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03/03/16

Há muito caminho a percorrer...

Cristina Castro

Se aproxima mais um Dia Internacional da Mulher e, com ele, a brutal constatação de que muitas mulheres continuam enfrentando a violência e muitas seguem morrendo em decorrência dela.

Aqui vale uma reflexão: será que criamos nossos filhos, nossos meninos, para serem agressores? Ou nós mesmas achamos que os filhos são superiores às filhas e que, portanto, há coisas que ‘‘não são para meninos’’?

Até anos atrás, não era comum ver mulheres dirigindo e nem seria imaginado que uma mulher pudesse pilotar um avião, assim como alçar outros voos (esses, metafóricos) nas áreas econômica, política, administrativa e tantas outras. Tampouco era comum ver homens fazendo trabalhos ‘‘exclusivo de mulheres’’. Hoje já é corriqueiro encontrarmos diversos pais levando crianças para a creche, trocando fraldas, realizando tarefas domésticas. Isso os faz menos homens? Claro que não. É preciso discutir os papéis estabelecidos socialmente aos homens e às mulheres ao longo do tempo, na história, e romper com o grau de superioridade e posse que, lamentavelmente, muitos ainda carregam.

Algumas teorias buscam atribuir a violência masculina a fatores biológicos. Mas se não são todos os homens que agridem as mulheres, como a agressão poderia ser biológica? Precisamos repensar comportamentos que antigamente eram tidos como normais, como falar para um menino que homem não chora. E por que não chora? Porque é mais forte que a mulher? E sendo ela supostamente mais fraca, alguns deles se sentem no direito de bater e agredir? Por que, em casos de estupro ou abuso sexual, uma das primeiras perguntas feitas diz respeito à roupa que a mulher vestia? Será que, nos países onde se veste burca, estupro não existe? Ou o que muda é a pergunta, sempre com a transformação da vítima em responsável pela violência sofrida, ampliando a vergonha e o constrangimento que fazem tantas mulheres se calarem.

Nesse 8 de março, assim como nos futuros, continuaremos a pautar tais reflexões, até que as transformações aconteçam, fazendo do ser humano, independente de sexo, de fato humano. Que a desumana violência possa desaparecer, assim como a garantia de direitos e a igualdade de fato possam ser reais. Aí não precisaremos mais do Dia Internacional da Mulher, pois estaremos ocupadas demais na construção do mundo que merecemos, sem necessidade de dedicar tempo a enfrentar a violência e assegurar na prática o que a lei já registra no papel. Porque, nesse dia, a violência não mais existirá. Faço coro à mulher poetisa Cora Coralina: “Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que o cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça”.

Cristina Castro é professora, pedagoga, coordenadora da Secretaria de Comunicação Social da Contee- Confederação Nacional dos Trabalhadores em estabelecimentos de Ensino. 

 

 

 

 

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