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16/03/16

Comitê de Igualdade de Gênero terá desafio de ampliar participação de mulheres em cargos de chefia

Para socióloga, criação do comitê no MCTI é um avanço, mas as transformações não dependem apenas de políticas “top down”

 

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) anunciou em dezembro a criação de um Comitê de Igualdade de Gênero, que tem como objetivo estimular e subsidiar a inclusão de políticas públicas de gestão de gênero no Ministério. A previsão era que o Comitê começasse a operar a partir de março de 2016.

A inserção de políticas de gênero no âmbito do MCTI é parte de uma ação para ampliar o ingresso de mulheres pesquisadoras em todas as áreas do conhecimento, conforme explica a coordenadora executiva do Comitê, Ludmila Brito Ribeiro. “Caberá ao Comitê sugerir o ordenamento de novas práticas institucionais necessárias à promoção de ações de paridade e de combate à desigualdade no MCTI”, explica. Mas, de acordo com Maria Conceição da Costa, socióloga e professora do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a criação do Comitê, apesar de representar um avanço em direção a uma política igualitária entre homens e mulheres, não é a única solução necessária. “Acredito que as transformações são um processo e não apenas políticas top down (de cima para baixo)”, pondera.

A proposta é que o novo órgão atue em torno de quatro eixos principais: combate à desigualdade dentro do MCTI; promoção da abordagem interdisciplinar de gênero na pesquisa; desenvolvimento das carreiras científicas e tecnológicas entre jovens, especialmente meninas; e estabelecimento de parcerias internacionais na temática de igualdade de gênero na pesquisa.

“As mulheres são a maioria das egressas dos cursos de graduação e doutorado. A questão que se coloca é: para onde vão estas mulheres após esta formação tão qualificada?”, questiona a coordenadora executiva do Comitê.

Ribeiro menciona um levantamento realizado em julho de 2015, realizado junto a instituições de pesquisa brasileiras, que indica que 32% dos pesquisadores e tecnólogos no País são mulheres. “Isso nos coloca no mesmo patamar do Centre National de Recherche Scientifique (CNRS), na França”, diz.

Porém, quando se observa a participação delas nos cargos de chefia, os números são desapontadores: em níveis hierárquicos mais altos, as mulheres representam parcos 10%. “Com a instalação do Comitê, vamos trabalhar para desenvolver ações de promoção da igualdade no ambiente de pesquisa”, promete.

Processo de transformação

A pesquisadora da Unicamp concorda que a participação das mulheres na ciência vem apresentando consideráveis avanços, especialmente na última década, mas que, de fato, isso é apenas o início de um processo que precisa ser incentivado. “No começo dos anos 2000, o número de jovens mulheres inscritas nos programas de iniciação científica do CNPq (PIBIC) ultrapassou, pela primeira vez, a quantidade de homens. Entretanto, ainda existe um longo caminho que envolve não apenas um maior número de mulheres, mas uma maior participação nos espaços de decisão”, afirma.

Costa cita, também, o exemplo de áreas historicamente consideradas “femininas”, como enfermagem, psicologia, etc., que tendem a ter um número grande de mulheres estudantes e pesquisadoras, mas poucas ocupando os cargos mais altos. “Existem várias áreas em que a presença de mulheres é explícita, mas isso não significa que elas tenham acesso às decisões sobre as escolhas científicas e tecnológicas”, diz.

Segundo ela, o que impede as mulheres de participarem expressivamente desses escalões superiores é um machismo implícito, que se beneficia de uma aparente cultura meritocrática. “Em nome de uma suposta meritocracia se escolhem os ‘melhores’ e são apontadas as regras dessa corrida”, conta.

Conforme sugere, para que as mudanças aconteçam, é necessário discutir essas regras e buscar novas, que levem em conta todas as disparidades. “A desigualdade em um país como o Brasil deve incorporar também outros marcadores de diferença que mantêm uma parte da população em situação precária. A situação socioeconômica, raça, deficiência, sexualidade e idade também devem ser levantadas porque, juntas, indicam a desigualdade de gênero em quaisquer espaços sociais”, conclui.

 

Fonte: Jornal da Ciência impresso

 

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