Marcha protesta contra "mentiras" da COP 20 no Peru
Milhares de militantes marcharam na capital peruana em protesto às emissões de CO2 e às nações que mais uma vez não demonstram intenção em evitar as mudanças climáticas.
Camponeses, indígenas, movimentos sociais e sindicatos de diversos lugares do mundo participaram da Marcha Mundial em Defesa da Mãe Terra, que ocorreu na quarta-feira (10/12), nas ruas de Lima. A estimativa é que pelo menos 10 mil pessoas estiveram presentes.
Ydelson Hernandes, das Rondas Campesinas de Cajamarca acredita que os acordos finais do encontro internacional das grandes potências do mundo, que ocorre no Peru, não estabelecerão metas reais de controle sobre as mudanças climáticas. Diversas lideranças classificam o encontro da ONU uma falácia.
“Se a COP 20 fosse realmente para sanar a problemática ambiental no mundo poria fim a tentativa de efetivar o projeto mineiro Conga, em Cajamarca, pois se esse projeto de extração de ouro que já resistimos há muito sua implantação saísse, acabaria com as águas no norte do Peru”, pensa.
A macha fez parte da programação da Cúpula dos Povos, que ocorreu paralelamente à Conferência Climática da ONU, a COP-20 Lima, encontro das Nações Unidas que se encerra nesta sexta (12).
A Cúpula dos Povos promoveu debates sobre o papel dos camponeses, indígenas e trabalhadores da cidade na busca de soluções para frear os estragos ambientais provocados pelo grupos transnacionais na América Latina.
“O capital transfere suas crises para outras partes do mundo, a COP-20 é isso, discutir como expandir essa crise para os países do Sul. Portanto, cabe aos camponeses, indígenas, trabalhadores unir-se, porque eles são os verdadeiros meios para conseguir frear projetos absurdos como Conga e alimentar o mundo, além de preservar as florestas em pé. Os grandes poluidores do mundo, que estão fechado na COP 20 não vai fazer isso”, ressaltou Jorge Perez da Confederação Camponesa Peruana (CPP).
As organizações participantes da Cúpula entregaram ao ministro do Ambiente e presidente da COP-20, Manuel Pulgar Vidal, um documento final do encontro das organizações, chamado "Declaração de Lima", que resume as reivindicações das organizações, movimentos e coletivos sociais, peruanos e internacionais, sobre a responsabilidade dos governo em relação às mudanças climáticas. Um dos temas centrais é capitalismo verde que vem dominando a agricultura.
O que está em jogo?
O painel internacional de cientistas ligado à ONU, o IPCC, afirma que é preciso diminuir entre 40% e 70% do total de gases lançados até 2050 e zerar essa taxa até 2100. Somente dessa forma é que será possível conter o aumento da temperatura do planeta em 2ºC - prevista para ocorrer até o final deste século.
Os gases-estufa, como o dióxido de carbono (CO2), são liberados principalmente na queima de combustíveis fósseis, mas também com o desmatamento e outras atividades humanas. Caso essas atividades não sejam reduzidas, fenômenos climáticos, cada vez mais extremos, ocorrerão em diversas regiões. Secas, enchentes, degelo dos polos e aumento do nível dos mares são alguns deles. De acordo com os cientistas, a temperatura média da Terra já subiu 0,85ºC com relação à era pré-industrial (1880).
Fonte: Brasil de Fato e agências
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