Acampamento Terra Livre reúne mais de 1,5 mil indígenas
Começou ontem (24/4) a 14ª edição do Acampamento Terra Livre que reúne indígenas de cem povos diferentes, de todas as regiões do país, na capital federal.
Os índios se mobilizam em torno de uma agenda de protestos, atos públicos, audiências com autoridades, debates e atividades culturais que durará toda a semana, até sexta (28). Mais de 1,5 mil lideranças indígenas de todo o País, em Brasília, estão acampadas numa reação a ofensiva do Congresso Nacional e Judiciário nos últimos tempos que ameaça direitos dos povos originários do País.
O acampamento ocupa o gramado ao lado do Teatro Nacional de Brasília. Durante a tarde e o início da noite, representantes e delegações indígenas de todas as regiões do Brasil tomaram o local por completo.
Às 20h, os indígenas começaram a se reunir na tenda principal do acampamento para a abertura oficial da mobilização, com a recepção das delegações, precedida de uma apresentação do povo Kayapó. Ainda no início da noite, também foi exibido o documentário Preconstituinte, do cineasta Celso Maldos. A obra retrata a primeira grande mobilização indígena em Brasília, em 1984 – quatro anos antes da promulgação da Constituição.
Na manhã desta terça-feira (25), ocorreram apresentações de danças e cantos tradicionais.
O mote do acampamento é “Unificar as lutas em defesa do Brasil indígena” e seu objetivo é “reunir em grande assembleia lideranças dos povos e organizações indígenas de todas as regiões do Brasil para discutir e se posicionar sobre a violação dos direitos constitucionais e originários dos povos indígenas e das políticas anti-indígenas do Estado brasileiro”.
O ATL é um importante momento de articulação entre lideranças de todo país e de incidência política do movimento indígena. Estão na pauta da mobilização, entre outros temas, a paralisação das demarcações; o enfraquecimento das instituições e políticas públicas indigenistas; as iniciativas anti-indígenas que tramitam no Congresso; a tese do “Marco Temporal”, pela qual só devem ser consideradas Terras Indígenas as áreas que estavam de posse de comunidades indígenas na data de promulgação da Constituição (5/10/1988); os empreendimentos que impactam negativamente os territórios indígenas; a precarização da saúde e educação indígenas diferenciadas; a negação do acesso à Justiça e a criminalização das lideranças indígenas.
Estão previstas marchas, atos públicos, audiências com autoridades dos três poderes, debates, palestras, grupos de discussão e atividades culturais. O ATL 2017 é promovido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) com apoio de organizações indígenas, indigenistas, da sociedade civil e movimentos sociais parceiros.
Com informações de Cimi e Instituto Socioambiental ISA
(publicado por Deborah Moreira)