Compromisso mundial contra a AIDs
O presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Joseph Deiss, foi categórico: "Chegamos a um momento crítico". "Acredito que, se quisermos ter sucesso, é essencial para as nossas açõ
Representantes de 30 países, incluindo o Brasil, defenderam quarta-feira (8) a ratificação de um compromisso coletivo para combater a aids. Eles reiteraram a necessidade do incremento de ações de saúde nessa área, em Nova York, durante a reunião de alto nível da Sessão Especial da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
O presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Joseph Deiss, foi categórico: "Chegamos a um momento crítico". "Acredito que, se quisermos ter sucesso, é essencial para as nossas ações haver uma ampla parceria entre os governos, o setor privado e a sociedade civil”, disse Deiss. "O acesso universal implica em envolver justiça social e inclusão social."
Segundo Deiss, é necessário ainda adotar medidas que reduzam custos e ofereçam mais opções de tratamento aos portadores do vírus HIV. Para ele, é fundamental investir na prevenção da doença e exigir o fim da discriminação às pessoas infectadas pelo vírus, permitindo que tenham acesso a tratamentos.
O Brasil é representado na reunião pelos ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e da Saúde, Alexandre Padilha. Nesta quinta (9), ao final do encontro, uma declaração reafirma os compromissos atuais e a decisão de assumir novas ações para reduzir a incidência da doença.
Nas últimas três décadas, mais de 60 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus HIV no mundo. Pelo menos 25 milhões de pessoas morreram e mais de 16 milhões de crianças ficaram órfãs devido à doença. No Brasil, os números se mantêm estáveis, segundo o Ministério da Saúde, que registrou, desde 1980 até junho de 2010, 592.914 casos.
Para os especialistas, a epidemia se mantém estável. A taxa de incidência oscila em torno de 20 casos de aids para cada grupo de 100 mil habitantes. Em 2009, foram notificados 38.538 casos da aids no Brasil. No país, há mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas essa diferença vem diminuindo ao longo dos anos.
Brasil presta contas
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defendeu que os líderes internacionais busquem controlar as diferenças sociais na tentativa de conter a epidemia de aids no mundo. Ao discursar na quarta-feira (8), durante os debates sobre tratamento para o combate à aids, o chanceler lembrou que o Brasil adotou um programa que visa à cooperação internacional.
Segundo o ministro, o programa brasileiro inclui a prevenção da doença e o tratamento das pessoas com o vírus HIV, além de políticas de combate às diferenças sociais. “A pobreza extrema, a desigualdade social, a falta de oportunidades econômicas, os sistemas de saúde fracos, a estigmatização, a discriminação e outras violações de direitos humanos são determinantes da epidemia, e essas questões devem ser tratadas de forma abrangente.”
Em outubro, o assunto será tema da 1ª Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde, no Rio de Janeiro. Patriota lembrou que, no Brasil, o acesso a meios prevenção e ao tratamento da aids – de forma gratuita – é um direito de todos e uma responsabilidade do Estado.
Patriota destacou as parcerias feitas pelo Brasil com vários países para a prevenção e o combate da aids. Segundo ele, há acordos com o governo de Moçambique para a construção de uma fábrica farmacêutica para a produção de medicamentos genéricos antirretrovirais. Há, ainda, colaboração com os governos de Botsuana, Gana, da Nigéria e da Zâmbia, além da Índia e África do Sul .
O chanceler afirmou que também há programas comuns do Brasil com os governos da Bolívia, de Cabo Verde, de Guiné Bissau, da Nicarágua, do Paraguai, de São Tomé e Príncipe e do Timor Leste para pôr em prática projetos que assegurem o acesso universal à prevenção do vírus HIV, além dos tratamento, cuidados e apoio aos doentes. “No Haiti, estamos trabalhando com países como Cuba para o fortalecimento do sistema de saúde”, disse. (Com artigos de Renata Giraldi, Agência Brasil )