A condição feminina no cinema e na literatura
Marta RezendeUma seleção, entre as tantas possíveis, de filmes e livros para homenager as mulheres e ajudar a pensar sobre a questão de gênero e a luta por igualdade e emancipação.
Para comemorar o Dia Internacional da Mulher e animar a luta por valorização feminina e igualdade de gêneros, entre outras iniciativas, o Departamento Trabalhadoras Universitárias da CNTU organizou indicações de dez filmes e livros para que companheiras e companheiros interessados possam aprimorar seus conhecimentos e apurar a sensibilidade sobre a realidade feminina.
As obras abordam o tema sob várias dimensões, incluindo relações amorosas e familiares, inserção política e social.
A seleção a seguir, uma das inúmeras possíveis, seguiu alguns critérios. Os filmes são dirigidos e/ou produzidos por brasileiras ou brasileiros; estão disponível na internet; apresentam múltiplos pontos de vista; e abordam questões contemporâneas. As obras literárias são de autoras brasileiras sobre mulheres brasileiras, além de ensaios políticos sobre o movimento feminista.
Ótimos divertimento e aprendizado!
FILMES
1 – Que horas ela volta?
Filme brasileiro de 2015, do gênero drama, escrito e dirigido por Anna Muylaert. Trata dos conflitos que acontecem entre uma empregada doméstica do Brasil e seus patrões de classe média, criticando as desigualdades da sociedade brasileira.
Disponível em:
Mais informações:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Que_Horas_Ela_Volta%3F
2 – Amor maldito
Filme brasileiro de 1984, dirigido por Adélia Sampaio (a primeira mulher negra a dirigir longa-metragem no Brasil) e com roteiro do escritor José Louzeiro . Aborda a relação amorosa entre duas mulheres e, quando uma delas se suicida, a outra é considerada culpada e levada aos tribunais que a julgam segundo valores machistas.
Disponível em:
Mais informações:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Amor_Maldito
3 – Desmundo
Filme brasileiro de 2003, dirigido por Alan Fresnot, com roteiro adaptado do romance Desmundo de Ana Miranda. Ambientado em 1570, trata da vinda de uma orfã portuguesa para o Brasil Colônia para casamento forçado, conforme política da Corte portuguesa para povoar o Brasil. Falado em português arcaico, conta com legendas em português atual.
Disponível em:
Mais informações:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desmundo
4 – Era o hotel Cambridge
Filme brasileiro de 2016, dirigido por Eliane Caffé, sobre os movimentos de moradia em São Paulo com a presença dos refugiados, com destaque para a liderança feminina. Mistura atores profissionais e amadores e contou com a participação de estudantes e profissionais de arquitetura na produção cenográfica, mostrando uma ocupação habitacional por dentro. O filme vem sendo projetado em salas de cinema em todo o Brasil e em espaços culturais diversos, como escolas, universidades, cineclubes, cinematecas.
Disponível para assinantes das operadoras de TV a cabo em:
https://www.telecineplay.com.br/filme/Era_O_Hotel_Cambridge_6893
Mais informações:
http://piaui.folha.uol.com.br/era-o-hotel-cambridge-um-filme-extraordinario/
5 – Divinas divas
Documentário dirigido por Leandra Leal, sobre a trajetória da primeira geração de artistas travestis no Brasil, como a famosa Rogéria, falecida recentemente. Disponível em:
https://assistirfilmes.one/5777-divinas-divas-2012.html
Mais informações:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Divinas_Divas
6 – Como nossos pais
De 2017, longa-metragem dirigido por Lais Bodanski, aborda a complexa relação familiar em família de classe média alta progressista, mas marcada por casamento em crise e conflitos. Mulher esclarecida e exigente defende com determinação seus pontos de vista, mas sofre com sentimento de culpa pelas suas ambiguidades e fracassos.
Disponível em:
http://megafilmes.org/como-nossos-pais/
Mais informações:
http://cinemaemcena.cartacapital.com.br/coluna/ler/2341/como-nossos-pais-entrevista-com-la%C3%ADs-bodanzky
7 – Silêncio das inocentes
Documentário de 2010 dirigido por Ique Gazzola, sobre histórias de mulheres vítimas de violência doméstica, tem como principal relato o da farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que foi brutalmente espancada pelo marido por seis anos e ficou paraplégica após ser baleada. O caso teve repercussão internacional e resultou na criação da Lei nº11.340/2006, batizada como Lei Maria da Penha. O filme agrega depoimentos de especialistas em Direito, que dão um aparate teórico esclarecedor sobre a funcionalidade da legislação e suas aplicações. Destaca ainda a cultura machista e o medo que as vítimas têm de denunciar seus agressores.
Disponível em:
Mais informações:
http://agenciapatriciagalvao.org.br/wp-content/uploads/2013/12/sesctvdez2013-documentariopararomperosilencio.pdf
8 – O aborto dos outros
Documentário lançado em 2008, dirigido por Carla Gallo sobre situações em que mulheres optam por realizar aborto, seja por via legal ou ilegal, e sobre as consequências do ato. Polêmico, o documentário contou com mais três anos de pesquisa e cinco meses de gravação.
Disponível em:
Mais informações:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG83020-9554-517,00-O+ABORTO+DOS+OUTROS.html
9 – Zuzu Angel
Filme de 2006, dirigido por Sergio Rezende, conta a história da famosa estilista Zuzu Angel, que travou gigantesca batalha para desvendar o desaparecimento de seu filho, Stuart Jones, torturado e assassinado na ditadura militar.
Disponível em:
Mais informações:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Zuzu_Angel_(filme)
10 –Mulheres e o mundo do trabalho
Documentário de 2008 dirigido por Marcia Shoo.. Apesar dos números estatísticos terem mudado com o crescimento da população e outras mudanças, o tema continua atual: a desigualdade entre homens e mulheres no mundo do trabalho, com maior parte das mulheres inseridas na pobreza e em trabalhos mais precários, informais e dupla jornada de trabalho devido às responsabilidades nos cuidados com o lar e a família.
Disponível em:
Mais informações:
http://www.pacs.org.br/2013/01/24/mulheres-e-o-mundo-do-trabalho/
LIVROS
1 – Adélia Prado: Poesia reunida
Adélia Prado, uma das mais renomadas autoras brasileiras, sabe como ninguém retratar a alma e os sentimentos femininos em seus poemas, contos e romances. Neste único volume, em edição de luxo em capa dura, repleto de seu imaginário acolhedor, encontram-se todos os poemas de Bagagem, O coração disparado, Terra de Santa Cruz, O pelicano, A faca no peito, Oráculos de maio, A duração do dia, Miserere. Conta ainda com textos de Carlos Drummond de Andrade e Affonso Romano de Sant’Anna e posfácio de Augusto Massi.
Editora Record, 544 páginas
2 – Xica da Silva: A Cinderela negra
Com narrativa colorida e vibrante, a escritora Ana Miranda revela as facetas e interpretações por trás da figura de Xica da Silva: da sedutora, capaz de dominar os homens com astúcia e sensualidade, à concubina amorosa, fiel ao marido e dedicada aos filhos, passando pelo papel de mecenas do Tijuco, de dona de cem escravos e administradora da maior riqueza de seu tempo. Uma mulher vitoriosa, revolucionária mesmo para os dias de hoje, irreverente e mandona, que superou com majestade a sua condição de escravizada, criando a lenda de uma Cinderela Negra.
Editora Record, 520 páginas
3 – Quarenta dias
Romance da escritora, professora e freira Maria Valéria Rezende. Narra a aventura de Alice, uma mulher de cerca de 60 anos, viúva de um desaparecido político e professora de línguas que se viu obrigada a abrir mão da sua vida organizada em João Pessoa para apoiar a filha, que mora no Sul. Ao chegar a Porto Alegre, surta e sai caminhando pela cidade que não conhece, dormindo em rodoviária, hospital e ao relento, acostumando-se com a mendicância. Sua autopenitencia dura 40 dias. E a ressurreição se dá por meio do diário que escreve na tentativa de entender como foi capaz de fazer algo tão radical.
Editora Companhia das Letras, 248 páginas
4 – Insubmissas lágrimas de mulheres
Livro de contos da escritora afro-mineira Conceição Evaristo que retratam a solidariedade e afeição entre as mulheres.
Editora Malê, 160 páginas
5 – Metade cara, metade máscara
A pernambucana Eliane Potiguara, descendente de índios potiguaras, desenvolve escrita híbrida, ficcional e informativa sobre a cultura dos seus antepassados e do drama de ameaça à extinção indígena no Brasil. Conta histórias ouvidas da sua avó na infância, afirmando valores ancestrais, de cultivo da vida espiritual e do papel fundamental da mulher indígena.
Editora Global, 144 páginas
6 – Antes que seque
Livros de contos e crônicas de Marta Barcellos abordando frustrações de 12 personagens femininas que não conseguem alcançar os valores idealizados e superficiais da gravidez e maternidade propagados pela cultura.
Editora Record, 192 páginas
7 – Amora
Os contos delicados desse livro da gaúcha Natália Borges Polesso tratam das angústias, alegrias e outros sentimentos profundos de personagens que vivenciam relacionamentos amorosos e sexuais entre mulheres, enfrentando tabus e preconceitos sociais.
Editora Não Editora, 256 páginas
8 – Clarice,
Lançado em 2009 no Brasil, ganhou em 2017 2ª. edição ampliada. Do historiador e escritor norte-americano Benjamin Moser é uma biografia de Clarice Lispector, uma das mais notáveis expoentes da literatura brasileira no século XX. O livro faz a síntese da vida e obra dessa fabulosa escritora nascida na Rússia que mudou-se para o Brasil na infância e destacou-se como romancista, novelista, contista, cronista e autora de histórias infantis. Esse livro fartamente premiado internacionalmente projetou, merecidamente, a rica obra de Clarice no exterior e reforçou a sua difusão no Brasil.
Editora Companhia das Letras, 576 páginas
9– A mulher escrita
As autoras Lucia Castello Branco e Ruth Silviano Brandão Investigam com olhar feminista a representação da mulher na literatura desde a antiguidade até a modernidade, por meio de análise psicanalítica e da crítica literária.
Editora Lamparina, 224 páginas
10 – Feminismo e política: uma introdução
Flávia Biroli e Luis Felipe Miguel discutem nesse livro as principais contribuições da teoria política feminista produzida a partir dos anos 1980 e apresentam os termos em que os debates se colocam dentro do próprio feminismo, mapeando as posições de diferentes autoras e correntes.
Editora Boitempo, 164 páginas
Marta Rezende é consultora da CNTU
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