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09/12/19

Plenária e posse do Conselho Consultivo da CNTU

Quarenta e dois novos conselheiros consultivos da CNTU foram empossados na tarde de sexta-feira (6/12) em Plenária ao final do 5º Encontro Nacional, que aprovou a Carta do evento.

 

Coroando o 5º Encontro Nacional da confederação, marcado por exposições e debates qualificados, 42 novos membros foram empossados ao Conselho Consultivo da CNTU durante Plenária que se seguiu ao seminário “Soberania e emprego”, na tarde de sexta-feira (6/12). Agora se somam 1.594 conselheiros. O evento se encerrou com a aprovação da Carta do 5º Encontro Nacional, lida no ensejo por Fernando Palmezan, diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp), na Capital, entidade que sediou a atividade.

Sob a coordenação de Allen Habert, diretor da CNTU, a Plenária contou com depoimentos especiais do historiador Célio Turino e do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, agraciado no ensejo com o prêmio Personalidade Profissional da confederação em Interesse público. O primeiro deles falou sobre “a economia de Francisco” e o segundo, “o pensamento de Celso Furtado” – seu mestre, segundo contou Bresser-Pereira. Furtado faleceu em 2004, aos 84 anos. Como enfatizou Habert, “o legado desse intelectual muito especial da nossa história contemporânea, que completaria 100 anos de vida em 2020, está ligado à nossa ideia de desenvolvimento”.

 

“Li todos os seus livros. Em 1976 fiz um curso com ele em São Paulo sobre desenvolvimento econômico na PUC (Pontifícia Universidade Católica) e depois organizei um ensaio sobre seu pensamento, muito bem feito. Durante 15 a 20 anos fui amigo pessoal de Celso Furtado, que trouxe as ideias fundamentais do desenvolvimentismo clássico – industrialização, com intervenção do Estado na economia através do planejamento e substituição de importações. Ele era um defensor do Brasil e da América Latina, juntamente com Raúl Prebish (economista argentino que foi diretor da Cepal – Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, tendo a assessoria de Furtado). Sou formado nessa tradição”, relatou Bresser-Pereira. Sob esse modelo de “substituição de importações”, como explicou, o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo entre 1930 e 1980, quando houve “virada neoliberal”, marcada na sequência por abertura comercial, privatizações, flutuação cambial. A partir de então, o quadro passou a ser de “quase estagnação”.

“Houve um ataque ao desenvolvimentismo, que não tinha novas ideias. Até que surgiram economistas da segunda geração, que indicaram a importância da política industrial, mas que por si só não resolve o problema. A saída é um novo desenvolvimento. Temos que debater e ter uma proposta nessa direção. É um desafio para todos nós”, concluiu Bresser-Pereira, que é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo.

Ao encontro da proposta de caminhos alternativos, Turino informou os participantes da Plenária sobre “a economia de Francisco”, cujo primeiro congresso ocorrerá entre 26 e 28 de março de 2020, em Assis, na Itália. “Foi um chamado feito pelo Papa em maio último para abarcar novas economias, do cuidado, da dádiva do bem-viver, da colaboração, camponesas, criativas, feministas... O nome se baseia nos princípios de São Francisco de Assis. Há um sentido de urgência histórica por ativar rede de movimentos sociais empreendedores, jovens pesquisadores, pequenos empresários. Se vivemos num planeta com recursos finitos, não é possível o modelo econômico baseado na acumulação infinita do capital. Isso só vai aprofundar a crise civilizatória e climática”, destacou o historiador, que é ainda escritor e especialista em políticas públicas. Turino informou também que a chamada “economia de Francisco” aponta a necessidade de transição energética profunda, que foque processo de geração e distribuição que assegure renda e emprego às comunidades periféricas. “Consideramos infame a concentração de riqueza e fortunas, um mundo com bilionários. Esse não é o mundo de Francisco, não é o mundo que se pretende apresentar para a humanidade, no qual não cabem paraísos fiscais, capital improdutivo. O mundo gastou US$ 1,8 trilhão em orçamento militar no ano de 2014, quase o PIB do Brasil. Um e meio por cento desse orçamento garantiria o pagamento de US$ 150 dólares ao mês por um ano a 10 milhões de jovens. A proposta é financiar organizações comunitárias [nessa nova economia de Francisco] para aprendizagem, serviços e cultura a jovens. Representa uma mudança profunda”, salientou, completando: “No encontro em Assis, vamos levar a proposta de renda básica de cidadania como contribuição do Brasil. E também que se nomeie ‘economia de Francisco e Clara.”

Laboratório social

Após os depoimentos especiais, foi a vez da posse dos novos conselheiros. Representando os membros veteranos, a socióloga Marina Sales e o engenheiro Francisco Dantas transmitiram mensagem de boas-vindas aos que chegavam para compor o chamado “Conselho das 1.000 Cabeças”. “Ao saudá-los, queremos convidá-los a uma luta árduo, mas atraente, que nos enobrece perante a sociedade”, ressaltou Dantas. “Podemos promover mudança, ser sujeitos e não objetos da história. Venham sonhar e praticar essa ideia de cidade e Brasil mais lindo, amoroso e, sobretudo, com mais justiça social. Vida longa à CNTU!”, completou Sales.

De acordo com Habert, a iniciativa é “um laboratório social que traz heterodoxia na questão da representação”. A referência é à diversidade de profissionais e inteligências que compõem o Conselho Consultivo da CNTU, concebido em 2011 para unir lideranças de todas as categorias no sentido de a confederação “acertar mais e errar menos”.

Habert apontou: “Enquanto o Brasil está desmontando conselhos, nós estamos reforçando essas frentes de saber. E queremos transmitir aos novos integrantes dois grandes projetos. O primeiro é ajudar a criar um novo projeto ao Bicentenário da Independência em 2022, para a gente dar um salto. E o segundo é a comemoração dos 100 anos da Semana de Arte Moderna, energia que vai dar condições de superarmos o momento anticultural que vivemos e construir uma revolução do conhecimento.”

À posse, representaram os novos conselheiros Ana Karin Andrade, Alfredo Attié Jr., Augusto Rodrigues, Erika Mota Santana, Cláudio Silvério de carvalho, Rosalina da Conceição Gomes Alves e Roberto Piwowarczyk, que trouxeram sua disposição e conhecimentos rumo a um país desenvolvido, justo e inclusivo. Ao final, o também conselheiro consultivo Hamilton Faria – que lançava na data seu último livro, intitulado MiniMais – recitou poesia de sua autoria.

Gilda Almeida, vice-presidente da CNTU, concluiu: “Temos a necessidade de unir as cabeças pensantes no processo de defesa da democracia num momento de extrema dificuldade e ataque a direitos.”

 

 

Soraya Misleh / Comunicação CNTU



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