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18/10/16

Vida saúdavel previne até 35% de mortes por câncer

Mesa da manhã do evento Cartografias da Agricultura, promovido pela CNTU e Sinesp, alertou sobre a ingestão de agrotóxicos e também a adoção de hábitos saudáveis para prevenir doença. Empresas que mantêm sistema alimentar contaminado investem pesado em publicidade. 

Foto: Beatriz ArrudaFoto: Beatriz Arruda


Durante a primeira parte do evento, no período da manhã, o tema abordado foi “Alimentação, nutrição e câncer". A alimentação inadequada é classificada como a segunda causa de câncer que pode ser prevenida, chegando a ser responsável por até 20% dos casos de câncer nos países em desenvolvimento, como o Brasil, e por aproximadamente 35% das mortes pela doença.

Quem fez o alerta foi a nutricionista Thainá Alves Malhão, coordenadora substituta da Unidade Técnica de Alimentação, Nutrição e Câncer do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca).

Ela aproveitou a ocasião para divulgar dados que estão reunidos no site do Inca – em www.inca.gov.br/alimentacao - como a escolha por alimentos frescos ou minimamente processados ser tão importante para a prevenção da doença, quanto optar por hábitos saudáveis como não fumar e realizar atividades físicas regularmente.

Existem alimentos que contribuem com o fortalecimento do organismo, protegendo-o, e outros que apresentam grandes chances de aumentar os riscos de desenvolver câncer. O conjunto que possibilita uma dieta colaborativa são os alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, que também causam menos danos ao agricultor. A recomendação é consumir, no mínimo, cinco porções, ou seja, 400g por dia de vegetais, sendo duas porções de frutas e três de verduras e legumes sem amido, como cenoura, couve-flor, berinjela e tomate – sendo cada porção equivalente a uma quantidade aproximada que caiba na palma da mão (80 g), do produto picado ou inteiro.

Dados
De acordo com levantamento do Inca, são 600 mil novos casos de câncer no Brasil, ao ano, sendo 60% com diagnóstico em estágio avançado, já sendo a segunda causa de mortes por doença, no País.

“O que causa os danos no DNA (que levam ao câncer) são agentes químicos como poluição e agrotóxico, as bebidas alcoolicas, alimentação inadequada, excesso de peso, inatividade física, tabagismo, radiação ionizante, exposição excessiva a radiação solar, agentes infecciosos específicos como o vírus do hpv e da hepatite C e fatores genéticos. Mas é importante destacar que somente de 10 a 20% dos casos se devem exclusivamente a fatores genéticos”, explicou Thainá Malhão.

Segundo dados de um artigo científico, publicado neste ano, sobre a fração atribuível de câncer a fatores de vida, infecções e agentes ambientais ocupacionais, percebe-se que embora o tabagismo se confugure como principal fator de risco, de forma isolada, quando se agrupam todos os fatores dietéticos e nutricionais, na verdade o impacto desse conjunto é muito maior, sendo 35% dos óbitos por câncer são decorrentes de fatores não genéticos, ultrapassando o tabagismo. E para cada 100 casos de pessoas com câncer, 33 poderiam ser prevenidos com mudanças de hábitos alimentares e atividade física.

Ela lembrou, ainda, que é preciso refletir sobre qual o tipo de sistema de alimentos estamos inseridos, lembrando da massiva publicidade feita por marcas mundiais do setor, que comercializam alimentos processados e ultraprocessados, que contém substâncias cancerígenas.

O advogado Marcelo Carneiro Novaes, defensor público da Capital e Região Metropolitana do Estado de São Paulo, que também participou da mesa, falou que a estima feita por órgãos oficiais do estado, de que que pelo menos 30% de produtos horti-fruti estão impróprios para consumo humano, está substimada. "Dos 237 princípios ativos pesquisados, não entram o 2,4-D e o glifosato, que respondem por 40% do volume de agrotóxico utilizado no Estado de São Paulo", alerta Novaes.

Ele salientou a importância de reunir esforços e criar consensos, como por exemplo o de não focar na judicializar. "Não adianta judicializar os embates. Trata-se de questão política, de dominação econômica, não é falta de lei".

Para ele, entre o cenário ideal e o que está acontecendo atualmente, existe uma zona imensa onde "dá para atuar pelo que é possível". "As pessoas perderam a noção de sociedade. E o Estado brasileiro foi vendido há muito tempo. Os setores fiscalizados dominam os setores fiscalizadores. A atividade estatal foi sequestrada pelos setores econômicos", lamentou o defensor público que, utilizando um dito popular, fez um apelo: "Caititu fora do bando é comida de onça, a gente tem que se unir".

Principais agrotóxicos utilizados
Vale repetir a informação de que desde 2008, o Brasil é o maior consumidor de pesticidas do mundo. Mais de 400 tipos de substâncias de agrotóxicos são permitidas pelo governo brasileiro. Entre os 50 mais utilizados, 22 são proibidos em países desenvolvidos. Entraves políticos e jurídicos acabam impedindo a proibição dessas substâncias. O glifosato, o mais utilizado no país, e no mundo, é oficialmente classificado como cancerígeno para os seres humanos. Agricultores expostos ao glifosato tem mais chances de desenvolver linfoma não-Hodgkin. O glofosato é o principal ingrediente do herbicida Round Up da Monsanto.

O Malathion é um inseticida usado tanto na agricultura quanto em ambientes domésticos para o controle vetorial. Sua utilização aumenta o risco de câncer da próstata e linfoma não-Hodgkin. Já o Diazinon aumento o risco de câncer de pulmão, linfoma não-Hodgkin e leucemia. O 2,4-D, segunda substância mais comercializada no Brasil, embora tenha evidências limitadas, há forte evidência de que ele induz ao estresse oxidativo, um processo que pode danificar células e levar a um sufocamento do sistema imunológico.

O inseticida Lindano, banido em diversos países desde 2006, que já foi amplamente utilizado na agricultura e na remoção de piolhos e sarna em seres humanos, causa linfoma não-Hodgkin e o DDT aumenta a incidência de câncer de fígado, intestino e linfoma não-Hodgkin.

Os dados divulgados pela pesquisadora são da Agência Internacional de Investigação do Câncer (Iarc), ligada à Organização Mundial de Saúde (OMS).



Deborah Moreira
Comunicação CNTU

 

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