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20/10/16

Da produção de alimentos aos impactos dos agrotóxicos

Seminário “Cartografias da agricultura brasileira” abordou a fragilidade da saúde dos agricultuores, expostos a uma infinidade de herbicidas e as regiões mais contaminadas do País.

A programação da tarde de “Cartografias da agricultura brasileira”, na última terça-feira (17/10), foi dedicada a dois temas: impactos dos agrotóxicos sobre a saúde dos trabalhadores agrícolas e territórios e produção de alimentos. Promovido pela CNTU e realizado pelo Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo (Sinesp), ocorreu no auditório dessa entidade, na capital paulista.

Chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, Evaristo Eduardo de Miranda apresentou um panorama sobre os territórios agrícolas e a produção de alimentos no Brasil, destacando a evolução tecnológica como um ganho fundamental tanto em relação ao uso e ocupação ao plantio quanto à contenção do uso abusivo de agrotóxicos. Segundo ele, o País tem 35,7% de áreas legalmente atribuídas – considerando-se as destinadas a terras indígenas, quilombolas, assentamentos para reforma agrária, unidades de conservação. Na sua ótica, isso reduziu drasticamente os territórios agrícolas – de 12% entre 1985 e 2006 –, não obstante a gigantesca produção nacional, que faz com que o País seja o maior exportador mundial de alimentos. Entre os dados que informou, em toneladas, são 207 milhões de grãos, 30 milhões de tubérculos, 19 milhões de citrus, 34 milhões de açúcar, 4 milhões de tomates.

A solução tem sido a inovação tecnológica, num “esforço de intensificação da agricultura”. Nessa linha, Miranda citou o plantio direto na palha, o que acaba com a necessidade de arar a terra, com impactos positivos sobre o ambiente e o solo. “Reduz emissão de CO2 em mais de 40%, assim como a erosão, ajuda na infiltração de água e reduz o uso de fungicida de até 80%, quadriplicando a produção.” Ele defendeu, como alternativa tecnológica também, o uso de organismos geneticamente modificados (OGMs), o que “propicia redução de defensivos e pesticidas em mais de 30 vezes em algumas culturas”. Possibilita o “controle biológico de pragas, com vespas, insetos, fungos. Nossas abelhinhas, desenvolvidas em estufa, não têm ferrão e não são agressivas na polinização como as abelhas africanas, por exemplo”. “A questão é ser um celeiro competitivo e sustentável do mundo. Nesse sentido, nutrição é crucial”, concluiu.

Tito Lívio Maule Filho, doutorando em geografia humana pela Universidade de São Paulo (USP), salientou que a fantástica produção apresentada por Miranda tem um custo social e humano bastante elevado. Na contramão do panorama traçado pelo chefe-geral da Embrapa Monitoramento por Satélite, ele revelou crescimento de vendas no mercado de agrotóxicos na última década. “Os números são alarmantes: em 2005, eram 70 milhões; em 2010, 190 milhões. Por tipo, o glifosato, também chamado mata-mata, foi campeão de vendas no Brasil em 2013.” A contradição está no que Maule classifica de “fábula tóxica”: “bane-se o termo agrotóxico e se utiliza fitossanitário, fitoagrícola, quando na verdade é veneno. Tem um projeto bastante celere no Congresso Nacional para alterar de vez a nomenclatura. É o que eu chamo de ciência engajada, à mercê do mercado. Enquanto os recursos para pesquisas públicas são cada vez menores, as pesquisas para servir aos grandes monopólios aumentam.” Maule apresentou as estatísticas sobre intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola, que demonstram uma média de oito pessoas por dia. Destacou, todavia, que há indícios que os números são subdimensionados, devido à ausência de notificação e investigação sobre os casos e circunstâncias de cada paciente que chega a um pronto-socorro.

Ernane Silveira Rosas, presidente da Federação Interestadual dos Nutricionistas (Febran) e do Sinesp, salientou: “O problema é muito grave. A pulverização de agrotóxicos tem dizimado centenas de milhares de abelhas. Com isso, vai se perder produção e no lugar, teremos um deserto. Temos que nos apropriar da questão para combater esse quadro.” No campo das diretrizes à ação, ao final, foi aprovada por unanimidade a “Carta Aberta da CNTU pela alimentação saudável – Por uma boa comida”.


Soraya Misleh
Comunicação CNTU

 

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