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15/08/19

Artigo - O futuro chama associações entre os ODS e a Tríplice Hélice

Carlos Magno Corrêa Dias*

No artigo, sugere-se tomar os ODS como indutores nas relações entre setor produtivo, setor regulador e fomentador e o meio universitário.

Ilustração: MaringoniIlustração: Maringoni

Em setembro de 2000, durante a Cúpula do Milênio, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), surgiram os oito ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio), os quais pretendiam permitir aos homens gerar as condições para que a humanidade pudesse melhor interagir com o mundo e preservá-lo em todos os sentidos para não comprometer a vida das gerações futuras.

Embora inúmeros tenham sido os esforços mundiais para atingir os ODM aqueles não foram alcançados em sua plenitude e além dos problemas que se pretendiam solucionar com os ODM muitas outras dificuldades surgiram e começaram a comprometer mais ainda a sustentabilidade do mundo.

Inegavelmente, entretanto, os trabalhos desenvolvidos para se atingir os ODM em muito contribuíram para tornar o mundo um lugar mais sustentável. A partir dos ODM surgiu uma maior conscientização sobre a necessidade de todos contribuírem para a melhoria de vida das pessoas e para a própria conservação do planeta. A sustentabilidade passou a ser vista com mais intensidade objetivando-se deixar para o futuro um mundo pelo menos em iguais condições daquela época. Em 2015, data para o encerramento dos trabalhos sobre os ODM, um mundo melhor e mais resiliente se apresentava quando comparado como o mundo de 2000.

Contudo, em 2015 a fome continuava a matar milhões de pessoas, doenças das mais simples às mais complexas dizimavam enormes contingentes de seres humanos, crianças eram exploradas de todas as formas em todos os lugares, em inúmeras regiões da Terra as populações sequer sabiam que existia o termo sustentabilidade, os mares eram inundados por absurdas quantidades de resíduos sólidos (principalmente, por plásticos), a violência e os crimes se avolumam, a corrupção continuava destruindo sociedades, a educação era falha ou não possível para milhões de jovens, e, de forma geral, o homem seguia sobrepujando o próprio homem numa escalada insana.

Preocupados com as previsões para um futuro pós 2015 e sem cumprir integralmente os ODM os cidadãos do mundo resolveram assumir um desafio ainda maior que o proposto pelos ODM e se comprometeram com um novo compromisso mundial. Surgia a Agenda 2030 da ONU a qual obrigou a ampliação dos ODM para os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).

Os ODS são constituídos de 17 (dezessete) objetivos associados a 169 (cento e sessenta e nove) metas sobre questões de desenvolvimento sustentável. Os ODS formam um Plano Internacional de Ação para as Pessoas, o Planeta, a Prosperidade, a Paz e para a Parceria, os chamados 5 Ps do Desenvolvimento Sustentável.

Objetivando a promoção de Ações Globais para os próximos 15 anos, a partir de 2015, em áreas de importância crucial para a Humanidade e para o Planeta os ODS pretendem alcançar aquilo que os ODM não conseguiram atingir promovendo o equilíbrio entre as três dimensões do Desenvolvimento Sustentável: a Econômica, a Social e a Ambiental.

A despeito das iniciativas como os ODM e os ODS diversos outros projetos foram sendo desenvolvidos em paralelo pretendo também, a solução dos problemas que tornam a vida das pessoas menos sustentáveis.

Como uma destas possibilidades de solução tem-se a considerar o modelo da Tríplice Hélice surgido em meados de 1990 e que propunha resolver problemas das Sociedades por meio de uma relação compromissada entre Governo-Universidade-Indústria, um modelo inovador até hoje em uso E DE SUCESSO nas grandes Nações.

A ideia do Modelo de Inovação da Tríplice Hélice está centrada na definição de um Projeto de Estado para gerar Conhecimento Útil no qual as Nações buscam o desenvolvimento e o progresso unindo as forças da Universidade (onde existe o poder do Conhecimento), dos Meios de Produção e da Indústria (onde o poder da inovação e das tecnologias são determinantes) e do Estado ou Governo (onde prevalece o poder político e das leis) para manter a soberania das Nações e para conseguir a melhoria de vida de seus cidadãos.

Nas grandes Nações Soberanas a Tríplice Hélice, mesmo antes de ser reconhecida como modelo de desenvolvimento, já girou durante as Revoluções Industriais pelas quais o mundo civilizado passou.

Lá durante a Primeira Revolução Industrial (Indústria 1.0), ocorrida entre os séculos XV e meados do século XVIII, quando o trabalho artesanal foi substituído pelo trabalho assalariado e ocorreu o forte uso das máquinas, é a Tríplice Hélice que promove as correspondentes transformações. Na Indústria 1.0 (baseada em vapor, carvão e ferro) ocorria a transição do capitalismo comercial para o capitalismo industrial.

Na Indústria 2.0 (Segunda Revolução Industrial) que teve seu início a partir de 1860 com o emprego do aço, da energia elétrica e de produtos químicos a Tríplice Hélice ajudou a promover mudanças profundas na Sociedade sendo responsável, também, pela transformação do capitalismo industrial em capitalismo financeiro.

As transformações industriais não param e por volta de 1970 iniciava-se a Terceira Revolução Industrial (Indústria 3.0) com o desenvolvimento da Informática e da Robótica.

No desenvolver da Indústria 3.0 a Tríplice Hélice chamou mais fortemente a integração entre conhecimento científico e a produção industrial promovendo, também, a instrumentalização da Economia Financeira (Economia de Mercado). Na Indústria 3.0 (ou Revolução Técnico-Científica-Informacional) os avanços das Tecnologias e as Ciências foram integrados ao Sistema Produtivo.

Atualmente, as sociedades desenvolvidas estão se apropriando dos benefícios gerados pela Quarta Revolução Industrial (Indústria 4.0) a qual se desenvolve de forma intensificada e com grande velocidade englobando Tecnologias Disruptivas para automação e troca de dados, utilizando Sistemas Cyber-Físicos (SCF), Internet das Coisas, Computação em Nuvem, dentre outros desenvolvimentos inovadores.

Na Indústria 4.0, que se originou na Alemanha, em outubro de 2013, mais uma vez a Tríplice Hélice “gira” permitindo a união de forças da Academia, da Indústria e do Governo para a instituição de Projetos de Estado que pretendem a produção de conhecimento útil para o desenvolvimento das Nações e para a melhoria de vida das pessoas conforme já se evidenciou naquelas Nações Soberanas que a implantaram e a estão desenvolvem plenamente.  

Mas, embora o Modelo da Tríplice Hélice sempre estivesse presente no desenvolvimento das grandes Nações, provocando profundas transformações, em poucas vezes manteve, de outro lado, relações de aproximação com os ODM ou com outros programas semelhantes aos dos ODM no passado próximo uma vez que aqueles projetos eram mais regionais ou pontuais e não chamavam, necessariamente, associações entre Governos, Universidades e Indústrias para a resolução de problemas globais.

Como os ODS priorizam as relações com todos em todos os lugares do mundo de forma que “ninguém fique para trás” (lema dos ODS) percebe-se que o cumprimento dos mesmos poderá ser em muito favorecido se Projetos de Estado forem definidos de forma que a união de forças seja estabelecida entre distintos atores das sociedades.

Assim sendo, a associação do Modelo da Tríplice Hélice da Inovação com a Agenda 2030 da ONU se mostra oportuna para mais adequadamente equacionar e solucionar os muitos problemas relacionados com os ODS. Além do mais, se houver sustentabilidade entre as decisões da Academia, Governo e Meio de Produção para a solução de problemas comuns da sociedade certamente os ODS serão mais eficientemente atingidos e mais e mais pessoas serão beneficiados.

Sugere-se, então, tomar os ODS como indutor nas relações simbióticas entre o Setor Produtivo de Bens e Serviços (Meio Empresarial e Industrial), o Setor Regulador e Fomentador da Atividade Econômica (Governo) e o Meio Universitário (produtor do Saber Científico) visando a criação de Projetos de Estado que promovam a geração de conhecimento útil para o desenvolvimento pleno das Nações e para a melhoria de vida das pessoas; ou seja, propõe-se pensar a aplicação do Modelo da Tríplice Hélice para se alcançar com sucesso os ODS, atingir sustentabilidade e construir um mundo melhor para as futuras gerações.


* é Conselheiro Efetivo da CNTU, Conselheiro Sênior do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Fiep, Líder/Fundador do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI), Líder/Fundador do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC) do CNPq, Coordenador do Núcleo de Instituições de Ensino Superior do CPCE do Sistema Fiep, Personalidade Empreendedora do Estado do  Paraná.


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