Sucesso da banda larga móvel ameaça redes
A banda larga móvel está explodindo na América Latina e só o mercado brasileiro de telefonia deve adicionar, neste ano, entre 6 milhões e 7 milhões de terminais de acesso à internet móvel
O mercado brasileiro de telefonia deve adicionar, neste ano, entre 6 milhões e 7 milhões de terminais de acesso à internet móvel, seja na forma de celulares inteligentes ou de placas para conectar ao computador. A estimativa, feita ontem pelo presidente da Vivo, Roberto Lima, aquece o debate sobre a capacidade das redes das operadoras de aguentar o crescimento do tráfego de dados.
"Entramos muito acelerados na oferta de pacotes de dados de uso ilimitado e isso pressionou demais o tráfego", afirmou o diretor de marketing da TIM, Rogério Takayanagi. "Temos que rever nossos produtos."
Lima também falou em mudança nos planos de serviços. Segundo ele, há duas semanas a Vivo retirou das prateleiras um pacote de acesso de dados que chamava de ilimitado. Em vez disso, passou a oferecer um serviço de dois gigabytes. Na prática, o pacote também não tem teto de uso, já que é possível conectar-se à internet, embora com velocidade menor, quando se chega aos dois gigabytes.
"Fizemos isso porque percebemos casos de pessoas que compravam o pacote, distribuíam o sinal entre vários computadores e montavam uma lan house. Isso congestiona a rede", disse o presidente da Vivo.
O diretor de serviços de valor agregado da mexicana América Móvil, Marco Quatorze, lembrou que a Claro teve de segurar temporariamente as vendas de seus pacotes de terceira geração (3G) ao notar uma pressão excessiva em sua infraestrutura.
Os executivos participaram de um painel sobre a América Latina no Mobile World Congress, o maior evento mundial de telefonia móvel, que acontece nesta semana em Barcelona.
O crescimento do mercado latino-americano e o bom desempenho da região durante a crise econômica levaram a organização do evento, a GSM Association, a dedicar, neste ano, um espaço para debater as oportunidades de negócios nesses países. Dos seis palestrantes, quatro eram brasileiros.
A banda larga móvel está explodindo na região e vai se multiplicar por cinco, chegando a 35 milhões de acessos em cinco anos, ressaltou José María Álvarez-Pallete, principal executivo do grupo espanhol Telefónica na América Latina. Segundo ele, mais da metade da população estará coberta pelas redes de internet móvel até 2014.
"Isso significa uma enorme pressão e uma enorme responsabilidade", disse Álvarez-Pallete. O executivo lembrou que a Telefónica enfrentou problemas em sua rede fixa no Brasil por causa do crescimento acelerado da demanda.
Ontem, o coexecutivo-chefe da Research in Motion (RIM, fabricante do BlackBerry), Mike Lazaridis, disse que a capacidade das redes estará esgotada em três a cinco anos. Além do maior uso da internet móvel pelos assinantes para acessar músicas, e-mail e vídeos, as empresas esperam um aumento na transmissão de dados pelos sistemas de automação que utilizam ou vão utilizar a infraestrutura móvel, como carros, leitores de eletricidade e máquinas que vendem produtos. A Ericsson trabalha com a perspectiva de que haverá 50 bilhões de dispositivos conectados em 2020 (hoje, há pouco mais de 4,5 bilhões de celulares).
O presidente da Vivo afirmou que uma das soluções possíveis no curto prazo é o investimento compartilhado em sistemas de transmissão (distribuição do sinal), como o que foi feito pela empresa em parceria com a Claro e a Embratel no Sul do país.
Fonte: matéria deTalita Moreira no Valor Econômico - 17/02/2010
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