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20/02/18

Entre um biscoito e outro

João Guilherme Vargas Netto*

Neste artigo, o consultor sindical da CNTU avalia a importância de recente conquista de trabalhadores alemães. Depois de greve, eles conseguiram a redução da jornada de trabalho em condições especiais.

É preciso saudar enfaticamente a vitória dos metalúrgicos alemães do estado de Baden-Wuerttemberg, organizados pelo poderoso sindicato IG Metall, que após uma semana de greves conseguiram uma forte redução da jornada de trabalho, de 35 para 28 horas semanais e um aumento de salário de 4,3% (o acordo é válido por um ano para todos os trabalhadores e contém cláusulas a serem negociadas).

Esta vitória acontece depois de duas décadas em que o sindicalismo alemão sofreu a regionalização das negociações salarias com a BDI, a confederação dos patrões.

A regionalização desorganizou as negociações nacionais (vigentes desde sempre) e introduziu a flexibilização dos acordos, o que foi lesivo para os trabalhadores até mesmo quanto à redução efetiva das jornadas.

Agora, com o novo acordo regional em um dos estados mais importantes da Alemanha, espera-se uma onda que se propague em todos os outros estados federados e até mesmo em toda a União Europeia, abrindo um ciclo novo de redução das jornadas com ganhos salariais.

Se isto acontecer a tabela mundial hierarquizada de 68 países em que se relaciona a duração média das jornadas anuais trabalhadas com a produtividade feita pela FGV e publicada pelo O Globo em 15 de fevereiro (matéria assinada por Daiane Costa), deve sofrer mudanças, principalmente no topo.

Na tabela constata-se uma forte correlação entre jornadas menores e maiores produtividades o que, mesmo levando-se em conta eventuais críticas ao método aplicado, confirma a tese dos sindicatos de que a redução da jornada sem redução dos salários aumenta a produtividade.

Mesmo sabendo que o conceito de produtividade (e sua medida) é objeto de discórdia entre os economistas e um pântano teórico impõe-se aqui o dilema Tostines: jornadas menores garantem produtividades maiores ou produtividades maiores permitem jornadas menores?

Entre um biscoito e outro fica a lição: na aspiração produtivista brasileira de aumento da produtividade o movimento sindical deve lutar pela redução constitucional da jornada, um passo seguro confirmado pela experiência dos trabalhadores e das economias mais desenvolvidas. 



* Consultor sindical

 

 

 

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