Carta do 1º Encontro da Profissional Universitária
Em defesa da igualdade e da plena emancipação feminina
A Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), ao realizar o 1º Encontro da Profissional Universitária, vem afirmar o seu total compromisso com a luta em defesa da igualdade de gênero e pela plena emancipação feminina. Acreditamos que abraçar essa causa histórica e contribuir para superar todas as formas de discriminação e violência contra a mulher é essencial à construção de uma sociedade verdadeiramente justa.
Para encampar essa batalha, em 8 de março de 2013, a confederação iniciou o processo de construção do seu Coletivo de Mulheres, o qual propôs este encontro com o objetivo de engajar ao debate as e os profissionais de todo o Brasil, buscando formular as “Diretrizes para uma política de gênero na CNTU: trabalho, saúde e política”. A iniciativa baseia-se no reconhecimento do peso e da importância das mulheres em todos os setores da vida nacional e, particularmente, de sua inserção crescente nas profissões de formação universitária, assim como reafirma a vocação cidadã e compromisso com o fortalecimento da democracia por parte da CNTU.
As mulheres constituem 52% da população brasileira e do colégio eleitoral do País, 46% da População Economicamente Ativa (PEA), 44% da população ocupada e são chefes de cerca de 40% das famílias. Para cada 100 brasileiros com 12 anos ou mais de estudos, há 57 mulheres e 43 homens e, em quase todos os setores da economia, as mulheres que trabalham têm média de escolaridade superior à dos homens.
Apesar desse protagonismo feminino, a desigualdade continua sendo imensa neste século XXI. Mesmo com mais anos de estudo, as mulheres ganham menos que seus colegas homens e raramente atingem posições de chefia destacada, situação que se agrava no caso da mulher negra. Embora tenha sido eleita uma presidenta da República, o gênero ainda é sub-representado em cargos legislativos e executivos. Existem inúmeras lutadoras no movimento sindical e nas organizações sociais em geral, mas raramente essas estão em posição de real poder e decisão. E ainda que as mulheres contribuam para o sustento da família, é sobre elas que recai o peso das tarefas domésticas, tendo que assumir a dupla ou tripla jornada.
É preciso mudar essa realidade, o que nos faz afirmar a necessidade e a urgência de uma política de gênero feminista, conceito que implica defesa da igualdade com respeito a todas as diferenças. Com esse norte orientador, a CNTU, em conjunto com as federações e sindicatos filiados, busca meios de contribuir para as transformações necessárias.
Dessa forma, o 1º Encontro da Profissional Universitária afirma seu compromisso com a defesa de medidas e iniciativas concretas que visem garantir à mulher iguais oportunidades e reconhecimento no trabalho e na profissão, participação qualificada na política e no sindicalismo e acesso a atendimento integral à saúde, em todas as faixas etárias, assegurando-se seus direitos sexuais e reprodutivos.
Esse conjunto de avanços pelo qual lutamos implica políticas públicas efetivas que liberem as mulheres da múltipla jornada de trabalho e visem a conscientização da sociedade quanto ao papel feminino, ainda hoje associado à responsabilidade pelos cuidados com a família e as tarefas domésticas.
É especialmente necessário combater a violência de todo tipo – física, sexual e psicológica –, que vitima mulheres diariamente no Brasil, sendo o dado mais assustador os 50 mil feminicídios cometidos em apenas uma década. Para além da agressão física consumada, há que se combater também a mentalidade que nega à mulher sua liberdade e transige com o assédio moral e sexual, lamentavelmente frequente em nossa sociedade.
As mulheres querem participar da vida familiar, social, econômica, política, cultural, sem discriminação, preconceitos ou intolerância. Ou seja, reivindicam sua cidadania plena, ocupando os espaços de poder e decisão. A CNTU defende esse direito e se compromete a lutar por ele.
São Paulo, 15 de abril de 2014.
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