Manaus discute medicina, ética e judicialização

Dois eventos simultânelos e integrados levaram médicos, juristas, autoridades e sindicalistas a Manaus para debater a atual conjuntura da medicina e seus desafios para atender as necessidades da população dentro das realidades regionais e territoriais, em uma situação de crise política e econômica e nos limites da lei e da ética: o II Congresso Internacional de Saúde do Interior e Fronteiras e I Fórum Médico Jurídico da Amazônia, promovido pelo Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simean).
“A saúde é uma coisa só. E todos devem se esforçar para que o maior interessado, que é o paciente, seja beneficiado. Os embates as vezes são necessários, mas o diálogo deve prevalecer”, enfatizou o vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), e presidente do sindicato, Mário Vianna, ao abrir o encontro na última quarta-feira (28). Ou, como disse o secretário de Comunicação da Fenam, Jorge Darze: “nós estamos exercendo nossa profissão no fio da navalha. De um lado as regras, do outro a realidade em que esse exercício acontece”. Daze foi enfático ao defender a carreira médica durante mesa em que foi moderador. Para ele, a crise que envolve o governo federal não coloca em jogo apenas as lutas profissionais, mas o estado de direito.
Nos debates sobre juidicialização da medicina, foram abordadas situações limite em que os médicos se encontram e que, às vezes, não podem atender as necessidades do paciente por limitações de recursos locais ou da própria ciência, como no caso relatado pelo jurista do Amazonas, sobre um médico processado por não fazer um reimplante impossível. Também foram dadas orientações aos médicos em situações envolvendo crimes, como a pedofilia, sintomas de abuso sexual ou violência contra a mulher. A delegada da Mulher, Andrea do Nascimento Pereira, fez resumo dos casos que enfrenta diariamente na defesa da mulher e criticou de maneira veemente a “brincadeira” que alguns fazem ao dizer que algumas mulheres gostam de apanhar e questionou “por que o homem não briga com seu colega de bar? Só briga com a mulher?”.
Mário Vianna, idealizador do Congresso, celebrou o sucesso do encontro, que contou em média, em cada uma das mesas com 300 pessoas no auditório. Mário afirmou que a expectativa é que essas pessoas que participaram e que assistiram sirvam como multiplicadores do conhecimento, e levem a experiência para sua vida.
Redação CNTU, com Andre Gobo, da Fenam
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