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29/12/14

Especialista destaca avanço da Ciência Cirúrgica no Brasil

Para pesquisadora da Unifesp, a medicina cirúrgica deu um salto de qualidade e de quantidade nos últimos anos

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Chamada de “patinho feio” na década de 1990, a Ciência Cirúrgica investiu no conhecimento e transformou-se no chamado “top class” da produção científica da medicina no Brasil. A análise é de Lydia Masako Ferreira, professora titular da disciplina de cirurgia plástica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenadora de Medicina III (área cirúrgica) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação.

Segundo ela, nos últimos anos a medicina cirúrgica brasileira deu um salto de qualidade e de quantidade na produção científica e se destacou entre as demais áreas da saúde nos programas de avaliação da Capes. Vale destacar que a Capes classifica as áreas de medicina em três categorias: medicinas I e II correspondem às áreas clínicas; e medicina III, que inclui especificamente as especialidades cirúrgicas.

Segundo a especialista, tal resultado é explicado pela busca do conhecimento no exterior e pela criação de programas de pós-graduação (PPG) com padrão internacional, principalmente em São Paulo, onde concentra 66% dos programas da área cirúrgica.

No olhar da especialista da Unifesp, a área cirúrgica entendeu que os conhecimentos científico e tecnológico desempenham papel de liderança. “Se quisermos ocupar lugar de liderança precisamos ter pesquisa científica e tecnológica”, alerta.

Lydia recorda que até a década de 1980 a experiência profissional cirúrgica era o fator mais importante para o avanço da área. Porém, para continuar expandindo os profissionais precisaram buscar o conhecimento, diante da ênfase dada à internacionalização e à produção científica. Assim, os cirurgiões buscaram o conhecimento no exterior para criar e estabelecer linhas de pesquisa e grupos de pesquisa; e se voltar à área básica, respectivamente.

“Esse foi um período de grande adaptação para cirurgia como um todo, para mudar o foco de seus estudos práticos e consolidar uma linha de pesquisa. Cerca de 20 anos se passaram para que essa mudança pudesse ser completamente incorporada pela área cirúrgica, o que hoje consideramos plenamente integrada e exercitada pela interdisciplinaridade hoje tão comentada”, analisa a especialista da Unifesp.

Mudança de cenário

Segundo dados da pesquisadora da Unifesp, no início deste século, especificamente no triênio 2001/2003, não havia nenhum programa de pós-graduação de Ciência Cirúrgica no Brasil com padrão internacional – com notas 6 e 7 avaliadas pela Capes. E apenas 18% do total dos programas de pós-graduação eram considerados muito bons, com nota 5, nesse mesmo período.

Passada uma década, praticamente, no triênio 2010-2012, foram registrados quatro programas de pós-graduação de Ciência Cirúrgica com padrão internacional. Na mesma tendência, a parcela dos PPG considerados muito bons subiu para 42% do total dos programas avaliados pela Capes, no período.

Diante de tal cenário, a pesquisadora da Unifesp declarou que na década de 1990 a medicina III era considerada o “patinho feio” da saúde, pela produção científica menor do que as medicinas 1 e 2. Hoje, porém, disse, “os limites de Fator de Impacto dos periódicos das medicinas são idênticos, mostrando o quanto a Medicina 3 avançou”.

Comparando o desempenho da ciência cirúrgica brasileira ao mercado internacional, Lydia declarou que essa área, no Brasil, é “top class”, sobretudo pela “nossa” criatividade, genialidade e iniciativa, itens necessários para atividade cirúrgica.

“Isso é tão verdade que hoje hospitais de ponta possuem um setor específico para pacientes estrangeiros que preferem ser operados no Brasil. Se observa, em congressos internacionais, regularidade em conferências e premiação para pesquisadores cirurgiões brasileiros e a seus estudos. Isso representa credibilidade, relevância e credibilidade na área”, considerou Lydia. Ela acrescentou: “o papel da pesquisa foi muito importante para esse crescimento profissional e credibilidade dos nossos profissionais.”

Desafios

Embora a Medicina III tenha crescido consideravelmente no horizonte acadêmico e de pesquisa científica, Lydia ainda vê muito espaço para crescer, principalmente na área profissional sobre a qual a área tem atuado, mas ainda sem visão clara do seu alcance.

“Acredito que os mestrados profissionais mostrarão o caminho para uma maior clareza desse horizonte profissional que é muito amplo e próprio da área. Talvez seja um dos caminhos para o exercício das ações conjuntas, denominada hélice tríplice: universidade, empresa e governo no processo da Inovação”, analisou.

Nesse caso, Lydia acrescentou que o Brasil ainda está em fase de consolidação científica e tecnológica. Embora o País ocupe o 13º no ranking mundial de produção científica e responda por 2,27% de toda produção científica do mundo, segundo ela, ainda há muito o que realizar. Destacou ainda que o país representa menos de 1% das patentes do mundo e não possui nenhum Prêmio Nobel.

“Isso demonstra um grave desequilíbrio entre pesquisa e inovação em todas as áreas de atuação”, alerta.

Apesar de o Brasil representar a 6ª maior economia do mundo, Lydia disse, também, que o país permanece oscilando entre o 46º e 48º lugar na lista de competitividade dos ranking internacionais que avaliaram indicadores de inovação tecnológica no mundo (World Economic Forum e World Competitiveness Yearbook). Dessa forma, Lydia vê necessidade de o Brasil investir em pesquisa científica e tecnológica, considerando que países que mais investem nessas áreas são os líderes de desenvolvimento econômico no mundo.

Desigualdade regional

A pesquisadora da Unifesp vê também com um problema a assimetria regional do Brasil, na área científica. Para ela, esse problema precisa ser solucionado em todas as áreas de atuação – apesar de esforços realizados pelas áreas e pelas agências de fomento, federal e estadual, com a publicação de editais para estimular o crescimento nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste.

Conforme Lydia, existem 41 programas de pós-graduação em medicina cirúrgica no Brasil, dos quais 66% em São Paulo, onde são concentrados 27 PPG. Enquanto em regiões como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná existem 3 PPGs, em cada estado. A situação se agrava no Rio Grande do Sul, com 2 cursos; e no Ceará, Pernambuco e Pará, um em cada estado. Já na região Centro-Oeste não há nenhum PPG.

A pesquisadora acrescentou que todos os programas de pós-graduação com padrão internacional estão situados em São Paulo. Os destaques são para as áreas de Oftalmologia, da Unifesp e Ginecologia, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com notas 7; e também Urologia e Cirurgia Plástica da Unifesp, com notas 6.

Viviane Monteiro/ Jornal da Ciência/Créd.EPM – Unifesp



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