Fórum na Unicamp discute despatologização de gêneros e sexualidades

Médicos, psicólogos e educadores se reúnem para abordar medicalização de elementos da vida social
Apesar de a homossexualidade ter deixado de ser tratada como uma doença pela psiquiatria há 30 anos, o País parece caminhar na direção contrária, com propostas como a “cura gay”, que permitia o tratamento psicológico para “reverter” a homossexualidade. Segundo Maria Aparecida Affonso Moysés, uma das organizadoras do II Fórum Construindo Vidas Despatologizadas e professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, esse movimento seria efeito da tentativa de padronizar e homogeneizar a vida humana, com a patologização da diversidade e das diferenças que caracterizam a humanidade.
Além das questões de gênero, outras também são transformadas em doenças, transtornos ou distúrbios na sociedade moderna e ganham espaço nos debates de problemas políticos, sociais, culturais e afetivos. Discutir os efeitos dessa patologização ou medicalização da vida contemporânea é um dos objetivos do II Fórum Construindo Vidas Despatologizadas, que será realizado na Unicamp entre 16 e 17 de novembro e reunirá médicos, psicólogos e educadores, entre outros profissionais do Brasil e do exterior.
Entre os palestrantes está Robert Whitaker, jornalista e escritor norte-americano especializado em investigação científica, com publicações como “Anatomy of an Epidemic” (Anatomia de uma Epidemia, ainda sem tradução para o português), em que aborda a razão de o número de pessoas com transtornos mentais ter triplicado nos Estados Unidos nas últimas duas décadas. A conferência de Whitaker, com foco na medicação infantil, terá tradução simultânea.
De acordo com a professora da FCM, o objetivo do fórum não é apenas desencadear reflexões críticas, mas também buscar a elaboração de possibilidades de atuação para construir vidas despatologizadas. Para ela, “a sociedade quer cada vez mais ser anestesiada para não sentir dor e, consequentemente, deixa de sentir alegria e prazer”.
Nos dois dias de evento, que acontecerá no Centro de Convenções da Unicamp, também serão discutidos: os efeitos da patologização nos processos educativos, o movimento antimanicomial e a epidemia de diagnósticos, abordando a ética e a política envolvidas nela.
O II Fórum Construindo Vidas Despatologizadas é uma realização do [re]pense, novo grupo de estudos do Fórum Pensamento Estratégico (PENSES) que se dedica a organizar eventos e produzir reflexões e discussões sobre patologização, intolerância e discriminação. O evento é organizado também pelo Despatologiza – Movimento pela Despatologização da Vida. O PENSES é um espaço acadêmico, vinculado ao Gabinete do Reitor, responsável por promover discussões que contribuam para a formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da sociedade em todos seus aspectos.
Mais informações sobre a programação podem ser encontradas no site www.gr.unicamp.br/penses/II-forum_vidas_despatologizadas.
II Fórum Construindo Vidas Despatologizadas
Dia: 16 e 17 de novembro de 2015
Horário: 16/11, das 9h00 às 18h30; 17/11, das 9h00 às 17h30.
Local: Auditório do Centro de Convenções/Universidade Estadual de Campinas
Endereço: Rua Elis Regina, 139, Cidade Universitária, Campinas (SP).
(Unicamp)
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