Opinião – A confusão e como espancá-la
A confusão é geral, e a perplexidade infesta, com razão, todos os quadrantes da vida nacional. Há três raízes desse emaranhado de galhos dispersos e espinhosos.
A primeira é a própria situação social em que convivem conosco 30 milhões de brasileiros e de brasileiras desempregados, desalentados ou subutilizados como força produtiva. Dessa situação dramática surgem o desalento, a criminalidade, a desigualdade agravada e as soluções desesperadas. A confusão nefasta faz surgir o ilusório desejo de ordem que, ao invés de amainá-la, a agrava.
A segunda raiz da confusão é a econômica, com o travamento das atividades produtivas e o império da especulação. A base econômica está de tal forma desarranjada que ao se tentar resolver um problema,
criam-se dois outros, para alegria dos rentistas vendedores de dificuldades.
Mas a maior raiz da confusão é a política, principalmente neste ano eleitoral. Estamos praticamente sem governo legítimo e efetivo com os serviços públicos (educação, saúde, segurança e muito mais) sucateados e ineficientes. Cada qual pretende impor, neste apagar de luzes da Presidência, seus interesses egoístas e desarrazoados (fretes e planos de saúde sirvam de exemplos).
O chamado centro político é também um fator de confusão, com uma dezena de porta-vozes e de pré-candidatos e nenhuma ideia agregadora. Mesmo o campo da esquerda encontra-se confuso e provisoriamente paralisado, com a interdição e prisão do ex-presidente Lula.
Para o movimento sindical dos trabalhadores, agredido e pressionado, o antídoto à confusão vem a ser a agenda prioritária da classe trabalhadora, com sua tríplice âncora de unidade, resistência e emprego.
A agenda deve ser viralizada, estudada, compreendida, simplificada, a ponto de se tornar uma arma coletiva (como acontecerá no dia 10 de agosto) e individual (em cada entrega a autoridades e candidatos) que espanque a confusão e determine um rumo democrático e progressista na grande luta eleitoral de 2018, com candidatos simpáticos a ela e que a implementem ao assumir os mandatos conquistados.
*João Guilherme Vargas Netto é consultor sindical
Artigo – Viralizar a agenda
Com a ajuda do Dieese, as centrais sindicais brasileiras aprovaram a agenda prioritária da classe trabalhadora para os embates eleitorais com democracia, soberania e desenvolvimento: justiça social, trabalho e emprego.
Em seus 22 pontos a agenda sintetiza a plataforma político-sindical que orienta as ações sindicais durante o processo eleitoral deste ano, sensibiliza os candidatos a todos os cargos em disputa e garante o apoio da militância àqueles que se mostrarem (com atos e palavras) favoráveis a ela.
A primeira e mais importante afirmação do documento unitário é o compromisso pela criação de empregos em um processo de retomada do desenvolvimento econômico. O Brasil não pode mais suportar os 30 milhões de brasileiros desempregados, desalentados e mal utilizados na vida produtiva da sociedade.
As centrais sindicais CSB, CTB, CUT, FS, Intersindical, NCST e UGT que assinaram a agenda demonstram um aspecto importante da democracia brasileira que é a relevância na vida política nacional dos sindicatos e d@s trabalhador@s.
Cada dirigent@ sindical e cada ativist@ – dos sindicatos, das federações, das confederações – deve se transformar em soldad@ da boa causa, tendo a agenda como arma e regimento.
Mas para tanto é preciso que a comunicação sindical em todos os seus veículos viralize o texto da agenda, tornando-o acessível a todos de maneira facilitada. Somente desta forma cada qual, imbuído do espírito de missão, pode se apropriar da agenda e “fazer política” desde já, sem partidarização e discriminação.
A agenda deve chegar a todos os aliados, candidatos a presidente, a governadores, a senadores (dois por estado), a deputados federais e a deputados estaduais. É a âncora tríplice de nossa participação cidadã com suas três pegadas: unidade, resistência e emprego.
*Vargas Netto é consultor sindical.
Aplicar o bom senso à definição do preço dos combustíveis
Como os preços dos combustíveis devem ser estabelecidos? Variando com os internacionais, ou baseado nos custos de produção no País? Esta é a pergunta que os candidatos à Presidência da República terão que responder, antecipada pela greve dos caminhoneiros.
Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
Energias renováveis chamam sustentabilidade nas revoluções industriais
O desenvolvimento do mundo tem na energia o seu insumo indispensável e recorrente desde o início da Primeira Revolução Industrial que ocorreu no século XVIII quando o carvão mineral passou a ser a fonte dominante de energia que possibilitou à humanidade gerar transformações notáveis e fundamentais. Desde então as energias fósseis se transformaram em vetores centrais na industrialização.
Com a invenção do trem a vapor, a construção de estradas de ferro, a produção de outros motores movidos a vapor que permitiram aos navios não ser dependente do vento para se tornarem mais rápidos, a Primeira Revolução Industrial deu ao mundo uma maior rapidez para atender às demandas crescentes dos mercados. A energia a vapor passava a ser utilizada em grande escala substituindo em muito a força das mãos dos homens.
As transformações industriais não param e por volta da segunda metade do século XIX surge a Segunda Revolução Industrial a qual foi marcada pela descoberta da energia elétrica e do uso do petróleo como energia. Um elevado desenvolvimento industrial é verificado quando são introduzidas a metalúrgica, a siderúrgica e a química como novas ascendentes que trouxeram a produção em massa e em série exigindo mais e mais consumo de energia.
O petróleo passou a competir com o carvão e a energia elétrica se impôs como fonte de energia indispensável, operando motores, acionando linhas de produção, iluminando as cidades. Cada vez mais a energia de trabalho do homem é substituída pelas máquinas que mais e mais consomem as energias fósseis. O preço da industrialização começou a ser sentido na grande utilização de energias que não se renovavam.
A partir de meados do século XX um novo ciclo se iniciava com a Terceira Revolução Industrial conhecida, também, como Revolução Técnico-Científica-Informacional a qual teve como principal marco o uso da Eletrônica e da Informática para desenvolver a Indústria.
Após a Segunda Guerra Mundial o mundo se transformou rapidamente mediante evoluções tecnológicas geradas, principalmente, pela junção entre o conhecimento científico e a produção industrial quando o conhecimento produzido era canalizado para o desenvolvimento industrial.
Na Terceira Revolução Industrial o modelo capitalista se consolida, a globalização é iniciada, grandes investimentos em novas tecnologias são realizados, a dinamização da produtividade é uma realidade e se intensifica a produção de novos produtos cada vez com maior qualidade, estabelecendo mercados cada vez mais competitivos.
Para atender a enorme produção em informática novas fontes de energia foram sendo exigidas e muitas se fizeram necessárias criar ou descobrir para atender as demandas da Indústria sempre em crescente ampliação e que chamaram a Inovação como novo agente transformador da realidade. A microeletrônica, a computadorização, a biotecnologia, a química fina, a informática avançada, a geração de robôs cada vez mais complexos em substituição do trabalho humano, permitiram a enorme flexibilização da produção possibilitando o aumento da eficiência da Indústria e com isto muito mais utilização de energia era exigida.
Vivemos atualmente uma Quarta Revolução Industrial (ou Indústria 4.0) que teve seu início há poucos anos quando se objetivou dar um salto de Inovação que promovesse mudanças tecnológicas para se alcançar grau disruptivo de digitalização da produção industrial nunca antes atingido a qual tem se desenvolvido na convergência de tecnologias digitais, físicas, biológicas e inteligência artificial.
A Indústria 4.0 sinaliza a era da produção descentralizada na qual a utilização das tecnologias de interconectividade e a intensa análise de dados tem possibilitado a fusão dos mundos reais e virtuais na produção. É o mundo cyber-físico que conecta todas as etapas da cadeia produtiva dando origem às fábricas inteligentes nas quais a partir de uma cópia virtual do mundo físico são tomadas decisões operacionais a distância que se comunicam e cooperam entre si e com os humanos em tempo real. Inevitavelmente, então, muito mais energia se faz necessária para o correspondente desenvolvimento do mundo.
Com o evoluir das Revoluções Industriais percebeu-se, também, o quão rápido passou a ser o consumo das fontes de energia de natureza fóssil e seu esgotamento, como aumentou o consumo de combustíveis no mundo e a poluição decorrente, como a natureza começou a ser exigida mais intensamente, e como a degradação do planeta ampliou afetando cada vez o meio ambiente e a vida das pessoas.
Em decorrência das inevitáveis relações entre Sustentabilidade e Energia a humanidade se viu obrigada a buscar alternativas fontes de energia que fossem mais abundante, renováveis e menos poluentes. Surge, então, a necessidade de se gerar Energia Limpa e completamente renovável.
Em geral, Fontes de Energia constituem as diferentes formas de recursos que direta ou indiretamente produzem energia para movimentar o mundo. As denominadas Fontes de Energia (ou Recursos Energéticos) podem ser classificadas em dois grandes grupos: Energias Renováveis e Não Renováveis.
Os combustíveis fósseis, como petróleo, carvão mineral, xisto, gás natural, bem como aqueles usados como matéria-prima para produzir a energia nuclear, urânio e tório, são exemplos de Fontes de Energia Não Renováveis. As Fontes de Energia Não Renováveis são aquelas cujas reservas são limitadas e uma vez esgotadas não podem ser regeneradas. Tais formas de Energia são, também, consideradas Energias Poluentes uma vez que sua utilização causa, invariavelmente, danos para a natureza.
Já as Energias Renováveis como Solar (obtida da energia do sol), Eólica (obtida pela força dos ventos), Geotérmica (provém do calor do interior da terra), Biomassa (obtida de matérias orgânicas), e Energia dos Oceanos (obtida pela força das ondas), são consideradas Energias Renováveis (ou Energias Limpas) uma vez que são aquelas que se regeneram espontaneamente ou são produzidas mediante a intervenção humana.
Cabe observar, entretanto, que o conceito de Energia Renovável depende muito da relação temporal entre o utilizado e os padrões de utilização dos recursos. Assim sendo, os combustíveis fósseis são notadamente não renováveis uma vez que a taxa de utilização é muito superior à taxa de formação do correspondente recurso na natureza.
Atualmente embora a Energia Eólica, Solar e Biomassa sejam tomadas como as três fontes emergentes de Energia Renovável, com algum destaque para a Energia Eólica dada a sua maior independência temporal, a Inovação em associação com a Sustentabilidade tem solicitado a constante criação de novas formas de Energias Limpas. Todavia, um Mundo Sustentável exigirá o uso exclusivo de Energias Renováveis ou Energias Limpas.
Carlos Magno Corrêa Dias é professor, pesquisador e extensionista na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), conselheiro do Conselho das Mil Cabeças da CNTU, conselheiro do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema FIEP e líder (coordenador) do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC) da UTFPR/CNPq.
Opinião - Solucionar problemas
Para não repetirmos as perplexidades que nos assolaram sobre as “jornadas de junho” de 2013 devemos analisar a paralisação dos caminhoneiros de uma maneira esclarecida e informada.