Há saídas fora do ajuste fiscal, dizem especialistas

Um grupo de especialistas lançou na segunda-feira (28), em  São Paulo, o caderno “Por um Brasil Justo e Democrático”. Em  dois volumes, os economistas, sociólogos e organizações que assinam o documento defendem saídas para a retomada do crescimento, alternativas ao ajuste fiscal em curso. 

O resultado de uma série de reuniões e debates em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, são os cadernos: Mudar para sair da crise – Alternativas para o Brasil voltar a Crescer; e O Brasil que queremos – subsídios para um projeto de desenvolvimento nacional. O material assinado pelo Centro Internacional Celso Furtado de Políticas Para o Desenvolvimento, Le Monde Diplomatique Brasil, Fórum 21, Brasil Debate, Fundação Perseu Abramo, Plataforma Política Social e Rede Desenvolvimentista, e que contou com a participação de mais de cem especialistas, continua aberto a contribuições.  O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, em sua fala durante o lançamento, disse que a expectativa é que o conteúdo seja apropriado pela sociedade, que é " quem leva a cabo” as propostas, ou de nada servirá.  

Participaram na mesa os economistas e professores da Unicampi Pedro Rossi,  do Instituto de Economia  e membro do Brasil Debate; Guilherme Melo, da Rede Desenvolvimentista e Eduardo Fagnani, da  Plataforma Política. Eles lembraram as virtudes do período recente de crescimento do Brasil, baseado no consumo de massas, porém com distribuição de renda,  mas que têve equívocos. Um deles foi apontado por Pedro Rossi, que criticou as excessivas desonerações concedidas ao setor privado, que enfordou a margem de lucro sem dar retorno à economia. "Não investiram em nada que não tivesse retorno esperado”.  O resultado foi queda na arrecadação que agravou a crise da desaceleração econômica. No entendo, ele acredita que o clima de terrorismo pintou a crise pior do que ela é. “Isso não teria sido grave se o discurso dominante não criasse esse clima de terrorismo.”

A imprensa também foi responsabilizada, por não questionar o discurso do sistema financeiro ao dizer que "é ajuste ou nada", conforme apontou Guilher Melo. O debate público, segundo ele, foi interditado por essa visão. Hoje, as pontes para um projeto desenvolvimentista podem ser dinamitadas pelas reformas conservadoras em curso no Congresso. na opinião de Eduardo Fagnani. “Os liberais sentenciam que é preciso rever o contrato social, liquidando a Constituição de 1988. Não se pode aceitar o argumento de que as demandas sociais não cabem no Orçamento.”

Recuperar o crescimento e receitas é o principal desafio do País, de acordo com Pedro Rossi, que vê nisso a responsabilidade fiscal hoje. Irresponsabilidade fiscal, segundo ele, seria jogar o Brasil em recessão.


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