Carta aberta pela Alimentação Saudável
CNTU lança Departamento de Alimentação Saudável e Observatório Sindical Josué de Castro de Alimentação e Nutrição
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU) lança seu Departamento de Alimentação Saudável, em Maceió, Alagoas, neste 16 de outubro de 2015, Dia Mundial da Alimentação. Com esse gesto, assinala a importância da contribuição dos sindicatos e federações de profissionais universitários nas lutas sociais pela alimentação adequada, reconhecida como um direito constitucional desde 2010. Essa conquista precisa agora se efetivar e para isso é preciso superar dificuldades econômicas, políticas e culturais.
Ainda passam fome absoluta 1 bilhão de seres humanos, uma tragédia social que temos meios e formas de superar. Esse flagelo atinge especialmente populações pobres dos países periféricos e da periferia das grandes cidades, e também os pobres dos países desenvolvidos, vítimas de um sistema econômico global excludente e concentrador de renda. A despeito de todo o progresso científico e tecnológico conquistado pela humanidade, não está garantida a priori aos povos a alimentação saudável. Sobrevivem antigas e surgem novas ameaças à segurança alimentar, exigindo que o tema seja objeto de reflexão e ação.
Motivada por essa demanda fundamental, a CNTU lança também nesta data o Observatório Sindical Josué de Castro de Alimentação e Nutrição para acompanhar e formular alternativas de políticas públicas relacionadas à alimentação. A homenagem a esse ilustre brasileiro, médico, escritor, combatente contra a fome, aponta a disposição da entidade de levar adiante a luta iniciada por ele e lamentavelmente ainda longe de ser vencida.
Na última década, nosso país logrou tirar milhões de pessoas da miséria e da pobreza através das melhorias de condições de emprego, salário, distribuição de renda e da oferta de alimentos. No entanto, ainda há os que não têm acesso a alimentos em quantidade e frequência necessárias. E também aqueles que, tendo essa necessidade básica contemplada ou mesmo a mesa farta, estão submetidos ao consumo de produtos contaminados por venenos utilizados na agricultura, com graves ameaças à saúde humana e ao meio ambiente.
Repensar a alimentação é também repensar o desenvolvimento agrícola e agrário hegemônico, atualmente baseado na monocultura e em grandes propriedades de terra. Conforme a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), tal modelo é insustentável social e ambientalmente, especialmente diante da necessidade da expansão em 70% da produção mundial de alimentos até 2050.
O Brasil vem sendo apontado por organismos internacionais como exemplo de alternativas para vencer a pobreza e realizando a inclusão social através de políticas públicas que garantem condições de sobrevivência e valorização da agricultura familiar, responsável pela produção da maior parte dos alimentos consumidos pela população local. Dentre as recomendações e obrigações dessas políticas, destacam-se a garantia da compra pelos governos de alimentos da agricultura familiar para abastecer escolas e outras instituições públicas e promoção da agroecologia e agricultura orgânica, colaborando com os agricultores para a transição da agricultura convencional (com uso de transgênicos e agrotóxicos) para uma ambientalmente mais responsável e comprometida positivamente com o futuro. Porém, ainda que bem-vindas, essas ações ocorrem à margem do grande sistema agrário, produtor de culturas para exportação com uso intensivo de venenos que comprometem a saúde.
Convencida de que é possível e necessário fazer crescer de modo eficiente a economia nacional, garantindo bem-estar à população, distribuição de renda e preservação ambiental, a CNTU vem dar sua contribuição com as iniciativas que ora apresenta aos profissionais de sua base e ao conjunto da sociedade: seu Departamento de Alimentação Saudável e o Observatório Sindical Josué de Castro de Alimentação e Nutrição. Os nutricionistas da CNTU atuam ao lado de economistas, engenheiros, farmacêuticos, médicos e odontologistas para desenvolver saberes e ações que contribuam para uma ética alimentar e nutricional que promova genuínos estados de saúde física e mental dos brasileiros e de todos os povos da Terra.
Parabéns à FAO pelos seus 70 anos, completados hoje, sob a direção do agrônomo brasileiro, especialista na questão agrária, José Graziano da Silva. Vida longa e sucesso ao Departamento de Alimentação Saudável da CNTU e ao Observatório Sindical Josué de Castro de Alimentação e Nutrição que acabam de nascer.
Maceió, 16 de outubro de 2015
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