Cúpulas do Panamá enfatizam lutas por paz e respeito aos povos das Américas
Fim do bloqueio à Cuba, negociações na Colômbia com as Farc, impulso à educação e apoio aos imigrantes no continente foram temas de acordo e consenso. Mas sanções dos EUA à Venezuela ainda impedem uma carta comum das Américas
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Movimentos sindicais, sociais e representantes das comunidades indígenas do continente fizeram na Cúpula dos Povos, realizada entre 9 e 11 de abril no Panamá, um contraponto ao encontro oficial dos chefes de Estado e representantes de diplomacia dos 35 países para a 7° Cúpula das Américas (Bachelet, do Chile, cancelou a ida devido a fortes inundações em seu país).
Com fortes críticas ao imperialismo norte-americano, participantes trataram de temas áridos para a Cúpula oficial, principalmente a soberania dos países da região frente a bloqueios e sanções impostas pelos Estados Unidos, como foi a recente suspensão do visto a sete funcionários do governo venezuelano e o congelamento de seus bens em território norte-americano. . As lutas contras as grandes mineradoras que exploram recursos naturais que pertecem aos povos do continente e os agrotóxicos despejados nos campos da região, comprometendo lavoura, meio-ambiente e alimentação em enorme escala foram temas tratados na Cúpula, que contou com a participação dos representantes da CNTU Welington Moreira Mello, Gilda Almeida de Souza e Fernando Palmezan Neto, integrantes do departamento de Relações Internacionais.
Enquanto isso, na 7° Cúpula das Américas, não houve consenso dos 35 países para a elaboração de uma carta final conjunta, o que levou o presidente do Panamá, Juan Carlos Varela Rodríguez, a emitir uma declaração que acabou valorizada como um documento final. Nela, o líder panamenho aponta os acordos feitos na cúpula,destacando que houve consenso em 90% das propostas debatidas durante o encontro, em temas como energia, saúde, educação, segurança, e de cooperação entre os países para proteção dos direitos humanos dos imigrantes. O documento destaca preocupação com os jovens, especialmente os que estão em situação de risco, ao mencionar o acordo voltado a fortalecer o ensino técnico e a oferta de emprego para os jovens, além de ampliar o acesso à educação no continente, com a criação de um Sistema Interamericano de Educação e estimjular parcerias entre as universidades e o setor público para elaboração de projetos de infraestrutura.
Cuba, EUA, Colômbia, Farc, Venezuela
Entre os acordos estão a decisão de apoiar a retomada das negociações bilaterais entre Cuba e os EUA, depois de mais de 50 anos, e Rodriguez destaca que isso “ criou uma expectativa legítima de que situações antigas e recentes, que tensionaram as relações entre os dois hemisférios do continente, possam ser resolvidas”.
Outro consenso foi de apoio à negociação de paz entre o governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que tem avançado. “Nunca antes estivemos tão perto de pôr fim a este longo conflito e de chegar à paz na Colômbia, que também representa a paz em todo o nosso continente. Por isso, esperamos que o governo da Colômbia e as Farc cheguem rapidamente a um acordo neste ano, para que todos possamos contribuir com o que mais importa: a implementação e a consolidação da paz.”.
A crise entre Estados Unidos e Venezuela resultou em um impasse capaz de impedir a produção de um documento conjunto. O presidente Nicolás Maduro queria que a carta final condenasse as sanções impostas pelos Estados Unidos ao país que, ao negar visto a funcionários de seu governo, havia declarado que a Venezuela representa uma “ameaça incomum e um problema extraordinário para os Estados unidos” e que o governo de Nicolás Maduro teria comportamento antidemocrático. Isso levou a Venezuela a cobrar visto de visitantes norte-americanos, e o confronto chegou sem solução à reunião do Panamá.
Evo Morales, presidente da Bolívia, foi duro ao cobrar nova qualidade de relações dos Estados Unidos com os demais países das Américas: "Deixe de usar o medo, as políticas de terror, as condicionantes de toda natureza, deixe de comportar-se como imṕério", discursou o líder indígena.
A 8° Cúpula das Américas poderá ocorrer no Peru, , conforme proposta do presidente Ollanta Humala.
Redação CNTU
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