Fórum CNTU sobre bioética e sindicalismo começa em Belo Horizonte
Profissionais das entidades ligadas à CNTU debatem os dilemas de seus campos profissionais, relacionados à ética e à vida, capazes de mobilizar categorias por direitos, leis e políticas públicas de interesse social
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A bioética está implicada em tudo que se refere a respeitar ou a degradar a condição humana ou à vida de modo geral. Ela está presente na área científica, onde é mais conhecida, por exemplo quando a pesquisa recorre ao sofrimento de cobaias para testar medicamento para uso humano, e a academia e a sociedade lidam com um dilema bioético. Mas o tema está presente também na área social. Qual a ética envolvida em se pretender que a reclusão de adolescentes entre criminosos adultos promova o bem estar da sociedade de modo geral? A crença de alguns segmentos da sociedade de que a segurança depende da redução da idade penal implica em bioética.
São questões que se impõem na vida em sociedade e, como se viu nos exemplos acima, podem aparecer na universidade ou no parlamento, na vida pessoal ou na política, podem mobilizar a sociedade ou simplesmente ser ignoradas por ela. Mas como elas podem ser identificadas e enfrentadas na vida profissional e o que o movimento sindical tem a ver com isso?
Para debater este assunto as entidades que integram a CNTU se reuniram nesta sexta-feira para realizar o Fórum CNTU de Bioética e Sindicalismo Contemporâneo. Temas que antes não estavapm na agenda da luta sindical por direitos trabalhistas, hoje estão cada vez mais presentes. "É um novo modo de ver tudo que fazemos", diz José Ferreira Campos Sobrinho, presidente da Federação Interestadual de Odontologia (FIO), que organiza o evento nesta sexta-feira, em Belo Horizonte. Aquilo que um profissional acha que está certo, pelo fato de que não acarreta dolo, pode estar errado de um outro ponto de vista.
O aspecto social da bioética tem sido enfatizado pelo convidado de honra do evento, o pesquisador Voney Garrafa, da Universidade de Brasília, e coordenador de Bioética da Unesco. Já na década passada, ao defender a inclusão de tópicos sociais na Declaração Universal de Bioética da Unesco, ele alertava para o fato de que os países ricos, desejavam reduzir drasticamente o conceito de bioética às questões biomédicas e biotecnológicas, excluindo ou minimizando as temáticas social e ambiental. Por trás dessa posição reducionista, segundo ele, estava o interesse de grandes corporações internacionais no campo das patentes de medicamentos, dos insistentes desejos em flexibilizar os parâmetros éticos para as pesquisas com seres humanos.
Volney Garrafa fez a Aula Magna inaugural do Fórum CNTU e aponta aspectos que continuam opondo grandes interesses, por exemplo os temas ambientais até agora não enfrentados adequadamente.
A bioética, presente nas campanhas da CNTU
Para um sindicalismo que procura insidir em políticas públicas e levar as suas bases a refletir sobre a sociedade e a política, a bioética é um filtro pelo qual as ações e propostas mobilizadoras podem ser vistas. Campos Sobrinho considera a bioética um aspecto presente nas campanhas da CNTU, que integram a Campanha Geral Brasil Inteligente. Do banimento ao uso de agrotóxicos na alimentação humana às estratégias pelo uso racional de medicamentos, entre outras, são temas que implicam em enfrentamentos éticos, seja nos problemas do cotidiano profissional, seja nas políticas públicas para sanar esses problemas.
No caso da FIO, por exemplo, os profissionais lidam diariamente com a relação entre a preservação de um dente e a preservação da própria autoestima do paciente, ou com a hipótese de uma extração inevitável e tudo que ela representa para a saúde física e psicológica da pessoa atendida.
A bioética na odontologia é o tema apresentado pelo coordenador geral do evento, Luciano Eloi Santos, vice-presidente da FIO e presidente do Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG). Trazida para o âmbito das ações da CNTU, esse aspecto da odontologia se torna parte das preocupações das entidades que tocam campanhas conjuntas na confederação. E entre elas está justamente a campanha que defende à terceira dentição como direito a ser assegurado nas política públicas; E é, além disso, um componente do programa de governo Brasil Sorridente, que essa campanha da CNTU acompanha e monitora. O dia terá apresentações temáticas de economistas, engenheiros, médicos, farmacêuticos, nutricionistas e odontologistas.
Redação CNTU
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