobilidade social avance vigorosamente para além da baixa classe média. “Fazia tempo que o Brasil não tinha uma conjuntura tão favorável para o desenvolvimento econômico. Temos que aproveitar este momento.” 

Outro ponto crucial, na visão do palestrante, é a reestruturação dos serviços públicos de educação, saúde, saneamento, habitação, segurança pública, transporte coletivo, que devem contemplar toda a sociedade. “Só assim vamos construir uma sociedade mais justa e menos desigual, elevando os padrões de vida em geral e extinguindo a miséria e a pobreza”, acredita.  Para finalizar, disse que as soluções serão implantadas pela política. “O Estado tem papel decisivo e a sociedade deve apoiá-lo para obter avanços”, concluiu.

A classe média e a democracia 
Após sua fala, foi a vez de o consultor sindical da CNTU, João Guilherme Vargas Netto, falar sobre “A classe média e a democracia”. Ao contextualizar historicamente o conceito de classe média, o palestrante apontou a dificuldade de defini-la e suas contradições. Ele explicitou que a concepção marxista de classe tem a ver com seu papel na produção e propriedade, enquanto a weberiana, com distribuição por renda. E frisou ser preciso olhar também para a distribuição de propriedade, “tão ou mais pervertida, dez vezes mais intensa que a concentração de renda no Brasil”.
Assim, resumiu: “As classes operária e burguesa são as polo no capitalismo. Aí temos a classe média no meio, uma construção social.” Vargas Netto salientou que a classe média sofre pressão ideológica das 20 mil famílias mais ricas que se encontram no topo da pirâmide, mas também da grande massa que se encontra na base, mediante a proletarização permanente e o empobrecimento, o que a faz buscar a socialização com essa parcela.

Em sua preleção, o consultor da CNTU revelou que a classe média tem o papel de inteligentsia, opinião pública e publicada. E, paradoxalmente, “tem papel progressista por exemplo na abolição da escravatura em 1889 e regressista no golpe militar de 1964”. Somente depois é que vai mudar de opinião e se articular com a massa trabalhadora para lutar contra a ditadura. Mais recentemente, o neoliberalismo incute-lhe a ideia do individualismo. Hoje, indicou, tem oportunidade ímpar de, restaurados elementos de vivência democrática, ser participante ativa na construção do desenvolvimento. “A CNTU se propõe a ser algo novo em direção aos profissionais que se situam nessa parte. Assim, tem como primeira tarefa ser representante de seus anseios, sentimentos, propostas e reivindicações. Essa batalha ainda não está ganha, há muito o que avançar e várias profissões a serem atingidas.” Sua segunda atribuição, conforme Vargas Netto, é se associar ao movimento sindical como um todo, que tem recuperado seu protagonismo social, nas lutas por reajustes salariais, industrialização e queda dos juros. Dessa forma, seria tarefa estratégica da CNTU vocalizar na classe média e ser seu porta-voz na defesa da democracia e do desenvolvimento. Além disso, de acordo com o especialista, combater as desigualdades e “ser um farol contra o preconceito”.

Refletindo as ideias apresentadas no ensejo, foram aprovados ao final das preleções a “Carta de São Paulo” e o “Manifesto do I Encontro Nacional da CNTU por um Brasil inteligente”.

O 1º Encontro Nacional da CNTU foi precedido de discussões regionais realizadas em MaceióVitóriaGoiânia e Porto Alegre

Empossado conselho consultivo
Para auxiliar a confederação a fazer frente a esses desafios, foi implantado durante o I Encontro Nacional seu Conselho Consultivo. Na oportunidade, foram empossados 300 membros. Esse fórum é formado pelos diretores da confederação e nomes por ela indicados, além de presidentes das federações vinculadas à CNTU e sindicatos. Os agraciados anualmente com o prêmio Personalidade Profissional também passam a integrá-lo. Numa composição horizontal, contando apenas com uma secretaria executiva para operacionalizar os trabalhos, todos têm igual peso nas deliberações.

Na posse, o diretor de articulação nacional da CNTU, Allen Habert, foi categórico: “Tenho absoluta certeza que esse conselho fará enorme diferença na luta pela ampliação da democracia no nosso País. Essas cabeças vão nos ajudar a inovar, a propor, a trazer a confederação para perto do real, para acertar mais e errar menos.” E sugeriu: “Vamos nos debruçar nos próximos seis meses a produzir ideias para apresentar até a Rio + 20.” O objetivo, disse Habert, é pensar em legado após esse evento. Ao assumir como conselheira e representando os demais empossados, a economista Ceci Juruá, pesquisadora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), aduziu: “A classe média tem a marca da ambigüidade, é conservadora e revolucionária. E tem uma tarefa muito grande e importante, sendo a CNTU a trincheira de resistência para que o Brasil não dê marcha à ré. Estou otimista com seu papel, e é uma honra trabalhar em prol do nosso país e de nossa gente.” 

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