FIO entrevista deputado sobre saúde pública
O deputado Federal Jorge Solla (PT/BA), autor do projeto de lei que inclui a saúde bucal no campo de atuação do SUS, demonstrou, em entrevista ao site da Federação Interestadual dos Odontologistas (FIO).
O parlamentar mostra uma grande preocupação com os objetivos do governo Temer, que, segundo ele, “já disse ao que veio”, congelando investimentos em políticas públicas e cortando importantes programas sociais no País.
Qual é a sua perspectiva com relação ao futuro da saúde bucal no Brasil diante do atual quadro político/econômico do Brasil?
Nós temos uma preocupação com esse cenário porque foi um avanço muito grande a incorporação da saúde bucal no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir do governo do presidente Lula. Tanto a fluoretação da água quanto a presença da Odontologia na atenção básica, quanto a rede especializada, os laboratórios de prótese, criamos um arcabouço fundamental para abordar a saúde bucal no Brasil e os indicadores mostram que o impacto foi gigantesco. Infelizmente nós estamos num cenário de perda de direitos, de cortes de recursos nas políticas públicas. E neste cenário já acabaram as Farmácias Populares no Brasil, acabaram o Ciência sem Fronteira, e temos a preocupação com a ameaça que estão sofrendo hoje ações importantes como a saúde bucal.
Por isso o Projeto de Lei nº 6.836/2017?
Então, mais do que nunca é fundamental que a gente possa incorporar na legislação e com isso dar mais sustentabilidade, mais segurança jurídica à luta em defesa da saúde bucal, não só em preservar o que já conquistamos mas que a gente possa retomar o crescimento do acesso à nossa população.
Com a atividade do Congresso e a sua particularmente no campo da saúde pública, o brasileiro tem motivo para ficar otimista?
Olha, eu acho que o otimismo cabe se a população compreender essa necessidade e cobrar desse governo que está aí. É um governo sem voto, que deu um golpe de estado para assumir de assalto o poder e já disse para o que veio: pretende nos próximos 20 anos congelar os investimentos em todas as políticas sociais. E é o que nós estamos vendo. Eu já falei da farmácia popular, do Ciência sem fronteira, mas é bom lembrar que estão tirando 100 mil pessoas do Bolsa Família por mês. Já foram excluídas um milhão e meio de famílias. Estão restringindo acesso a ações importantes em várias áreas. No orçamento do próximo ano, se vigorar o que o governo que esta aí quer, teremos menos recursos para a saúde do que o executado este ano. Precisamos mobilizar a população. Eu peço o apoio de todos aqueles que constroem o sistema único de saúde todos os dias: os odontologistas, os usuários, coordenadores que possam estar mobilizando, para mostrar os riscos e que a gente possa vencer essa queda de braço.
Comunicação CNTU
Jornalista Paulo Passos/FIO
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