Mais C, T & I na Amazônia
Mais ciência, tecnologia e inovação na Amazônia
Nova economia amazônica com base na sociobiodiversidade, novos materiais e recursos energéticos, superando a economia predatória e excludente.
Sob a ótica de agregar tais conhecimentos aos saberes tradicionais da região, a CNTU desenvolve a partir deste ano a campanha "Mais ciência, tecnologia e inovação na Amazônia". O objetivo é colaborar para uma nova economia local, de alta capacidade criativa, utilizando-se da sociobiodiversidade, com ênfase em novos materiais e recursos energéticos. Essa deverá ser capaz de gerar progressivamente empreendimentos, trabalho de qualidade e produtos com alto valor agregado, voltados aos mercados interno e externo. Sem considerar a região, não há projeto de desenvolvimento brasileiro. Instituída em 1953, a Amazônia Legal corresponde a 61% do território nacional, compreendendo 5,2 milhões de km², com 23 milhões de habitantes, abrangendo os estados do Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e oeste do Maranhão. O bioma amazônico em si alcança 4,1 milhões de km² e abrange uma população de 13 milhões de pessoas. A região tem a maior bacia de água doce e a maior biodiversidade do planeta, contando com áreas de florestas tropicais equivalentes a 1/3 do total do globo, mais de 200 espécies distintas de árvores por hectare, 1.400 tipos de peixes, 1.300 espécies de pássaros e mais de 300 mamíferos diferentes. A floresta é a maior fonte natural no mundo para produtos farmacêuticos e bioquímicos, e certamente para muitos outros, como alimentos para o homem, forragem para os animais, materiais de construção, adubos verdes, biocombustíveis, matérias-primas industriais, fibras, plásticos etc.. O modelo baseado na extração predatória dos recursos florestais, seguida pela substituição da floresta por extensas áreas de pastagem ou agricultura, mostrou-se inapropriado para a região. A ocupação da Amazônia se fez em surtos devastadores ligados à valorização momentânea de produtos nos mercados nacional e internacional, seguidos de longos períodos de estagnação. Os custos ambientais desse processo, com seus quase 600 mil km2 de ecossistemas naturais modificados, superam em muito os limitados benefícios sociais gerados por tais atividades. A perda de biodiversidade é a principal consequência do desflorestamento em grande escala na Amazônia, ameaçando milhares de espécies da sua fauna e flora. Um novo modelo econômico passa por maior atenção do governo federal à região, refletida na aplicação de recursos e em novas formulações que, progressivamente, rompam com o conservadorismo em relação à Amazônia. Além da União, outros entes federativos também têm contribuição a dar. Quase todos os estados locais contam com fundações de amparo à pesquisa. Precisa haver crescente comprometimento de seus governos com as atividades de ciência, tecnologia e inovação. Tais iniciativas devem ser reforçadas e animadas, e os recursos e projetos não devem se ater à pesquisa e desenvolvimento em atividades tradicionais. É mister uma ampliação da consciência e ação corajosa dos poderes públicos e sociedades em prol do desenvolvimento dessa nova economia amazônica capaz de introduzir paradigmas diferenciados de produção para o mundo. A mudança não é simples, mas é fundamental refletir, por exemplo, sobre a transformação progressiva da Zona Franca de Manaus, conjugando projetos de desenvolvimento de eletroeletrônicos com mais valor agregado, em que recursos e conhecimentos locais sejam os principais insumos. Esse é o futuro da Amazônia a ser construído desde já. Mais doutores É urgente, todavia, dobrar o número de doutores na Amazônia na próxima década. Em 2007, encontravam-se 2.800, e as estimativas apontam para algo em torno de 3.200 atualmente. É preciso atrair e fixar especialistas na região, mas sobretudo garantir tal formação a quem vive e está comprometido com ela. Como as instituições locais não possuem condições de implementar as vagas necessárias para atingir essa meta, um dos instrumentos importantes é a cooperação com as melhores universidades brasileiras, sendo fundamental o aumento de bolsas de pós-graduação em geral e, em particular, para programas de doutorado interinstitucionais, como o mantido pela Capes. Quanto à criação de universidades e institutos de pesquisa e desenvolvimento na Amazônia, tarefa que exige mobilizar esforços dos governos federal e estaduais, o foco em novos materiais e energia é estratégico. Ambas as áreas são de grande potencial para atender as necessidades da civilização da biomassa. A Rede de Pesquisa e Desenvolvimento da Amazônia pensada, por sua vez, deve ser conectada por eficientes infraestruturas de informação e comunicação. Há projetos do gênero na região em diversas fases de maturidade e graus de funcionamento. Todos devem receber aportes e reforços para sua consolidação e se conectar entre si, ser abertos à interação com a comunidade e os setores produtivos da nova economia amazônica. Há, além disso, muito o que fazer para formar profissionais nos ensinos superior e técnico, criar forte cultura empreendedora e implantar novos negócios, bem como valorizar a cultura local, em várias áreas. Objetivos e metas da campanha Geral Parciais
Objetivo
De acordo com dados da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), os nove estados que compõem a região possuem 140 cursos de mestrado acadêmico, 39 de doutorado e seis de mestrado profissionalizante. Significa que 61% do território brasileiro, que contam com 10% da população e respondem por 8% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, reúnem menos de 5% dos cursos de pós-graduação existentes no País. Do total, 50% dos de doutorado concentram-se na UFPA (Universidade Federal do Pará). Apesar de insuficientes e aquém das metas traçadas pelas políticas públicas, vale ressalvar que esses números expressam significativas melhorias realizadas nos últimos anos.
- Nos próximos dez anos, construir as bases para implantar nova economia amazônica, intensiva em conhecimento científico e saberes populares com ênfase em recursos florestais e da biodiversidade (pesquisa e desenvolvimento de novos materiais); recursos energéticos (energia solar, agroenergia e energia de terceira geração).Cenário Atual
- Dobrar o número de doutores na região, na próxima década;
- nos próximos dez anos, criação ao menos de duas universidades e dois institutos de pesquisa e desenvolvimento de padrão internacional, focados em recursos florestais e biodiversidade (novos materiais) e recursos energéticos;
- criar a Rede de Pesquisa e Desenvolvimento da Amazônia, conectada por eficiente infraestrutura de internet, reunindo as redes já existentes e outras a serem instituídas, conectando universidades, institutos de pesquisa e empresas.Recomendações
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